Tabela 4.3 - Classificação de materiais isolantes cerâmicos
de acordo com suas fases cristalinas.
Nomes
Componentes
|
Componentes
Principais
|
Composição
química
|
Principais
caraterísticas
|
Porcelana de
isoladores
|
Argila
Caolim
Quartzo
Feldspato
|
3 Al2O3
2 SiO2
|
Pequeno
coeficiente linear de
dilatação.
|
Porcelana de
alta
freqüência
|
Argila
Caolim
Bário
|
3 Al2O3
2 SiO2
-------------------------------------
BaOAl2O3.
2SiO2
|
Pequeno
coeficiente de dilatação e
baixas perdas
dielétricas
|
Ultraporcelana
|
Argila
Caolim
|
3 Al2O3
2 SiO2
|
Elevada
resistência mecânica
Baixas perdas
dieléticas.
|
Esteatite
|
Talco
Argila
Magnesita
|
MgO.SiO2
e
2 MgO.SiO2
e
2 MgO.2Al2O3.
.. 5SiO2
|
Elevada
resistência mecânica
Baixas perdas
dielétricas
Baixo
coeficiente de dilatação
|
Titanatos
|
Dióxido de
Titânio
|
TiO2
|
Elevada
constante dielétrica
Coeficiente de
temperatura negativo.
|
|
Dióxido de
Titânio e
Calcita
|
CaTiO3
|
Elevada
constante dielétrica
Coeficiente de
temperatura negativo
|
|
Titanato de
zircônio
|
TiO2 . ZrO2
|
Coeficiente de
temperatura
praticamente
igual zero.
|
|
Titanato de
bário
|
BaO.4TiO2
e
BaO.5TiO2
|
Coeficiente de
temperatura
praticamente
igual a zero
|
|
Titanato de
magnésio
|
Mg TiO3
|
Coeficiente de
temperatura positivo
próximo a
zero.
|
Vidro
O vidro é a solução mais moderna para diversos problemas
anteriormente só resolvidos com porcelana, e que hoje já encontram também
soluções mediante o uso de resinas (epoxi) e aglomerados de resina com
borrracha. O vidro é encontrado em duas formas: a normal e a temperada.
Seguindo a classificação do material segundo seu estado
físico, o vidro é incluído tanto no estado sólido quanto no líquido, uma vez
que sua forma estrutura e as leis da deformação que obedece são as próprias do
estado líquido, enquanto que a sua forma estável o classifica como sólido. O
estado vítreo é particular de uma longa série de produtos orgânicos e
inorgânicos, incluindo-se nesta última o produto que tecnicamente conhecemos
por vidro.
O vidro é basicamente composto de óxido de silício e de
boro, nas formas SiO2 e B2O3; acrescentam-se a esses dois uma grande série de
aditivos, tais como os óxidos alcalinos K2O e Na2O, que influem sobretudo no
valor da temperatura de fusão do material Vidros técnicos normais, dependendo
das porcentagens x, y, e z de cada um. apresentam-se, assim, como composição do
tipo xNa2O-yCaO.zSiO2 (vidro de sódio) ou xK2O-yCaO.zSiO2. Outros aditivos, geralmente
ainda na forma de óxidos, são o magnésio, o zinco, o antimônio, o chumbo e
outros.
Assim os vidros são classificados em um dos grupos dados a
seguir:
1. Vidros sódio-cálcicos, com a fórmula básica Na2O.CaO.6SiO2.
com pequenos acréscimos de Al2O3, BaO, MgO e outros. São empregados em
vidraças, garrafas e outros casos nãoelétricos.
Apresentam baixo ponto de fusão 2. Vidros cálcio-cálcicos
com fórmula K2O.CaO.6SiO2, apresentando alto ponto de fusão e boa
resistência química.
3. Vidros de cálcio-chumbo, com fórmula K2O-PbO.6SiO2 e
acréscimos do tipo CaO e BaO.
Tem baixo ponto de fusão, apresentam elevado índice de
refração perante a luz. Seu uso é encontrado em vidro óptico e cristal de
chumbo.
4. Vidro de silicato de boro e alumínio, com acréscimos de
sódio (Na2O), bário (BaO), cálcio (CaO) e outros. Apresentam bom comportamento
químico e térmico. São apropriados para termômetros e finalidades químicas
diversas.
5. Espécies, como por exemplo, vidro de quartzo que deixa
passar as radiações ultravioletas e é insensível a variações de temperatura.
Sendo um produto resultante de composição porcentual
variável, diversos componentes, variam suas características em função dessa
composição. Também tratamentos térmicos posteriores (têmpera) influem
acentuadamente em particular no que se refere a suas características mecânicas,
podendo-se, porém caracterizar o vidro sob os aspectos vistos a seguir.
1. Suportar temperaturas elevadas - a temperatura de serviço
normal se localiza em torno de 200-250ºC, ocupando assim posição dentro do
grupo dos isolantes de elevada estabilidade térmica.
2. Peso específico relativamente baixo, apresentando, em
geral, valor em torno de 2,5g/cm3, dependendo, porém, da composição.
3. Permite um tratamento térmico que eleva em muito as suas
propiredades mecânicas. A têmpera do vidro adquire importância particular nas
área dos isolantes, tipo disco e pedestal, devido à presença de esforços
mecânicos acentuados.
4. Possui elevada estabilidade térmica. Entende-se por estabilidade
térmica, o comportamento do material em suportar bruscas variações de
temperatura. Esse comportamento é função do coeficiente linear de dilatação, da
condutividade térmica e da resistência mecânica.
5. Geralmente possui acentuada estabilidade perante a
umidade, dependendo porém de sua composição. Sendo freqüentemente um silicato,
e tendo o silício a propriedade de ser repelente à água, justifica-se esta
propriedade. Quando se eleva a porcentagem de materiais alcalinos, observa-se
uma redução dessa propriedade. Atinge-se uma situação em que, no caso de vidros
compostos apenas de Na2O ou K2o, e perante elevação de pressão e temperatura, o
vidro se torna totalmente solúvel em água.
Apresenta elevadas perdas dielétricas, de modo geral, que
ainda se elevam com elevação de temperatura. Essa propriedade torna pouco
recomendável o uso do vidro perante freqüência elevadas, pois poderá ocorrer
destruição térmica. O valor das perdas depende de sua composição, notando-se
uma redução das mesmas na presença de óxido de metais pesados ou óxido de
cálcio.
Minerais
Mica
A mica é um mineral cristalino, que se apresenta em forma de
pequenas lamelas ou lâminas, devido à baixa força de coesão entre os diversos
planos cristalinos. Em termos de composição química, a mica é um silicato de
alumínio. Dos diversos tipos de mica existentes, dois têm aplicação elétrica
mais freqüente, a muscovita que tem a composição K2O.3Al2O3.6SiO2.2H2O, e a
flogopita com a fórmula K2O.3Al2O3.12MgO.12 SiO2.2H2O.
Caracteriza-se pelas propriedades enunciadas a seguir.
1. É encontrado com relativa facilidade, o que faz desse
isolante um dos mais antigos em uso. Na forma natural, se mantém em camadas
facilmente divisíveis, permitindo obter lâminas ou lamelas de pequena
espessura. No estado natural ainda, é encontrado associado a óxidos metálicos,
que precisam ser eliminados antes da utilização elétrica, por meio de
purificação.
2. Na purificação com eliminação conseqüente das impurezas,
elimina-se também material de ligação entre as lâminas de mica, ficando o
material sem meio aderente. Esse meio é restituído à mica em sua aplicação,
através de um verniz de colagem. Por vezes, além do verniz, a mica recebe um
esforço mecânico através de uma base de papel ou de tecido. Resulta, assim um produto
conhecido comercialmente por micanite, onde a porcentagem de verniz de colagem atinge
até 25% do volume; em geral, porém esse valor se situa em torno dos 5% do
volume.
3. O produto da mica com verniz pode ser rígido ou flexível,
dependendo das características do verniz usado. Vernizes rígidos dão como
resultado produtos rígidos.
4. A mica é um dos produtos de mais elevada estabilidade
térmica e maior temperatura de serviço, atingindo valores de até 1000°C. Como
tal, é usado em numerosos casos de aquecimento elétrico. Sendo o produto de
mica uma mistura de mica com verniz, a temperatura máxima admissível vai
depender também do limite de temperatura do verniz, e que ainda se encontra em
valores mais baixos. Assim, apesar de permitir uma temperatura muito alta, os
produtos de mica têm sua temperatura limitada pelo valor máximo admissível
tolerado pela resina do verniz.
5. Bom comportamento mecânico: a mica apresenta valores de
resistência à tração e à compressão bastante altos: é, entretanto, sensível
perante a flexão, o que faz da mica um material quebradiço no seu estado puro e
em plaquetas grandes.
6. Apresenta ótimas características elétricas, variando
esses valores com a espessura e a temperatura.
7. A mica é usada na forma de grandes lâminas, lamelas e pó,
sempre reforçada por material de base e impregnado com vernizes, se assim se
fizer necessário, para o seu uso correto.
8. A mica é relativamente higroscópica, devido à sua
estrutura lamelar.
9. A cor da mica informa sobre sua qualidade. Essa coloração
é sobretudo devido à presença de impurezas de difícil eliminação, de modo que,
quanto mais incolor a mica, melhor é a sua qualidade. As cores geralmente
encontradas são o amarelo, o esverdeado e o avermelhado.
Partindo da mica no estado puro, têm-se os produtos
enunciados a seguir.
1. Placas de mica. São camadas com espessura superior a 0,05
mm, usados em equipamentos e componentes elétricos estáticos, como, por
exemplo, em alguns tipos de capacitores, atualmente pouco freqüentes. Essas
placas de mica são também usadas para aparelhos
térmicos, tais como, aquecedores e ferros elétricos, onde um
fio de aquecimento é envolto por placas de mica.
2. Lamelas ou lâminas de mica. Nesses casos, que são os mais
comuns, a mica não apresenta forma própria, necessitando de aglomerante, e,
eventualmente, também de um material de base. As lamelas de mica são coladas
entre si, formando fitas, chapas, tubos, etc., de acordo com a necessidade.
Incluem-se nesse caso, canaletas de papel, mica e verniz de colagem, usados
para isolar ranhuras de máquinas, ou a isolação entre as lâminas de um coletor.
3. Pó de mica, obtido por moagem de lamelas. Esse pó de mica
pode ser usado como aditivo a outras massas e pós, ou, senão, na forma
combinada com verniz de colagem, ser prensado em moldes, dando origem a peças
de micanite.
Em todos os casos mencionados, seja devido à relativa
higroscopia, seja por causa da necessidade de certas propriedades mecânicas no
seu uso, a mica é geralmente associada a vernizes, e outros isolantes.
Assim, as características da mica pura não têm o mesmo
significado como as de sua forma combinada. Assim, a rigidez dielétrica
normalmente encontrada varia de 15 a 20kV/mm, havendo, porém casos em que
atinge 40kV/mm.
Não resta dúvida de que, nas aplicações elétricas, a forma
composta de mica, conhecida por micanite, é a mais importante, devido à grande
variedade de produtos daí resultantes. A micanite é encontrada em fitas e em
placas, na forma flexível e rígida, em diversos tamanhos. E existência, em
número cada vez maior, de resinas e, conseqüentemente, de vernizes, confere à micanite
papel de destaque entre os isolantes elétricos.
Enquanto a micanite é basicamente formada de lamelas, o
produto usando pó de mica, por vezes conhecido por micalex, também tem ampla
faixa de uso. O micalex é rígido, composto de pó de mica e vidro de baixo ponto
de fusão.
Amianto
É um material mineral fibroso, com brilho de seda, flexível,
resultante da transformação de silicato de de magnésio. A estrutura física é
explicada pela forma cristalina que apresenta.
Conforme se sabe, silicatos se apresentam numa estrutura
tetraédrica de íons de SiO4. Nos cantos dos tetraedros se encontra o átomo de
oxigênio; no centro, o átomo de silício. Comparando com
a mica, cuja estrutura tetraédrica é o tipo plano, no
amianto essa estrutura é de tubos. Essas cadeias são em seguida ligadas entre
si por íons de magnésio, formando os cristais de amianto.
Dessa ligações, as de Si-O-Si são particularmente fortes,
sendo as de Mg-O-Mg menos resistentes. Por essa razão, os cristais de amianto
permitem uma divisão em filetes ou tubos. O amianto é encontrado na natureza
dentro de pedras, em filetes, com espessura variável desde fiação de milímetros
até alguns centímetros. Quanto maior o seu comprimento, maior é o valor do produto.
O amianto se destaca pela estabilidade térmica e alta
temperatura de serviço, mantendo sua resistência mecânica e flexíbilidade
praticamente inalteradas perante temperaturas em que fibras orgânicas já estão
sendo destruídas.
Na sua estrutura, que é 3MgO.2SiO2.2H2O; na forma mais
comum, a água é libertada apenas perante 300 a 400°C, a partir da qual perde
acentuadamente as suas propriedades mecânicas. A sua temperatura de fusão é
cerca de 3 a 4 vezes mais elevada.
Suporta elevados esforços mecânicos, que se localizam numa
taxa de torção de 350kgf/cm2, em média.
Apresenta higroscopia relativamente elevada, o que faz com
que seja usado eletricamente com a devida impregnação com resinas, óleos ou
massas isolantes. Dessa propriedade e da respectiva impregnação vão depender as
características finais.
O amianto costuma vir acompanhado de impurezas,
particularmente ferrosas, sendo, em especial, acentuada a influência negativa
do Fe2O4. Essas impurezas são eliminadas por meio de ácidos.
O amianto é usado nas formas enunciadas a seguir.
I. Pó. O pó de amianto é, em geral, o resultado da
decomposição de fios muito curtos, que aliás são os mais freqüentes. Esse pó é
usado de diversas maneiras, como por exemplo.
a) recebendo como aditivo um verniz e aplicando a massa
sobre papel isolante; o produto assim obtido é repelente à água, de elevada
estabilidade térmica e resistente a ácidos, álcalis e solventes orgânicos (com
exceção do benzol e seus derivados);
b) preenchimento de fusíveis do tipo encapsulado, atuando
como elemento extintor, em substituição à areia (que também é um silicato).
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