1. CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS FERROSOS
As ligas
ferrosas são, em princípio, divididas em dois grupos:
· Aços, com teores de carbono (C) até 2,0%;
· Ferros fundidos, com teores de carbono (C) acima de 2,0% e raramente superior
a 4,0%.
1.1. AÇO CARBONO
Liga
ferro-carbono contendo geralmente de 0,05% até cerca de 2,0% de carbono (C),
além de certos elementos residuais, como o manganês (Mn), o silício (Si), o
fósforo (P) e o enxofre (S) resultantes dos processos de fabricação.
CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS
Cor
Acinzentada
Peso
Específico 7,8 Kgf/dm3
Fusão
1350 A 1400°C
Maleabilidade
Boa
Ductibilidade
Boa
Tenacidade
Boa
Usinagem
Ótima
Soldabilidade Ótima
A tabela
apresenta os usos gerais dos aços em função de seus teores de carbono (C), bem
como a maleabilidade e soldabilidade dos mesmos.
TEOR DE CARBONO (C)
|
APLICAÇÕES
|
MALEABILIDADE E
SOLDABILIDADE
|
0,05 a 0,15%
|
Chapas, fios,
parafusos, tubos, estirados,
produtos de
caldeiraria.
|
Grande
maleabilidade.
Fácil soldagem.
|
0,15 a 0,30%
|
Barras laminadas e
perfiladas, tubos, peças
comuns de mecânica.
|
Maleável.
Soldável.
|
0,30 a 0,40%
|
Peças especiais de
máquinas e motores.
Ferramentas para a
agricultura.
|
Difícil soldagem.
|
0,40 a 0,60%
|
Peças de grande
dureza, ferramentas de corte,
molas, trilhos.
|
Muito difícil
soldagem
|
0,60 a 1,50%
|
Peças de grande
dureza e resistência, molas,
cabos, cutelaria.
|
Não se solda.
|
1.2. AÇO LIGA
São aços que recebem a adição de um ou mais elementos de liga no
processo de fabricação, conforme a finalidade a que se destinam. Os elementos
de liga mais usuais são: níquel (Ni), cromo (Cr), vanádio (V), cobalto (Co),
silício (Si), manganês (Mn), tungstênio (W), molibdênio (Mo) e alumínio (Al).
TABELA DOS AÇOS LIGADOS
Baixa liga
|
Até 5% de elementos
de liga
|
Média liga
|
de 5% a 10% de
elementos de liga
|
Alta liga
|
acima de 10% de
elementos de liga
|
1.3. AÇO INOXIDÁVEL
Caracterizam-se, fundamentalmente, por resistirem à corrosão
atmosférica, embora possam igualmente resistir à ação de outros meios gasosos
ou líquidos.
Os aços adquirem passividade quando ligados com alguns outros elementos metálicos,
entre os quais os mais importantes são o cromo (Cr) e o níquel (Ni) e, em menor
grau, o cobre (Cu), o silício (Si), o molibdênio (Mo) e o alumínio (Al). O
cromo (Cr) é, de fato, o elemento mais importante, pois é o mais eficiente de
todos, quando empregado em teores acima de 10%.
Os aços inoxidáveis são, portanto, aços de alta liga, contendo de 12% a
26% de cromo (Cr), até 22% de níquel (Ni) e freqüentemente pequenas quantidades
de outros elementos de liga.
1.4. FERRO FUNDIDO
Os ferros fundidos são ligas de ferro (Fe) e carbono (C) com alto teor
de carbono. Em média, possuem de 3% a 4% de carbono em sua composição. A temperatura
de fusão dos ferros fundidos é de cerca de 1200ºC. Sua resistência à tração é
da ordem de 10 a 20 kgf/mm².
Na fabricação, as impurezas do minério de ferro e do carvão (coque),
deixam no ferro fundido pequenas porcentagens de silício (Si), manganês (Mn), enxofre
(S) e fósforo (P).
