Gases Combustíveis
Os
principais gases combustíveis comercializados no Brasil são os gases
liqüefeitos do petróleo e o gás natural. Existe ainda o gás manufaturado
reformado, com área de atuação restrita à cidade do Rio de Janeiro, e outros
gases combustíveis com aplicações específicas como o gás de refinaria, o gás de
coqueria, o gás de alto forno, o acetileno, o hidrogênio, o gás de decomposição
anaeróbica e os gases oriundos da gaseificação da madeira, do carvão vegetal e
do carvão mineral.
|
Composição
Os gases
liqüefeitos do petróleo são comercializados sob diversas denominações, de
acordo com suas composições:
1. GLP propriamente dito, distribuído
em larga escala, é composto por uma mistura de hidrocarbonetos parafínicos
(propano, n-butano e iso-butano) e olefínicos (propeno, n-buteno e iso-buteno),
nas mais variadas proporções. Pode ocorrer também a presença de traços de
etano, eteno, iso-pentano e butadieno-1,3.
2. Propano especial, de distribuição restrita,
composto basicamente por propano (mínimo 90 %), propeno (máximo 5 %), butanos e
butenos, também com a presença de traços dos hidrocarbonetos mais próximos,
como no GLP.
3. Propano comercial, cuja composição apresenta
preferencialmente propano e ou propeno.
4. Butano comercial, destinado a aplicações
especiais como em aerossóis e isqueiros a gás. Sua composição contém
predominantemente butanos e ou butenos, de forma que sua pressão de vapor não
ultrapasse 5 kgf/cm² a 37,8ºC.
5. Propileno (ou propeno) grau químico (95%) ou grau
polímero (99,8%) que, além de sua utilização como matéria prima, é também usado
em pequena escala como gás para oxi-corte e aplicações afins.
O gás
natural distribuído para consumo, após seu processamento nas UPGNs, é uma
mistura composta basicamente por metano (cerca de 90 %), etano (de 5 a 8 %),
propano e traços de hidrocarbonetos mais pesados. Além disso, apresenta gases
inertes como nitrogênio, gás carbônico e, às vezes, hélio. A composição do gás
natural também apresenta algumas variações, de acordo com a sua origem e o seu
processamento.
TABELA 1.
Composição Volumétrica dos Gases Naturais (%)
Componente
|
GN de Campos
|
GN de Santos
|
GN da Bolívia
|
Metano
|
89,35
|
88,321
|
91,800
|
Etano
|
8,03
|
6,064
|
5,580
|
Propano
|
0,78
|
3,073
|
0,970
|
Iso-Butano
|
0,04
|
0,443
|
0,030
|
N-Butano
|
0,03
|
0,704
|
0,020
|
Pentano
|
0,01
|
0,273
|
0,100
|
Hexano
e superiores
|
-
|
0,080
|
-
|
Dióxido
de carbono
|
0,48
|
0,157
|
0,800
|
Nitrogênio
|
1,28
|
0,683
|
1,420
|
Poder Calorífico
O poder
calorífico é a característica que mais desperta a atenção em um gás
combustível, podendo ser expresso tomando-se por base uma massa unitária (kg)
ou um volume unitário (m³). No caso da base ser volumétrica, é necessário referir-se
às condições de temperatura e de pressão: Nm³, normal metro cúbico, a 760 mm Hg
(1 atm abs) e 0ºC; Sm³ ou m³, metro cúbico standard, a 760 mm Hg e 15,6ºC
(existem também referências a temperaturas de 20ºC, 21,1ºC ou 25ºC). No Brasil
costuma-se exprimir o poder calorífico de um gás em kcal/Nm³, kcal/m³ ou
kcal/kg, muito embora o correto fosse usar unidades do sistema internacional
(kJ/Nm³).
O poder
calorífico superior (PCS) de um gás combustível é o calor total obtido da
queima de uma determinada quantidade unitária do gás com a correspondente
quantidade de ar estequiométrico, ambos a 15,6ºC (60ºF) antes da queima, calor
esse liberado até que os produtos da combustão sejam resfriados a 15,6ºC.
Assim, a água gerada pela queima do hidrogênio presente no combustível estará
no estado líquido.
O poder
calorífico inferior (PCI) de um gás combustível é obtido pelo seguinte cálculo:
poder calorífico superior menos o calor latente de vaporização da água formada
pela combustão do hidrogênio presente no combustível.
Portanto,
um gás combustível que não possua hidrogênio em sua composição, apresenta o
mesmo valor para o PCS e o PCI, como por exemplo o monóxido de carbono (ver Tabela
2).
TABELA 2.
Poderes Caloríficos dos Gases Combustíveis
GÁS
|
kcal/Nm³
|
kcal/kg
|
|
PCS
|
PCI
|
PCS
|
PCI
|
Hidrogênio
|
3050
|
2570
|
33889
|
28555
|
Metano
|
9530
|
8570
|
13284
|
11946
|
Etano
|
16700
|
15300
|
12400
|
11350
|
Eteno
ou etileno
|
15100
|
14200
|
12020
|
11270
|
Gás
natural de Campos
|
10060
|
9090
|
16206
|
14642
|
Gás
natural de Santos
|
10687
|
9672
|
15955
|
14440
|
Gás
natural da Bolívia
|
9958
|
8993
|
16494
|
14896
|
Propano
|
24200
|
22250
|
12030
|
11080
|
Propeno
ou propileno
|
22400
|
20900
|
11700
|
10940
|
n-Butano
|
31900
|
29400
|
11830
|
10930
|
iso-Butano
|
31700
|
29200
|
11810
|
10900
|
Buteno-1
|
29900
|
27900
|
11580
|
10830
|
iso-Pentano
(líquido)
|
-
|
-
|
11600
|
10730
|
GLP
(médio)
|
28000
|
25775
|
11920
|
10997
|
Acetileno
|
13980
|
13490
|
11932
|
11514
|
Monóxido
de carbono
|
3014
|
3014
|
2411
|
2411
|
Densidade
A
densidade de um gás combustível é uma característica importante sob o ponto de
vista da segurança, além de participar de muitos cálculos como dimensionamento
de tubulações, vazões e fatores de correção.
Os gases
com densidades superiores à do ar atmosférico, no caso de vazamento ou
drenagem, apresentam a tendência de se acumularem temporariamente em partes
baixas, como subsolos e rebaixos no piso ou nas edificações, infiltrando-se
ainda em aberturas como bocas de lobo, valetas, poços e galerias subterrâneas.
Já os
gases mais leves que o ar, ao serem liberados na atmosfera, tendem a subir e se
acumular temporariamente em partes elevadas como abóbadas e ou se infiltrarem
em aberturas superiores nas edificações.
O acúmulo
de gases combustíveis em ambientes confinados ou mal ventilados pode causar um
acidente desde que ocorra uma condição de ignição.
|
TABELA 3.
Densidades dos Gases Combustíveis
GÁS
|
Densidade Absoluta
|
Densidade Relativa
|
|
(kg/Nm³)
|
ao ar (adimensional)
|
Ar
|
1,29
|
1,00
|
Hidrogênio
|
0,09
|
0,07
|
Metano
|
0,72
|
0,56
|
Etano
|
1,35
|
1,05
|
Eteno
(ou etileno)
|
1,26
|
0,98
|
Gás
natural de Campos
|
0,79
|
0,61
|
Gás
natural de Santos
|
0,83
|
0,64
|
Gás
natural da Bolívia
|
0,78
|
0,60
|
Propano
|
2,01
|
1,56
|
Propeno
(ou propileno)
|
1,91
|
1,48
|
n-Butano
|
2,69
|
2,09
|
iso-Butano
|
2,68
|
2,08
|
Buteno-1
|
2,58
|
2,00
|
GLP
(médio)
|
2,35
|
1,82
|
Acetileno
|
1,17
|
0,91
|
Monóxido
de carbono
|
1,25
|
0,97
|
Número de Wobbe
O Número
de Wobbe, também chamado de Índice de Wobbe, representa o calor fornecido pela
queima de gases combustíveis através de um orifício submetido a pressões
constantes, a montante e a jusante desse orifício. A pressão do gás a montante
do orifício é aquela fornecida ao queimador e a pressão a jusante é a da câmara
de combustão, normalmente a pressão atmosférica ou valores próximos dela,
positivos ou negativos.
As
unidades dos Números de Wobbe são as mesmas unidades que expressam o poder
calorífico, já que a densidade relativa ao ar é adimensional. Porém, apesar de
possuírem as mesmas unidades, as conceituações físicas do Número de Wobbe e do
Poder Calorífico são diferentes.
TABELA 4.
Números de Wobbe dos Gases Combustíveis
GÁS
|
Nº de Wobbe Superior
|
Nº de Wobbe Inferior
|
|
(kcal/Nm³)
|
(kcal/Nm³)
|
Hidrogênio
|
11528
|
9714
|
Metano
|
12735
|
11452
|
Etano
|
16298
|
14931
|
Eteno
(ou etileno)
|
15253
|
14344
|
Gás
Natural de Campos
|
12837
|
11597
|
Gás
Natural de Santos
|
13307
|
12043
|
Gás
Natural da Bolívia
|
12834
|
11591
|
Propano
|
19376
|
17814
|
Propeno
(ou propileno)
|
18413
|
17180
|
n-Butano
|
22066
|
20336
|
iso-Butano
|
21980
|
20247
|
Buteno-1
|
21142
|
19728
|
GLP
(médio)
|
20755
|
19106
|
Acetileno
|
14655
|
14141
|
Monóxido
de carbono
|
3060
|
3060
|
O Número
de Wobbe tem diversas aplicações como cálculo de injetores de gases
combustíveis para queimadores e cálculo de misturas de ar propanado para
substituição de gás natural.
Temperatura Adiabática de Chama
A
temperatura adiabática de chama é aquela que seria atingida na condição
hipotética onde a combustão ocorreria em um sistema termicamente isolado, sendo
todo o calor liberado pela queima utilizado no aquecimento dos produtos da
combustão. Na realidade, as temperaturas efetivas da chama são inferiores às
respectivas temperaturas adiabáticas pois, a partir do momento em que a chama
se estabelece, inicia-se um processo de troca de calor da chama com o meio onde
ela se propaga, fazendo com que apenas parte do calor liberado seja utilizado
para o aquecimento dos produtos da combustão.
A Tabela
5 fornece a temperatura adiabática de chama de alguns gases combustíveis,
assumindo a hipótese de que o combustível e o comburente estejam na temperatura
ambiente de 20ºC.
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