6. MEIOS DE LIGAÇÃO
6.1. MEIOS DE LIGAÇÃO
Existem
diversos meios de ligação utilizados para fazer a união de tubos, conexões,
válvulas e acessórios.
Os mais
utilizados são as ligações roscadas, soldadas, flangeadas e as do tipo ponta e
bolsa.
6.2. LIGAÇÕES ROSCADAS
São as
ligações de baixo custo, de relativa facilidade de execução porém seu emprego
está limitado ao diâmetro DN=150 (6”), mas raramente empregado além de DN=50
(2”).
Rosca BSP (NBR 6414 ou DIN 2999 ou ISO 7/1)
É o tipo de rosca utilizado em instalações domiciliares, instalações prediais
e em instalações industriais de baixa responsabilidade. A rosca macho apresenta
uma inclinação de 1:16 e a rosca fêmea se apresenta paralela. Usada
principalmente em tubulações da classe 10 ou classe 150# e os tubos usados
devem ter as dimensões conforme a norma NBR 5580 classes L, M ou P ou ainda
conforme as normas DIN. A vedação se dá pelo aperto dos filetes e pela adição
de um vedante, atualmente o vedante mais usado é a fita de PTFE.
Rosca NPT (NBR 12912 ou ASME/ANSI B1.20.1)
É o tipo de rosca utilizado primordialmente em instalações industriais.
A rosca macho e a fêmea apresentam uma inclinação de 1:16. Usada em tubulações
de baixa pressão, classe 150#, de média pressão, classe 300# e nas tubulações
de alta pressão das classes 2000#, 3000# e 6000# e os tubos usados devem ter as
dimensões conforme a norma NBR 5590 classes N, R ou DR ou ainda com dimensões
conforme as normas ASME/ANSI B36.10 e ASME/ANSI B36.19, não sendo permitido a
utilização de roscas em tubos das séries SCH 5S e 10S. A vedação se dá pelo
aperto dos filetes e pela adição de um vedante, atualmente o vedante mais usado
é a fita de PTFE.
6.3. LIGAÇÕES SOLDADAS
São as principais ligações para tubos de aço carbono, aço liga e aço
inox. São também usadas para tubos metálicos não ferrosos.
As ligações soldadas têm sempre uma resistência mecânica equivalente à resistência
do tubo, estanqueidade perfeita, boa aparência, sem necessidade de manutenção e
grande facilidade para a aplicação de pinturas e isolantes térmicos.
As mais utilizadas são as ligações com solda de topo, encaixe e solda e
a brasagem.
Solda de topo (Butt
welding)
ASME/ANSI B16.25
É o tipo de ligação comumente empregado para tubulação de todos os
diâmetros, porém mais empregado para DN³50 (2”). Para solda de topo em tubos com dimensões conforme ASME/ANSI
B36.10 e ASME/ANSI B36.19 as pontas dos tubos devem ser chanfradas conforme a
norma ASME/ANSI B16.25 e os tubos com dimensões conforme as normas DIN devem
ser chanfradas conforme a norma DIN 2559.
Encaixe e solda ou soquetadas (Socket welding)
Muito usada em instalações industriais de todas as faixas de pressão e
temperatura. Este tipo de ligação está definido na norma ASME/ANSI B16.11 para
DN£100 (4”) mas normalmente
utilizado para DN£50 (2”) para tubos de aço
carbono, aço ligado e aço inox para serviços de todos os tipo mas é
recomendável que se evite o uso deste tipo de ligação com fluidos de alta
corrosão.
Brasagem (Brazing)
Usada principalmente para tubulações metálicas não ferrosas, tubos de
cobre e conexões de latão ou bronze. São soldas executadas com material
diferente do material do tubo ou da conexão com baixo ponto de fusão
(geralmente o estanho).
6.4. LIGAÇÕES FLANGEADAS
Flanges são peças especiais que se destinam a fazer a ligação entre
tubos, conexões, válvulas, acessórios e equipamentos e entre tubos, onde se
deseja uma montagem/desmontagem rápida ou freqüente.
Cada ligação flangeada necessita de um jogo de parafusos e uma junta de vedação.
São ligações empregadas em todos os diâmetros para tubos de ferro
fundido, aço carbono, aço liga, aço inox, plásticos e também em válvulas e
acessórios de materiais não ferrosos.
A norma DIN e a norma ASME / ANSI padronizam diversos tipos de flanges, para
aço carbono, para aço inox, ferro fundido e materiais metálicos não ferrosos.
Os flanges mais comuns são o flange sobreposto, o flange de pescoço, o flange
roscado, o flange de encaixe, o flange solto e o flange cego.
6.4.1. Tipos de flanges
Flange sobreposto
(SO – Slip-on)
É o tipo mais comum e o de instalação mais fácil, pois não necessita de
exatidão no corte e a ligação é feita com duas soldas, uma interna e a outra
externa.
Seu uso deve ser limitado a 400°C e a 20 bar (~20,0kgf/cm2).
Flange de pescoço
(WN – Welding-neck)
Pode ser usado para qualquer combinação de pressão e temperatura.