O silício (Si) favorece a formação de Ferro Fundido Cinzento. Os ferros fundidos
classificam-se, segundo o estado do carbono no ferro fundido, nas seguintes
categorias:
Ferro fundido cinzento ou lamelar - Liga ferro-carbono-silício, com teor de carbono acima de 2,0% e silício
presente em teores de 1,20% a 3,00%; a quantidade de carbono é superior à que pode
ser retida em solução sólida na austenita; esse teor de carbono e mais a
quantidade elevada de silício promovem a formação parcial de carbono livre, na
forma de lamelas ou “veios” de grafita. Nessas condições, o ferro fundido
cinzento apresenta fratura com coloração escura, de onde provém a sua denominação.
Ferro fundido nodular ou dúctil - Liga ferro-carbono-silício caracterizada por apresentar grafita na forma
esferoidal, resultante de um tratamento realizado no material ainda em estado líquido
(“nodulização”).
Ferro fundido maleável ou branco;
Ferro fundido temperado;
Ferro fundido especial.
Apesar de apresentarem em geral propriedades mecânicas inferiores às dos
aços, elas podem ser consideravelmente modificadas pela adição de elementos de
liga e tratamentos térmicos adequados. Os ferros fundidos podem substituir os
aços e até serem mais adequados, em muitas aplicações.
Por exemplo: estruturas e elementos deslizantes de máquinas são
construídos quase sempre em ferro fundido, devido à maior capacidade de
amortecer vibrações, melhor estabilidade dimensional e menor resistência ao deslizamento,
em razão do poder lubrificante do carbono livre em forma de grafita.
2. EFEITOS DOS ELEMENTOS DE LIGA
2.1. INTRODUÇÃO:
Devido às necessidades industriais, a pesquisa e a experiência levaram à
descoberta de aços especiais, mediante a adição e a dosagem de certos elementos
ao aço carbono.
Conseguiram-se assim Aços-Liga com características tais como resistência
à tração e à corrosão, elasticidade, dureza, etc. bem melhores do que as do aço
carbono comum.
A seguir serão apresentados os elementos de liga comumente empregados pela
indústria e seus efeitos.
ELEMENTOS
|
EFEITOS
|
Alumínio (Al)
|
Desoxida o aço. No processo de tratamento termo-químico chamado
nitretação, combina-se com o nitrogênio, favorecendo a formação de uma camada
superficial duríssima.
|
Carbono (C)
|
A quantidade de carbono influi na dureza, no limite de resistência e
na soldabilidade.
|
Cobalto (Co)
|
Influi favoravelmente nas propriedades magnéticas dos aços. Além
disso, o cobalto, em associação com o tungstênio, aumenta a resistência dos
aços ao calor.
|
Cromo (Cr)
|
O cromo confere ao aço alta resistência, dureza, elevado limite de
elasticidade e boa resistência à corrosão em altas temperaturas.
|
Enxofre (S)
|
É um elemento prejudicial ao aço. Torna-o granuloso e áspero, devido
aos gases que
produz na massa metálica. Enfraquece a resistência do aço. Considerado
como uma
impureza.
|
Fósforo (P)
|
Em teores elevados torna o aço frágil e quebradiço, motivo pelo qual
deve-se reduzir
ao mínimo possível sua quantidade, já que não se pode eliminá-lo
integralmente.
Considerado como uma impureza.
|
Manganês (Mn)
|
O manganês, quando adicionado em quantidade conveniente, aumenta a
resistência do aço ao desgaste e aos choques, mantendo-o dúctil.
|
Molibdênio (Mo)
|
Sua ação nos aços é semelhante à do tungstênio. Emprega-se, em geral, adicionado
com cromo, produzindo os aços cromo-molibdênio, de grande resistência, principalmente
a esforços repetidos.
|
Níquel (Ni)
|
Foi um dos primeiros metais utilizados com sucesso para dar
determinadas qualidades ao aço. O níquel aumenta a resistência e a tenacidade
do mesmo, eleva o limite de elasticidade, dá boa ductilidade e boa
resistência à corrosão.
|
Silício (Si)
|
Torna o aço mais duro e tenaz. Previne a porosidade e concorre para a
remoção dos
gases e dos óxidos. Influi para que não apareçam falhas ou vazios na
massa do aço.
É um elemento purificador e tem o efeito de isolar ou suprimir o
magnetismo. Os aços-silício contêm de 1 a 2% de silício.
|
Tungstênio (W)
|
É geralmente adicionado aos aços com outros elementos. O tungstênio
aumenta a resistência ao calor, a dureza, a resistência à ruptura e o limite
de elasticidade.
|
Vanádio (V)
|
Melhora, nos aços, a resistência à tração,
|
3. EFEITOS DA TEMPERATURA
3.1. FLUÊNCIA
Defini-se como fluência (creep) ao fenômeno de deformação permanente, lenta e progressiva, que se
observa nos materiais metálicos, ao longo do tempo, quando submetidos à tração
sob alta temperatura.
Denomina-se “faixa de fluência” (creep
range) à faixa de temperatura em que o fenômeno passa a
ser significativo.
3.2. MÓDULO DE ELASTICIDADE (Módulo de Young)
O módulo de elasticidade diminui com o aumento da temperatura. Essa diminuição
é pouco acentuada no intervalo 0-250°C e mais acentuada para temperaturas
superiores a 250°C.
3.3. LIMITE DE RESISTÊNCIA
O limite de resistência diminui com o aumento da temperatura de um modo geral
(para T > 200°C). O limite de resistência deverá ser tomado na curva característica
de cada material.
3.4. FRATURA FRÁGIL
Denomina-se fratura frágil à ruptura repentina do material a um nível de
tensão bem inferior ao limite de resistência (LR) ou mesmo ao limite de
escoamento (LE) do material.
Essas fraturas são caracterizadas pela propagação rápida, em várias
direções e a perda total da peça atingida.
Para acontecer a fratura frágil são necessárias as três condições
abaixo, simultaneamente:
· Elevada tensão de tração, da ordem da tensão de
escoamento do material;
· Existência de entalhe;
· Temperatura na zona de comportamento frágil ou na
zona de transição.
As fraturas frágeis são ainda influenciadas por:
· Forte tensão de tração, em geral, próxima do limite
de escoamento;
· Espessura da peça: a resistência à fratura frágil é
inversamente
proporcional à espessura da peça;
· Distribuição de tensões na peça: quanto mais
irregular forem as tensões menor será a resistência da peça;
· Composição química: a presença de níquel (Ni) e
manganês (Mn) é
benéfica e a presença de fósforo (P), enxofre (S), molibdênio (Mo),
nitrogênio (N) e cromo (Cr) é prejudicial, isto é, favorece o
aparecimento da fratura frágil.
· Tratamento térmico: a ausência do tratamento
térmico de alívio de tensões favorece o aparecimento de altas concentrações de
tensão onde favorece o aparecimento da fratura frágil.
· Outros fatores de menor importância tais como:
forma, laminação,
fabricação, etc.
4. CORROSÃO
4.1. CORROSÃO
Defini-se como corrosão a deterioração sofrida por um material em
conseqüência da ação química ou eletroquímica do meio, aliada ou não a esforços
mecânicos.
A corrosão mais comum é a corrosão eletroquímica, caracterizada pelo transporte
de cargas elétricas por meio de um eletrólito em um meio favorável, geralmente
aquoso.
A corrosão química é devida ao ataque de produtos químicos sobre os
materiais metálicos, provocando a sua oxidação.
4.2. CORROSÃO ELETROQUÍMICA
4.2.1. Causas da corrosão
Para que se inicie a corrosão, é necessário que o sistema seja
constituído dos quatro componentes a seguir: (cumpre lembrar que a falta de
pelo menos um dos componentes bloqueia o processo de corrosão)
· Anodo e catodo: duas peças metálicas de materiais diferentes ou do mesmo material ou
ainda duas regiões distintas da mesma peça metálica, próximas ou distantes uma
da outra.
· Eletrólito: qualquer condutor elétrico tal como umidade, soluções aquosas ácidas ou
alcalinas.
· Circuito metálico: é a continuidade metálica unindo o anodo ao catodo.
A diferença de potencial entre o anodo e o catodo pode se originar de
inúmeras causas, tais como: metais diferentes, ligas metálicas diferentes,
diferenças entre partes deformadas a frio, diferença entre estados de tensões,
diferenças de tratamento térmico, irregularidades microscópicas, etc.
A corrosão mais freqüente é aquela devido às irregularidades
microscópicas, que são as diferenças que existem entre os grãos que constituem
o material.
Essas diferenças podem ser quanto a forma, natureza, tamanho,
orientação, etc. Assim a corrosão eletroquímica é muito acentuada porque este
material é constituído basicamente de grãos de ferrita (ferro alfa) e cementita
(carboneto de ferro) que são grãos de diferentes naturezas.
Nos materiais puros ou ligas monofásicas (solução sólida) não existem
grãos de natureza diferente, razão pela qual são mais resistentes à corrosão eletroquímica.
4.2.2. Tipos de corrosão
A corrosão eletroquímica pode se apresentar numa grande variedade de formas.
Pode-se classificar a corrosão em uniforme e localizada.
A corrosão localizada pode ser classificada em localizada macroscópica e
microscópica.
· Corrosão uniforme
Também conhecida como corrosão generalizada, é aquela que se apresenta em
toda a peça de uma forma geral, causando uma perda constante da espessura.
Pode ser facilmente controlada e prevista. As causas são as diferenças
pelas irregularidades microscópicas dos grãos.
· Corrosão localizada macroscópica
Alveolar (Pitting)
É a corrosão que se apresenta em forma de “alvéolos” ou “pites” que são pequenos pontos onde
a concentração da corrosão é muito intensa. A causa principal é a ocorrência de
pontos fortemente anódicos em relação à área adjacente.
Galvânica
É a corrosão que se origina do contato entre dois metais ou ligas
metálicas diferentes em um meio eletrolítico. A corrosão é tanto mais intensa
quanto mais distanciados estiverem os dois metais ou ligas metálicas na série
galvânica é tanto maior de acordo com as proporções entre o anodo e o catodo. A
região corroída sempre será a região anódica. De um modo geral deve-se evitar o
contato entre metais com grande diferença de potencial. Na impossibilidade de
se evitar esse contato é necessário ter uma grande quantidade de material
catódico para que a
corrosão não ataque uma pequena área.
Quando os dois metais tiverem uma pequena diferença de potencial, a
corrosão galvânica é praticamente insignificante. Pode-se controlar este tipo
de corrosão com a colocação de anodos de sacrifício, que consiste de elementos
fortemente anódicos para serem corroídos.
Série galvânica para a água do mar:
Magnésio
Zinco ANODO
Alumínio
Ligas de
alumínio
Aço
carbono
Aço
carbono com cobre
Ferro
fundido
Aço liga
Cr e Cr-Mo
Aço inox
12 Cr
Aço inox
17 Cr
Aço inox
27 Cr
Ativos
Aço liga
Ni
Aço inox
18 Cr – 8 Ni
Aço inox
25 Cr – 20 Ni Ativos
Chumbo
Níquel
Ligas de
Níquel Ativos
Latão
Cobre
Cobre
níquel
Metal
monel
Níquel
Ligas de
níquel Passivos
Aço inox
12 Cr
Aço inox
17 Cr
Aço inox
18 Cr – 8 Ni
Aço inox
27 Cr
Aço inox
25 Cr – 20 Ni
Passivos
Titânio
Prata
Ouro CATODO
Platina
Seletiva
É uma forma de corrosão onde á atacado apenas um elemento da liga
metálica resultando uma estrutura esponjosa sem resistência mecânica. Um
exemplo de corrosão seletiva é a corrosão grafítica que ocorre no ferro fundido
cinzento em contato com meios ácidos ou água salgada, onde o ferro á atacado
resultando uma estrutura esponjosa composta de carbono livre e carbonetos.
Outro exemplo é a desincificação que consiste na migração do zinco,
ficando o latão reduzido a uma estrutura esponjosa de cobre puro, sem
resistência mecânica.
Corrosão sob contato
Também chamada de corrosão intersticial e corrosão em frestas, por ser
uma corrosão que acontece em locais onde pequena quantidade de um fluido
permanece estagnado em cavidades ou espaços confinados. Um exemplo é a folga
entre a peça e a arruela ou a porca e outro seria nas conexões do tipo
encaixe/solda, o espaço entre o tubo e o encaixe.
Corrosão–erosão
É a corrosão que aparece com a velocidade relativa do fluido em relação
à peça corroída.
Cumpre lembrar, que um fluido pode não corroer uma peça em velocidades
baixas, mas ser corrosivo em altas velocidades , com o efeito se tornando
máximo quando o ângulo de incidência está entre 20 e 30°C. Como exemplo é
citado a corrosão em peças de movimento rápido como pás, hélices, rotores e em
curvas e conexões com redução.
Biológica
É a corrosão devido à ação de micro-organismos que atacam os metais
produzindo ácidos, destruindo a camada apassivadora, destruindo revestimentos,
despolarizando áreas catódicas.
Pode aparecer em águas paradas, principalmente em equipamentos que ficam
por longo período ao tempo, a espera de utilização.
· Corrosão localizada microscópica
Sob tensão (stress-corrosion)
É provocada pela tensão e um meio corrosivo. Se manifesta pelo
aparecimento de trincas perpendiculares ao sentido do esforço. Esse esforço
pode ser de causas externas, tensão residual, tensões devido ao trabalho frio,
soldagem, etc. Muito perigosa pois pode inutilizar uma peça em pouco tempo.
Intergranular
É a corrosão formada por trincas ao longo da periferia dos grãos do
metal. Essas trincas após atingirem determinada dimensão destacam partes do
material por ação de pequenas tensões.
Incisiva
É a corrosão que se forma ao longo de soldas e recebe o nome de “fio de
faca”. É uma variante da corrosão intergranular.
4.3. PROTEÇÃO CONTRA CORROSÃO
4.3.1. Fatores que influenciam a corrosão
Antes de se falar em proteção dos materiais deve-se primeiramente
estudar os fatores aceleradores da corrosão para se decidir sobre o melhor
antídoto. Entre os fatores que influenciam a corrosão são citados:
Temperatura
Com o aumento da temperatura tem-se o aumento da atividade química o que
acelera a corrosão. Cumpre lembrar que um equipamento ou tubulação que trabalha
permanentemente quente e por algum motivo permanecer parado e frio por algum
tempo sofrerá uma corrosão mais intensa neste período inativo.
Velocidade
Como já foi visto as altas velocidades e o turbilhonamento pode
ocasionar a corrosão-erosão.
Umidade
A umidade promove uma gama maior de tipos de corrosão como a corrosão
sob tensão, alveolar e sob-contato além de reagir com ácidos formando ácidos
diluídos altamente corrosivos e aumentar a condutividade elétrica.
Esforços cíclicos
Havendo a possibilidade do aparecimento da corrosão sob tensão os
esforços cíclicos serão os responsáveis pelo agravamento da corrosão e nestes
pontos poderá haver a intensificação das tensões de fadiga.
Superfície do metal
Cumpre lembrar que quanto mais perfeita for a superfície do material
melhor será a resistência contra a corrosão alveolar.
Atmosfera
Quando tem-se uma atmosfera muito agressiva, como por exemplo a
temperatura associada à acidez, é possível ter um processo de corrosão muito
intenso, sendo muitas vezes mais significativo que a corrosão interna dos
equipamentos e tubulações.
Interface molhado/seco
Nos equipamentos que trabalham parcialmente cheios a interface
molhado/seco pode favorecer a corrosão devido à dissolução de gases no líquido
e conseqüentemente a variação da concentração do fluido e também devido a
diferença de potencial entre região molhada e seca.
4.3.2. Proteção contra corrosão
Na tentativa de proteger tubulações e equipamentos contra a corrosão é possível
observar dois aspectos diferentes ou mesmo um enfoque intermediário.
Em primeiro lugar pode-se atacar o problema logo no início do projeto
pela escolha do material, detalhes de projeto, revestimentos de proteção,
proteção catódica, tratamento térmico, etc. Todos esses métodos e princípios
são meios de controle da corrosão, isto é evitar o início do processo ou ter um
controle eficaz no caso da corrosão uniforme.
Em segundo lugar pode-se aceitar a corrosão como inevitável e adotar um sistema
de controle com o emprego da “sobre-espessura para corrosão”.
Cumpre lembrar, que esta sobre-espessura é destinada à corrosão e
portanto não deverá ser considerada para efeito de cálculos mecânicos como a determinação
da distância entre suportes, por exemplo.
4.3.3. Como evitar a corrosão
Tipo de corrosão
|
Meio de proteção
|
Uniforme
|
Escolha do material adequado
Tratamento superficial
Detalhes de projeto
|
Alveolar
|
Escolha do material adequado
Tratamento superficial
Detalhes de projeto
|
Sob tensão
|
Escolha do material
Alívio de tensões
Detalhes de projeto
Martelamento
|
Seletiva
|
Escolha do material
|
Galvânica
|
Evitar contato de materiais diferentes
Anodos de sacrifício
Proteção galvânica
|
Sob contato
|
Escolha dos materiais
Detalhes de projeto
|
Incisiva
|
Escolha dos materiais
|
Intergranular
|
Escolha dos materiais
|
Corrosão-erosão
|
Escolha dos materiais
Sobre-espessura
Revestimento com materiais adequados
|
a. Tratamento superficial
Existem
dois tipos de tratamento superficial: o tratamento com revestimentos permanentes
(galvanização, argamassa de cimento, plásticos, borrachas, etc.) e o tratamento
com revestimentos não permanentes (tintas). Ambos servem para impedir o contato
da tubulação ou do equipamento com o meio agressivo, promovendo dessa forma sua
proteção.
Revestimentos
|
Aplicação
|
Utilização
|
Normas
|
Poliuretano Líquido sem solvente
|
Adutoras
|
Revestimento interno
Revestimento externo
Instalação aérea,
enterrada e submersa
|
DIN 30671
ANO 1987
|
Poliuretano-Tar sem
solvente
|
Esgoto
Emissário
|
Revestimento interno
|
DIN 30671
ANO 1987
|
Epoxi-Tar sem solvente
|
Esgoto
|
Revestimento interno
|
NBR 12309
|
Epoxi puro sem solvente
|
Adutoras
|
Revestimento interno
|
NBR 12309
|
Argamassa de cimento
|
Adutoras
Esgoto
|
Revestimento interno
|
NBR 10515
|
Fitas de Polietileno
aplicadas a frio
|
Adutoras
Esgoto
|
Revestimento externo
Instalação enterrada
|
AWWA C209 / C214
|
Epoxi líquido
|
Gás
|
Revestimento interno
|
API RP 5L2
|
Epoxi Mastic Alumínio
|
Adutoras
|
Revestimento externo
Instalação aérea
Ambiente não
agressivo
|
PETROBRÁS N-2288
|
Revestimento
Coal Tar Enamel Tipo I
Coal Tar Enamel Tipo II
|
Gás
Óleo
Derivados de Petróleo
Mineroduto
Água
|
Revestimento externo
Instalação enterrada
|
AWWA C203
BSI – BS 4164
PETROBRÁS N-1207
PETROBRÁS N-650
NBR 12780
SABESP E - 45
|
Fusion Bonded Epoxi
|
Gás
Óleo
Derivados de Petróleo
Mineroduto
Água
|
Revestimento externo
Instalação enterrada
|
AWWA C213
|
Galvanização
|
Gás
Óleo
Água
|
Revestimento interno
Revestimento externo
|
ASTM A153
|
b. Sobre-espessura
Quando não podemos evitar a corrosão por completo devemos adotar uma sobre-espessura
para corrosão. Note que esta sobre-espessura tem por objetivo adicionar uma
certa quantidade de material para o sacrifício da corrosão. Portanto um valor
que se acrescenta ao valor da espessura calculada da tubulação.
A sobre-espessura para corrosão é destinada a controlar a corrosão
uniforme e outras formas tais como as que atacam a espessura mas de nada vale
para corrosão localizada microscópica.
Para tubulações em geral são adotados os seguintes valores para a
sobreespessura para corrosão:
· Até 1,5mm para serviços de baixa corrosão
· Até 2,0mm para serviços de média corrosão
· Até 3,5mm para serviços de alta corrosão
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