Brasil produz energias renováveis, mas as aproveita de forma insuficiente, diz agência
Fonte: Agência Brasil
Data: 30/11/2011 09:49
O Brasil ocupa posição de destaque na
produção de energias renováveis, mas poderia fazer mais esforços em
relação às energias solar e eólica, segundo relatório da Conferência da
ONU para Comércio e Desenvolvimento (Unctad), divulgado ontem (29). O
documento informa que o Brasil foi o quinto país que mais investiu em
energias limpas no ano passado, totalizando US$ 7 bilhões.
A
China, com o valor recorde de US$ 49 bilhões, liderou os investimentos
em energias renováveis em 2010, seguida pela Alemanha (US$ 41,1
bilhões), os Estados Unidos (US$ 30 bilhões) e a Itália (US$ 14
bilhões).
"O
Brasil, devido ao seu clima e à sua superfície, tem enorme potencial em
termos de energia eólica e solar, mas não explora de forma suficiente
sua capacidade nessas áreas”, disse a diretora do relatório Tecnologia e
Inovação - Potencialização do Desenvolvimento com Energias Renováveis,
Anne Miroux.
Ela
observou que o país se concentra em setores “maduros”, como os
biocombustíveis e a geração de energia hidrelétrica, criados há décadas.
"O Brasil está entre os principais países que produzem energias
renováveis, mas não em termos de energias modernas, como a eólica e a
solar, nas quais nos focalizamos hoje", acrescentou.
Segundo
dados do instituto voltado para estudos na área de energias renováveis
REN 21, citados no relatório, o Brasil é o quarto principal país em
termos de capacidade de produção dessas energias, incluindo a
hidrelétrica. Mas o país não está entre os cinco principais em relação à
capacidade de produção de energia eólica (liderada pela China) ou
solar.
O
relatório da Unctad acrescenta que os países do grupo Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) "fazem avanços tecnológicos
significativos nos setores eólico e solar". "A China está fazendo
grandes esforços em relação ao uso de energias renováveis. Um dos
grandes problemas do país são as suas centrais térmicas que utilizam
carvão. A transição não é simples e não pode ser feita de um dia para o
outro", disse Miroux.
A
diretora ressaltou que o Brasil "está no bom caminho" com o objetivo
"notório" de desenvolver as energias renováveis, apesar de ainda "não
fazer o suficiente" em relação às energias solar e eólica. Miroux
elogiou a meta fixada pelo governo de que 75% da eletricidade produzida
no país sejam provenientes de energias renováveis em 2030. "O Brasil é
um dos raros, talvez o único, a ter uma meta tão ambiciosa", disse a
diretora, que pergunta se as reservas do pré-sal colocarão em risco a
estratégia atual de desenvolvimento das energias limpas no país.
Segundo
o relatório, os investimentos globais em energias renováveis saltaram
de US$ 33 bilhões em 2004 para US$ 211 bilhões no ano passado - um
aumento de 539,4%. O crescimento médio anual no período foi de 38%.
Apesar
dos números, Miroux alertou que ainda faltam “centenas de bilhões de
dólares” para aperfeiçoar as tecnologias nos países em desenvolvimento e
expandir o uso das energias renováveis no mundo. De acordo com o
relatório, as energias renováveis oferecem oportunidade real para
reduzir a pobreza energética nos países em desenvolvimento.
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