Ligado ao tubo por uma única solda, de topo, dá origem a menores tensões
residuais que o tipo sobreposto. Sua montagem exige que o tubo seja cortado na
medida exata e biselado para solda de topo.
Flange roscado (SCR – Screwed)
Especialmente indicado para tubos não soldáveis tais como ferro fundido,
aço galvanizado e materiais plásticos.
Flange de encaixe (SW – Socket-weld)
Muito parecido com o tipo sobreposto porém mais resistente pois tem um encaixe
completo para a ponta do tubo e necessita apenas de uma soda externa e por isso
desenvolve menor tensão residual que o sobreposto.
Não é recomendado para serviços de alta corrosão.
Flange solto (LJ –
Lap-joint)
Este tipo de flange não é fixo à tubulação, podendo deslizar livremente
no tubo, só se detendo na extremidade do tubo onde é soldado uma peça
denominada de pestana (stub-end). São utilizados em tubulações de materiais
nobres, de custo elevado, pois os flanges soltos não entram em contato com o
fluido e portanto pode ser de material menos nobre.
Flange cego (Blind)
São utilizados em finais de linhas e fechamento de bocais proporcionando
um tamponamento de fácil remoção.
Flange de redução
São indicados onde se deseja uma redução diretamente no flange, sem uso
de conexões de redução na tubulação. É um tipo de flange
pouco usual.
6.4.2. Faceamento dos flanges
Face plana
Este tipo de faceamento é usado para materiais frágeis e quebradiços ou
para materiais sujeitos ao amassamento onde devemos ter um contato pleno para
propiciar o aperto final.
Face com ressalto
Este tipo de faceamento é o mais comum e é usado para as mais variadas
combinações de pressão e temperatura.
Face com junta de anel
Este tipo de faceamento é usado para serviços severos em altas pressões
ou temperaturas com fluidos inflamáveis ou corrosivos onde se deseja absoluta
segurança contra vazamentos.
Face do tipo macho-fêmea
Este tipo de faceamento do tipo lingüeta e ranhura é de uso mais raro e
é usado em serviços mais severos sujeitos a pressões elevadas.
6.4.3. Acabamento da face dos flanges
O acabamento da face dos flanges pode ser com ranhuras ou liso. Quando
se empregam flanges com faces com acabamento ranhurado deve-se usar juntas de
amassamento para a vedação e quando se utilizam flanges com face lisa deve-se
usar juntas do tipo reação.
6.4.4. Classes de pressão
NORMA MATERIAL CLASSE DE PRESSÃO
ASME/ANSI B16.1 Ferro Fundido 125# – 250#
ASME/ANSI B16.5 Aço 150# – 300# – 400# – 600# – 900# – 1500# – 2500#
ASME/ANSI B16.24 Bronze e Latão 150# – 300#.
DIN (DIVERSAS) Diversos PN 2,5 – PN 6 – PN 10 – PN 16 – PN 25 – PN 40 –
PN 64 PN 100 – PN 160 – PN 250 – PN320
6.4.5. Processos de fabricação
Pode-se classificar em três tipos principais de fabricação de flanges:
os forjados, os usinados e os fundidos.
Flanges forjados
A norma ASME/ANSI B16.5 estabelece as dimensões dos flanges forjados de
aço carbono, aço ligado e de aço inoxidável e as normas da ASTM estabelecem a
composição química e as propriedades físicas dos aços empregados na forja.
Flanges usinados
São flanges que não podem ser usados em condições severas, tendo seu uso
limitado às baixas pressões e temperaturas ambientes. Para seu uso em condições
mais severas deverá ser objeto de cálculo de sua resistência mecânica.
Flanges fundidos
A norma ASME/ANSI B16.1 estabelece as dimensões dos flanges de ferro fundido
e a norma ASME/ANSI B16.24 estabelece as dimensões dos flanges de bronze e de
latão fundido e diversas normas da ASTM estabelecem a composição química e as
propriedades físicas dos materiais fundidos.
6.5. LIGAÇÕES DO TIPO PONTA E BOLSA
São ligações usadas principalmente em tubos de ferro fundido e de
plásticos mas também existente em aço carbono porém de uso menos freqüente. Uma
das principais características desse tipo de ligação é a relativa facilidade e
a rapidez da montagem em comparação com mesma ligação executada por solda de
topo.
6.5.1. Ponta e bolsa com junta elástica
Este tipo de junta é utilizado tanto para tubos e conexões de ferro fundido
e de plásticos como o pvc, polipropileno ou pvc reforçado com fibra de vidro.
Constitui de uma junta de borracha, de montagem deslizante, constituída pelo
conjunto formado pela ponta do tubo, bolsa contígua de outro tubo ou conexão e
pelo anel de borracha.
6.5.2. Ponta e bolsa com junta mecânica
Atualmente apenas utilizado em luvas, para facilidade de manutenção ou
quando se executam reparos em tubulações existentes.
6.5.3. Ponta e bolsa com junta travada
TRAVADA INTERNA
TRAVADA EXTERNA
Este tipo de junta é utilizado para tubos e conexões de ferro fundido onde
não serão executados os blocos de ancoragem para absorção do empuxo devido à
pressão interna para garantir o equilíbrio de toda a tubulação.
No mercado, pode-se encontrar dois tipos de junta travada, a interna e a
externa.
6.6. OUTROS TIPOS DE LIGAÇÃO
6.6.1 Ligações sanitárias
São ligações especiais usadas em serviços sanitários em indústrias alimentícias
em geral, indústrias de bebidas, farmacêuticas, cosméticos e outras.
Essas ligações são empregadas em tubos, conexões, válvulas e acessórios com
a finalidade de conexão e desconexão com muita rapidez e segurança para limpeza
e desinfecções periódicas.
As conexões, válvulas e acessórios fabricados com este tipo de ligação
têm as dimensões apropriadas para emprego em tubos com diâmetro externo tipo “OD”
conforme norma ASTM A270 e impróprios para tubos com as dimensões conforme a
norma ASME/ANSI B36.19.
As conexões são fabricadas de aço inox com polimento sanitário e a
vedação é feita por meio de um anel de vedação de elastômero que pode ser de
buna-N, viton, ptfe (teflon®), epdm ou silicone.
Existem no mercado nacional quatro tipos de ligação sanitária, a saber:
· Ligação conforme a norma alemã DIN 11851 –
Conhecida como DIN.
· Ligação conforme a norma inglesa BS 1864 –
Conhecida como RJT.
· Ligação conforme a norma sueca SMS 1145 – Conhecida
como SMS.
· Ligação conforme a norma ISO 2852 – Conhecida como
Clamp ou TC.
Ligação DIN
Ligação RJT
Ligação SMS
Ligação CLAMP ou TC
Entre os tipos DIN, RJT e SMS não existem diferenças visuais
significativas, além do meio de vedação e do tipo de rosca utilizado pois os
seus componentes são do tipo união com um anel de vedação.
Já o tipo Clamp ou TC é composto por dois niples, um anel de vedação
entre eles e o aperto é proporcionado por meio de uma braçadeira.
6.6.2. Engates
São acessórios destinados a fazer a interligação entre a tubulação
rígida, máquinas ou equipamentos à outros pontos onde se necessita o emprego de
condutos flexíveis ou semi-flexíveis. São denominados engates rápidos aqueles
que têm a finalidade de conexão e desconexão com muita facilidade e rapidez.
6.6.3. Derivações soldadas tipo “boca-de-lobo”
Outro tipo de ligação de uso muito comum na indústria é a ligação feita diretamente
de um tubo com o outro tubo para formar uma derivação, substituindo um “TE” ou
um “TE de redução”.
Essas derivações recebem o nome de “boca de lobo”, quando é executada sem
a utilização de qualquer outra peça intermediária. A norma ASME/ANSI B31 aceita
esse tipo de derivação para ramais de DN³50 (2”) desde que o tubo tronco tenha diâmetro igual ou superior ao
diâmetro do ramal e ainda indica, com detalhes, os casos onde são necessários
reforços. Na própria norma está descrito o método de cálculo para esses
esforços.
As principais vantagens para o uso de bocas-de-lobo são o baixo custo e
a facilidade de execução e as principais desvantagens consiste na fraca resistência,
concentração de tensões, elevada perda de carga e o difícil controle da
qualidade. Certos projetistas limitam seu uso a 250°C ou a 20,0 kgf/cm2.
6.6.4. Pequenas derivações com uso de meia-luva
Para pequenos ramais, de diâmetros inferiores a DN 50 (2”) é muito comum
o emprego de uma meia-luva, soldada diretamente na linha tronco. A norma ASME/ANSI
B31 aceita esse tipo de ligação para qualquer combinação de temperatura e
pressão desde que a linha tronco tenha DN³100 (4”) e a meia-luva tenha resistência suficiente.
As principais vantagens para uso de meias-luvas consiste no baixo custo
e na facilidade de execução e a única desvantagem é a elevada perda de carga localizada.
6.6.5. Derivações com uso de colares e selas
Os colares e as selas são peças especiais forjadas que são soldadas diretamente
sobre a linha-tronco e servem de reforço para a derivação. São usados para
qualquer tipo de derivação com diâmetros superiores a DN 25 (1”), inclusive
para ramais com o mesmo diâmetro da linha-tronco, para qualquer combinação de
pressão e temperatura.
As principais vantagens para o uso de colares consiste na sua excelente resistência
mecânica, facilidade de execução e pequena concentração de tensões e as
desvantagens consistem em um custo um pouco mais elevado, pois se necessita de
um tipo de peça para cada combinação de diâmetros, dificultando a compra, a
estocagem e a montagem.
Para o emprego de selas, as vantagens são inúmeras, excelente
resistência mecânica, pequena perda de carga, uma boa distribuição de tensões e
não há limites de pressão e temperatura para o seu uso, mas em contrapartida as
desvantagens também são muitas, elevado custo, pois se trata de peças importadas
e de difícil montagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário