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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

MATERIAIS ELÉTRICOS ISOLANTES - PARTE 4


Tabela 4.3 - Classificação de materiais isolantes cerâmicos de acordo com suas fases cristalinas.
Nomes Componentes

Componentes
Principais

Composição
química

Principais caraterísticas
Porcelana de
isoladores
Argila
Caolim
Quartzo
Feldspato
3 Al2O3
2 SiO2
Pequeno coeficiente linear de
dilatação.
Porcelana de
alta
freqüência
Argila
Caolim
Bário
3 Al2O3
2 SiO2
-------------------------------------
BaOAl2O3.
2SiO2
Pequeno coeficiente de dilatação e
baixas perdas dielétricas
Ultraporcelana
Argila
Caolim
3 Al2O3
2 SiO2
Elevada resistência mecânica
Baixas perdas dieléticas.
Esteatite
Talco
Argila
Magnesita
MgO.SiO2
e
2 MgO.SiO2
e
2 MgO.2Al2O3.
.. 5SiO2
Elevada resistência mecânica
Baixas perdas dielétricas
Baixo coeficiente de dilatação
Titanatos
Dióxido de
Titânio
TiO2
Elevada constante dielétrica
Coeficiente de temperatura negativo.

Dióxido de
Titânio e
Calcita
CaTiO3
Elevada constante dielétrica
Coeficiente de temperatura negativo

Titanato de
zircônio
TiO2 . ZrO2
Coeficiente de temperatura
praticamente igual zero.

Titanato de
bário
BaO.4TiO2
e
BaO.5TiO2
Coeficiente de temperatura
praticamente igual a zero

Titanato de
magnésio
Mg TiO3
Coeficiente de temperatura positivo
próximo a zero.

Vidro
O vidro é a solução mais moderna para diversos problemas anteriormente só resolvidos com porcelana, e que hoje já encontram também soluções mediante o uso de resinas (epoxi) e aglomerados de resina com borrracha. O vidro é encontrado em duas formas: a normal e a temperada.
Seguindo a classificação do material segundo seu estado físico, o vidro é incluído tanto no estado sólido quanto no líquido, uma vez que sua forma estrutura e as leis da deformação que obedece são as próprias do estado líquido, enquanto que a sua forma estável o classifica como sólido. O estado vítreo é particular de uma longa série de produtos orgânicos e inorgânicos, incluindo-se nesta última o produto que tecnicamente conhecemos por vidro.
O vidro é basicamente composto de óxido de silício e de boro, nas formas SiO2 e B2O3; acrescentam-se a esses dois uma grande série de aditivos, tais como os óxidos alcalinos K2O e Na2O, que influem sobretudo no valor da temperatura de fusão do material Vidros técnicos normais, dependendo das porcentagens x, y, e z de cada um. apresentam-se, assim, como composição do tipo xNa2O-yCaO.zSiO2 (vidro de sódio) ou xK2O-yCaO.zSiO2. Outros aditivos, geralmente ainda na forma de óxidos, são o magnésio, o zinco, o antimônio, o chumbo e outros.
Assim os vidros são classificados em um dos grupos dados a seguir:
1. Vidros sódio-cálcicos, com a fórmula básica Na2O.CaO.6SiO2. com pequenos acréscimos de Al2O3, BaO, MgO e outros. São empregados em vidraças, garrafas e outros casos nãoelétricos.
Apresentam baixo ponto de fusão 2. Vidros cálcio-cálcicos com fórmula K2O.CaO.6SiO2, apresentando alto ponto de fusão e boa
resistência química.
3. Vidros de cálcio-chumbo, com fórmula K2O-PbO.6SiO2 e acréscimos do tipo CaO e BaO.
Tem baixo ponto de fusão, apresentam elevado índice de refração perante a luz. Seu uso é encontrado em vidro óptico e cristal de chumbo.
4. Vidro de silicato de boro e alumínio, com acréscimos de sódio (Na2O), bário (BaO), cálcio (CaO) e outros. Apresentam bom comportamento químico e térmico. São apropriados para termômetros e finalidades químicas diversas.
5. Espécies, como por exemplo, vidro de quartzo que deixa passar as radiações ultravioletas e é insensível a variações de temperatura.
Sendo um produto resultante de composição porcentual variável, diversos componentes, variam suas características em função dessa composição. Também tratamentos térmicos posteriores (têmpera) influem acentuadamente em particular no que se refere a suas características mecânicas, podendo-se, porém caracterizar o vidro sob os aspectos vistos a seguir.
1. Suportar temperaturas elevadas - a temperatura de serviço normal se localiza em torno de 200-250ºC, ocupando assim posição dentro do grupo dos isolantes de elevada estabilidade térmica.
2. Peso específico relativamente baixo, apresentando, em geral, valor em torno de 2,5g/cm3, dependendo, porém, da composição.
3. Permite um tratamento térmico que eleva em muito as suas propiredades mecânicas. A têmpera do vidro adquire importância particular nas área dos isolantes, tipo disco e pedestal, devido à presença de esforços mecânicos acentuados.
4. Possui elevada estabilidade térmica. Entende-se por estabilidade térmica, o comportamento do material em suportar bruscas variações de temperatura. Esse comportamento é função do coeficiente linear de dilatação, da condutividade térmica e da resistência mecânica.
5. Geralmente possui acentuada estabilidade perante a umidade, dependendo porém de sua composição. Sendo freqüentemente um silicato, e tendo o silício a propriedade de ser repelente à água, justifica-se esta propriedade. Quando se eleva a porcentagem de materiais alcalinos, observa-se uma redução dessa propriedade. Atinge-se uma situação em que, no caso de vidros compostos apenas de Na2O ou K2o, e perante elevação de pressão e temperatura, o vidro se torna totalmente solúvel em água.
Apresenta elevadas perdas dielétricas, de modo geral, que ainda se elevam com elevação de temperatura. Essa propriedade torna pouco recomendável o uso do vidro perante freqüência elevadas, pois poderá ocorrer destruição térmica. O valor das perdas depende de sua composição, notando-se uma redução das mesmas na presença de óxido de metais pesados ou óxido de cálcio.
Minerais
Mica
A mica é um mineral cristalino, que se apresenta em forma de pequenas lamelas ou lâminas, devido à baixa força de coesão entre os diversos planos cristalinos. Em termos de composição química, a mica é um silicato de alumínio. Dos diversos tipos de mica existentes, dois têm aplicação elétrica mais freqüente, a muscovita que tem a composição K2O.3Al2O3.6SiO2.2H2O, e a flogopita com a fórmula K2O.3Al2O3.12MgO.12 SiO2.2H2O.
Caracteriza-se pelas propriedades enunciadas a seguir.
1. É encontrado com relativa facilidade, o que faz desse isolante um dos mais antigos em uso. Na forma natural, se mantém em camadas facilmente divisíveis, permitindo obter lâminas ou lamelas de pequena espessura. No estado natural ainda, é encontrado associado a óxidos metálicos, que precisam ser eliminados antes da utilização elétrica, por meio de purificação.
2. Na purificação com eliminação conseqüente das impurezas, elimina-se também material de ligação entre as lâminas de mica, ficando o material sem meio aderente. Esse meio é restituído à mica em sua aplicação, através de um verniz de colagem. Por vezes, além do verniz, a mica recebe um esforço mecânico através de uma base de papel ou de tecido. Resulta, assim um produto conhecido comercialmente por micanite, onde a porcentagem de verniz de colagem atinge até 25% do volume; em geral, porém esse valor se situa em torno dos 5% do volume.
3. O produto da mica com verniz pode ser rígido ou flexível, dependendo das características do verniz usado. Vernizes rígidos dão como resultado produtos rígidos.
4. A mica é um dos produtos de mais elevada estabilidade térmica e maior temperatura de serviço, atingindo valores de até 1000°C. Como tal, é usado em numerosos casos de aquecimento elétrico. Sendo o produto de mica uma mistura de mica com verniz, a temperatura máxima admissível vai depender também do limite de temperatura do verniz, e que ainda se encontra em valores mais baixos. Assim, apesar de permitir uma temperatura muito alta, os produtos de mica têm sua temperatura limitada pelo valor máximo admissível tolerado pela resina do verniz.
5. Bom comportamento mecânico: a mica apresenta valores de resistência à tração e à compressão bastante altos: é, entretanto, sensível perante a flexão, o que faz da mica um material quebradiço no seu estado puro e em plaquetas grandes.
6. Apresenta ótimas características elétricas, variando esses valores com a espessura e a temperatura.
7. A mica é usada na forma de grandes lâminas, lamelas e pó, sempre reforçada por material de base e impregnado com vernizes, se assim se fizer necessário, para o seu uso correto.
8. A mica é relativamente higroscópica, devido à sua estrutura lamelar.
9. A cor da mica informa sobre sua qualidade. Essa coloração é sobretudo devido à presença de impurezas de difícil eliminação, de modo que, quanto mais incolor a mica, melhor é a sua qualidade. As cores geralmente encontradas são o amarelo, o esverdeado e o avermelhado.
Partindo da mica no estado puro, têm-se os produtos enunciados a seguir.
1. Placas de mica. São camadas com espessura superior a 0,05 mm, usados em equipamentos e componentes elétricos estáticos, como, por exemplo, em alguns tipos de capacitores, atualmente pouco freqüentes. Essas placas de mica são também usadas para aparelhos
térmicos, tais como, aquecedores e ferros elétricos, onde um fio de aquecimento é envolto por placas de mica.
2. Lamelas ou lâminas de mica. Nesses casos, que são os mais comuns, a mica não apresenta forma própria, necessitando de aglomerante, e, eventualmente, também de um material de base. As lamelas de mica são coladas entre si, formando fitas, chapas, tubos, etc., de acordo com a necessidade. Incluem-se nesse caso, canaletas de papel, mica e verniz de colagem, usados para isolar ranhuras de máquinas, ou a isolação entre as lâminas de um coletor.
3. Pó de mica, obtido por moagem de lamelas. Esse pó de mica pode ser usado como aditivo a outras massas e pós, ou, senão, na forma combinada com verniz de colagem, ser prensado em moldes, dando origem a peças de micanite.
Em todos os casos mencionados, seja devido à relativa higroscopia, seja por causa da necessidade de certas propriedades mecânicas no seu uso, a mica é geralmente associada a vernizes, e outros isolantes.
Assim, as características da mica pura não têm o mesmo significado como as de sua forma combinada. Assim, a rigidez dielétrica normalmente encontrada varia de 15 a 20kV/mm, havendo, porém casos em que atinge 40kV/mm.
Não resta dúvida de que, nas aplicações elétricas, a forma composta de mica, conhecida por micanite, é a mais importante, devido à grande variedade de produtos daí resultantes. A micanite é encontrada em fitas e em placas, na forma flexível e rígida, em diversos tamanhos. E existência, em número cada vez maior, de resinas e, conseqüentemente, de vernizes, confere à micanite papel de destaque entre os isolantes elétricos.
Enquanto a micanite é basicamente formada de lamelas, o produto usando pó de mica, por vezes conhecido por micalex, também tem ampla faixa de uso. O micalex é rígido, composto de pó de mica e vidro de baixo ponto de fusão.
Amianto
É um material mineral fibroso, com brilho de seda, flexível, resultante da transformação de silicato de de magnésio. A estrutura física é explicada pela forma cristalina que apresenta.
Conforme se sabe, silicatos se apresentam numa estrutura tetraédrica de íons de SiO4. Nos cantos dos tetraedros se encontra o átomo de oxigênio; no centro, o átomo de silício. Comparando com
a mica, cuja estrutura tetraédrica é o tipo plano, no amianto essa estrutura é de tubos. Essas cadeias são em seguida ligadas entre si por íons de magnésio, formando os cristais de amianto.
Dessa ligações, as de Si-O-Si são particularmente fortes, sendo as de Mg-O-Mg menos resistentes. Por essa razão, os cristais de amianto permitem uma divisão em filetes ou tubos. O amianto é encontrado na natureza dentro de pedras, em filetes, com espessura variável desde fiação de milímetros até alguns centímetros. Quanto maior o seu comprimento, maior é o valor do produto.
O amianto se destaca pela estabilidade térmica e alta temperatura de serviço, mantendo sua resistência mecânica e flexíbilidade praticamente inalteradas perante temperaturas em que fibras orgânicas já estão sendo destruídas.
Na sua estrutura, que é 3MgO.2SiO2.2H2O; na forma mais comum, a água é libertada apenas perante 300 a 400°C, a partir da qual perde acentuadamente as suas propriedades mecânicas. A sua temperatura de fusão é cerca de 3 a 4 vezes mais elevada.
Suporta elevados esforços mecânicos, que se localizam numa taxa de torção de 350kgf/cm2, em média.
Apresenta higroscopia relativamente elevada, o que faz com que seja usado eletricamente com a devida impregnação com resinas, óleos ou massas isolantes. Dessa propriedade e da respectiva impregnação vão depender as características finais.
O amianto costuma vir acompanhado de impurezas, particularmente ferrosas, sendo, em especial, acentuada a influência negativa do Fe2O4. Essas impurezas são eliminadas por meio de ácidos.
O amianto é usado nas formas enunciadas a seguir.
I. Pó. O pó de amianto é, em geral, o resultado da decomposição de fios muito curtos, que aliás são os mais freqüentes. Esse pó é usado de diversas maneiras, como por exemplo.
a) recebendo como aditivo um verniz e aplicando a massa sobre papel isolante; o produto assim obtido é repelente à água, de elevada estabilidade térmica e resistente a ácidos, álcalis e solventes orgânicos (com exceção do benzol e seus derivados);
b) preenchimento de fusíveis do tipo encapsulado, atuando como elemento extintor, em substituição à areia (que também é um silicato).

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

3ª conferência "Oil & Gas People Management"


Oil & Gas People Management começa hoje no RJ

Fonte: Redação
Data: 30/01/2012 09:21


Acontece hoje (30) e amanhã (31) a 3ª conferência "Oil & Gas People Management", que discutirá as melhores práticas de RH na gestão do recrutamento, os melhores programas de formação e as estratégias mais adequadas para a retenção de talentos na indústria de petróleo e gás.

A programação do encontro contempla apresentações e mesas redondas em que serão apresentados e debatidos os pontos de vista da indústria, dos especialistas em recrutamento e seleção, além de acadêmicos e representantes de entidades da área de recursos humanos.

Entre os palestrantes estão o gerente geral da Universidade Petrobras, Ricardo Salomão, o gerente de educação corporativa e GC da GASMIG, Carlos Maciel, a gerente de especialização profissional e formação de lideranças da Vale, Tatiana Matos, a gerente de RH da OGX, Rafaella Barbosa, a gerente de relações humanas da Queiroz Galvão Óleo e Gás, Solange Santana e a coordenadora de RH da Chemtech, Cristina Mareti.

Também participam do encontro especialistas como o CEO da Petra Executive Search, Adriano Bravo, a HR Generalist da CGG Veritas, Carolina Renzullo, a sócia-diretora da Next View People, Danilca Galdini, e a diretora de conteúdo temático da ABRH-RJ, Alice Ferruccio, D.Sc., a diretora do Great Place to Work e ABRH-RJ, Monica Paiva, entre outros.

As melhores práticas no recrutamento e seleção, a contratação de expatriados para suprir o déficit de mão de obra no mercado, o perfil dos profissionais da geração Y, as práticas de gestão de clima organizacional em embarcações e plataformas offshore, o mapeamento de competências técnicas, educação corporativa e formação de capital humano serão alguns dos temas abordados na conferência.

O evento é uma iniciativa da IBC com o patrocínio da Petra Executive Search e parceria de conteúdo da TN Petróleo.


Serviço

3ª Conferência Oil & Gas People Management
Data: 30 e 31 de janeiro de 2012
Local: Hotel Windsor Excelsior - Copacabana - Rio de Janeiro
Organização: IBC, empresa do Informa Group
Telefone: (11) 3017-6808

MATERIAIS ELÉTRICOS ISOLANTES - PARTE 3


Tabela 4.2 - Características de óleo para papéis de cabos
Características
Óleo fino
Óleo grosso
Peso específico a 20oC (g/cm3)
Ponto de solidificação (oC)
Ponto de inflamação (oC)
Resistividade (x cm)
óleo novo a 100oC,
após 40 horas a 120oC
Fator de perdas
óleo novo a 100oC,
após 40 horas a 120oC
0,86 a 0,88

- 30
150 - 170


> 25 x 1012
> 2,5 x 1012


£ 5 x 10-3
£ 30 x 10-3
0,92 a 0,94

- 5
250 a 270


> 0,5 x 1012
> 1,7 x 1012


£ 40 x 10-3
£ 70 x 10-3

Ao lado do fator de perdas (tg ơ), também a rigidez dielétrica ou a tensão de ruptura obtida em um equipamento de ensaio padronizado, são fatores importantes. Esse valor é de aproximadamente 200 kV/cm para óleos para óleos secos e novos na faixa de temperatura de – 40°C a + 50°C, destinados a transformadores, e destinados a transformadores, e de 120 kV/cm para óleo de disjuntores. Esses valores, porém devem ser usados com cuidado, face às influências dos campos elétricos entre os eletrodos de ensaio, devido à possível variação de seus formatos (planos, esféricos, etc.) e que, devido às diferentes configurações do campo elétrico, levam a campo heterogêneos com número variável de linhas por centímetro quadrado, e conseqüentemente, darão diferentes valores de ruptura, para mesmo afastamento (ou seja, diferentes valores de rigidez dielétrica).
A tensão de ruptura dielétrica mínima varia também com a classe de tensão em que o óleo é usado, bem como do equipamento onde é empregado.
Valores médios nesse sentido se situam entre 80 kV/cm até 140 kV/cm (na faixa de classes de tensão de 34,5 a 220 kV) para transformadores para redes e para instrumentos, e com valores de 40 kV/cm a 80 kV/cm (para classes de tensão de 34,5 a 69 kV) para dispositivos de comando.
No uso de equipamentos possuidores de óleo mineral, uma das providências de rotina é uma sistemática verificação da tensão de ruptura ou da rigidez dielétrica, face à constatação de um envelhecimento relativamente rápido e inexeqüível para diversas dessas aplicações. Como resultado, os próprios sistemas de manutenção prevêem a retirada periódica de amostras de óleo, e a verificação de suas características isolantes. Nota-se perfeitamente após um período por vezes relativamente curto (2 a 3 anos) que o óleo perdeu sensivelmente suas propriedades isolantes, reduzindo, por exemplo, em algumas vezes sua rigidez dielétrica. Dependendo do valor obtido, é necessário aplicar processos de purificação ou filtragem ou, em caso extremo, fazer a substituição do óleo envelhecido por outro novo.
A oxidação do óleo é um dos fatores que sempre estão presentes, e que se fazem sentir devido à presença do oxigênio do ar e da elevação de temperatura.
Em grau menor, a luz do dia pode atuar no mesmo sentido, razão pela qual o óleo deve ficar protegido de seus raios de luz. O tipo de cadeia de carbono que está presente também tem sua influência: certas ligações de cadeias de carbono se oxidam com maior facilidade. Como resultado, aparecem diversos ácidos orgânicos, além de água e materiais voláteis. Sob a ação do campo elétrico ou perante descargas internas, poderão acontecer decomposições moleculares, de modo que os produtos ácidos da oxidação se transformam em matérias com cadeia molecular extensa, devido à polimerização ou policondensação progressiva.
O início do envelhecimento do óleo é sempre caracterizado pelo aumento do coeficiente de acidez, apesar de que o grau de envelhecimento não pode ser avaliado com segurança pelo valor numérico desse coeficiente pois, os produtos ácidos que se formam, sofrem novas transformações, deixando de apresentar, assim, um comportamento ácido.
Além da própria contaminação do óleo e da perda parcial de suas propriedades, é importante analisar também as conseqüências da acidez do óleo sobre os demais materiais usados no equipamento. A celulose do papel, por exemplo, tem a tendência de absorver certos tipos de moléculas remanentes nas impurezas do óleo, deslocando este de sua impregnação no papel, ou senão de ser atacado por certas formações moleculares específicas.
Aliás, esse mesmo problema ocorre ao incidir água sobre um papel impregnado com óleo: água desloca o óleo e, sendo o primeiro um mau isolante, cria locais de isolação deficiente.
Além da rigidez dielétrica, outro fator que pode caracterizar o envelhecimento é a variação do fator de perdas (tg ơ) perante diferente freqüências. A Fig. (4.4) demonstra tal situação, no caso perante uma freqüência industrial de 60 Hz. Nota-se que, ao longo do tempo (no caso, praticamente três anos), o óleo corretamente purificado não alterou seu tg ơ, o mesmo já não acontecendo com os outros dois. Pela configuração das curvas, é possível concluir ainda sobre os tipos de produtos de oxidação que se apresentaram, e daí escolher a melhor maneira de eliminá-los.
Fig. 4.4 - Variação das perdas dielétricas de óleos minerais em função do grau de pureza e do envelhecimento os produtos de oxidação que se formam em uso, geralmente influem menos sobre o valor da rigidez dielétrica do que a presença de certos gases ou água no óleo.
A umidade presente no óleo provém, geralmente do ar; mesmo porque, no processo de fabricação do equipamento, todos os cuidados são tomados para eliminar a umidade, a qual penetra no equipamento em uso, devido à variação das pressões internas: um equipamento ligado se aquece, dilata-se o óleo e o ar interno é expulso do tanque; quando o equipamento é desligado, ocorre um esfriamento de todas as partes, conseqüentes contração, e um vácuo relativo na parte onde o ar foi expulso.
Daí, pela diferença entre pressões, a maior pressão externa forçará a entrada do ar externo. possuidor de certo grau de umidade, que vai se condensar internamente ao tanque, após o que escorre pelas paredes e entra em contato com o óleo.
Conforme já vimos anteriormente, os produtos de oxidação reduzem a tensão superficial do óleo, aumentando a capacidade de associação entre água e óleo, que assim fica em estado de emulsão dentro do óleo. Essa água, mesmo em pequenas quantidades (o óleo a 60 oC absorve 2% de água) irá influir de modo acentuado sobre a rigidez dielétrica do óleo. Problema semelhante ocorre se o óleo absorve gases, os quais também apresentam características isolantes inferiores às dos óleos, podendo levar assim a problema de baixa isolação.
Observa-se, em resumo, que a deterioração do óleo mineral pode ocorrer por diversas razões, externas e internas, devidas ao próprio processo de obtenção do óleo, ao contato com outros componentes (particularmente metálicos) e com elementos resultantes do ambiente em que o óleo vai operar. De todos estes, resultam produtos líquidos, sólidos e, eventualmente, gasosos, que influem negativamente sobre o óleo, e que assim, precisam ser eliminados. Surgem daí diversos processos de purificação como a eliminação de impurezas sólidas através de filtro-prensa ou centrifugação e eliminação da água em câmara a vácuo aquecida.
Outro problema apresentado pelos óleos minerais é a sua inflamabilidade, motivado não pelo contato direto com uma chama, mas sim devido à combustão espontânea quando sobre aquecido, colocando em risco o pessoal e os equipamentos próximos.
Por essa razão, equipamentos que usam óleos minerais dispõe de controladores temperatura (termômetros com contatos), que numa primeira etapa, ligam um alarme comunicando que o óleo atingiu seu valor máximo admissível; se nenhuma providência for tomada para reduzir a temperatura (redução de carga, aumento da velocidade de retirada de calor por refrigeração intensa, etc.), então, numa segunda etapa, é acionado o disjuntor de entrada, que assim desliga o equipamento.

O askarel
No desenvolvimento de líquidos que possam ser substitutos do óleo mineral, encontramos o askarel, quimicamente se compõe de um pentaclorodifenil (C6 H2 Cl3 C6 H2 Cl3) que se destaca sobretudo pelo fato de não ser inflamável, apresentando porém uma série de outros problemas e cuidados, que fazem com que hoje já se esteja a substituí-lo, provavelmente por um óleo à base de silicone. O askarel também não pode ser usado em aplicações onde se apresentam arcos voltaicos expostos, pois, nessas condições de temperatura, haverá rompimento da cadeia de HCl e desprendimento do cloro. Seu emprego, entretanto, já é mais recomendado em cabos e capacitores com isolamento em papel (e = 5 a 6) pois o askarel (e = 5), ao impregnar o papel confere-lhe uma característica mais homogênea e, conseqüentemente, uma distribuição de campo elétrico mais uniforme, do que se o impregnante fosse o óleo mineral (e = 2). Com isto, a capacitância dos capacitores pode ser elevada em até 40%.
Os askaréis se caracterizam ainda pela ausência de envelhecimento e da formação de subprodutos durante o seu uso. Com isso, varia pouco o valor da rigidez dielétrica de askaréis novos e em uso, não havendo necessidade de sistemas de purificação. Além disso, esse valor de rigidez dielétrica costuma ser mais elevado que o dos óleos isolantes. Sua temperatura de serviço é um pouco superior à do óleo, se localizando a 110°C.
Os askaréis se distinguem ainda dos óleos minerais, no seu manuseio. Enquanto os óleos são neutros, pouco ou nada reagindo com os materiais elétricos convencionais, os askaréis, devido à presença do cloro, são quimicamente ativos, atacando o sistema respiratório e visual dos que o manuseiam, ataque que se estende a alguns produtos dos componentes. Dessa forma, além de certas medidas de prevenção contra intoxicação orgânica, o uso dos askaréis exige uma verificação de seu comportamento com os materiais com os quais ficará em contato.
Alguns nomes comerciais do askarel são Clophen, Inerteen, Aroclor. O preço do askarel, é geralmente dez vezes superior ao do óleo mineral, o que também limita seu uso.

Óleos de silicone
Os óleos de silicone (cadeias Si - O - Si associado a grupos metílicos e fenólicos) são líquidos incolores e transparentes com uma gama bastante ampla de viscosidades e pontos de ebulição, caracterizando-se por um ponto de chama bastante elevado (300°C e acima) e baixo ponto de solidificação (- 100°C); como conseqüência, sua faixa de emprego se situa entre 200°C e – 60°C, faixa essa que ainda pode ser ampliada, sob certas condições. Mesmo variando a temperatura, a viscosidade não se modifica na mesma proporção, dentro de valores bem menores que os óleos minerais. São recomendados como lubrificantes em máquinas que trabalham a temperaturas muito altas ou baixas.
Utilizando-se das características básicas do silício, os silicones permanecem neutros perante a grande maioria dos elementos, o que lhes confere uma elevada estabilidade química e conseqüente ausência de envelhecimento. Ainda, se apresentam repelentes à água, evitando assim perda de características isolantes, e serviço. Consulte os valores numéricos das características elétricas, térmicas e químicas na Tab. 4.4.
Em áreas paralelas, graxas e óleos de silicone são preferidos como elemento de separação entre a massa de um molde e o molde propriamente dito, nas aplicações de injeção em plástico.
Silicones líquidos encontram ainda extensa aplicação em numerosos processos e produtos industriais tais como acréscimos de tintas e vernizes, lubrificantes e outros. São solúveis em benzol, toluol, éter e álcoois de grau superior, sendo insolúveis em óleos minerais e álcoois de grau inferior. O preço do óleo de silicone é, comparativamente muito alto em relação ao óleo mineral.

4.3.3 - Isolantes Pastosos e Ceras
As pastas ou ceras utilizadas eletricamente se caracterizam por um baixo ponto de fusão, podendo ter estrutura cristalina, baixa resistência mecânica e baixa higroscopia.

Parafina
É o material pastoso não-polar mais usado e mais barato. É obtido de uma das fases de decomposição do petróleo, com elevado teor de metana, através de uma destilação adequada.
Após o esfriamento desse destilado, a pasta de parafina se separa do volume restante de material; a parafina assim obtida passa por processo de purificação subseqüente, para eliminar restos de óleo e de materiais residuais de fácil oxidação. Uma parafina de boa qualidade se apresenta com os valores numéricos da Tab.(4.4) com aparência branca, livre de ácidos, de bolhas impurezas. A constante dielétrica (e) se reduz com elevação de temperatura, mudando bruscamente seu valor quando passa do estado sólido ao líquido. É altamente anti-higroscópio ou repelente à água, o que mantém elevada sua rigidez dielétrica e a resistividade superficial e transversal, e o recomenda como material de recobrimento de outros isolantes.
A baixa estabilidade térmica - veja seu ponto de fusão na tabela - representa vantagem e desvantagem. Se um lado, esse valor demonstrar a desnecessidade de calorias elevadas para liqüefazer a parafina durante um processo de impregnação ou recobrimento, facilitando assim o seu emprego, essa mesma propriedade limita seu uso para os casos em que o nível de aquecimento do componente se mantém baixo. Esse último caso praticamente só ocorre na área das baixas perdas Joule às baixas correntes circulantes, situação encontrada particularmente nos componentes eletrônicos. Assim, a importante característica de repelência à água, muito procurada para componentes eletrotécnicos usados ao ar livre, não pode ser satisfatoriamente resolvida com a parafina.

Pasta de silicone
Com uma estrutura molecular semelhante à dos óleos de silicone, e guardando também basicamente as mesmas propriedades, as pastas de silicone são usadas mais com finalidades lubrificantes do que elétricas, quando freqüentemente recebem o acréscimo de pó de grafita para melhorar suas características antifricção. São usadas, eletricamente, para proteção de partes onde se deve reduzir a oxidação, tal como peças de contato, em articulações condutoras e outras, e também são usadas como pastas de recobrimento de partes isolantes expostas que devem manter elevada resistividade superficial. Neste último caso, prevalece a característica da pasta de silicone de ser repelente à água.

Resinas
Um verniz é aplicado na forma líquida, e solidifica durante a sua aplicação, passando ao estado sólido em sua fase final. Assim, o verniz não é propriamente um isolante líquido, apesar de ser adquirido nesse estado físico. Um verniz é constituído de um solvente e uma matéria-prima capaz de formar uma película, um filme geralmente representado por uma resina.
Define-se resina como uma família bastante grande, freqüentemente ampliada, de matérias-primas que, apesar de origens e características diferentes possuem composição química ou propriedades físicas semelhantes. São misturas estruturalmente complexas, de elevado número molecular e elevado grau de polimerização, Perante baixas temperaturas, as resinas são massas vitrificadas, amorfas. A maioria das resinas se apresenta quebradiça à temperatura ambiente, dependendo da maior espessura da camada em que se encontram. Em camadas finas se tornam flexíveis. Quando aquecidas, podem amolecer dentro de certos intervalos de temperatura, se tornam plásticas e podem chegar ao estado líquido. Geralmente as resinas não se caracterizam por um certo ponto de fusão.
As resinas podem ser classificadas em naturais e sintéticas. Resinas naturais são de origem animal (como a goma-laca) ou vegetal (Kopal). São obtidas na forma final, bastando-lhes aplicar um processo relativamente simples de purificação.
Já as resinas sintéticas, em número maior e sempre crescente, são obtidas por complexos processos químicos, reunindo diversas matérias-primas. Dentro desse grupo se destacam geralmente, as resinas polimerizadas, as condensadas e as à base de celulose.
As resinas podem ainda ser classificadas em termofixas (termoestáveis) ou termoplásticas. Essa classificação se baseia na produção fundamental de plásticos, onde a resina, ao lado de outras matérias-primas, é aquecida até sua plastificação, estado em que é colocada em moldes que lhe conferem a forma final de uso, sendo posteriormente esfriada até a temperatura ambiente, na qual se apresenta sólida. Ambos os tipos, os termofixos e termopláticos, têm, até esse ponto, comportamento geral parecido.
Se agora, após a solidificação, aplicarmos novamente a temperatura de plastificação a ambas as resinas, vamos notar que a resina termoplástica novamente amolece, enquanto a termofixa se mantém sólida. Continuando o aquecimento da termofixa, atingiremos uma mudança do seu estado apenas a temperaturas bem mais elevadas, nas quais se carboniza sem amolecer.
Em relação às famílias de resinas antes mencionadas, vamos notar que uma grande parte das resinas polimerizadas pertence aos termoplásticos, enquanto que as condensadas podem tanto ser termofixas quanto termoplásticas. As que têm origem na celulose são termoplásticas.

Vernizes
Os vernizes são produtos resultantes de sinas com um solvente, este último eliminado na fase final do processo. Usando resinas, como as analisadas no capítulo anterior, os vernizes mantém na forma final as propriedades das resinas, classificando-se em três grupos, a saber:
a) vernizes de impregnação,
b) vernizes de colagem,
c) vernizes de recobrimento.
Vernizes de impregnação
É o tipo geralmente encontrado em associação com papéis, tecidos, cerâmicas porosas e materiais semelhantes. Sua função é preencher o espaço deixado internamente a um material, com um isolante de qualidade e características adequadas, evitando a fixação de umidade, que seria prejudicial às características elétricas.
O seu processo de aplicação é o seguinte: o material isolante fibroso ou poroso é colocado numa estufa, para dele se retirar toda ou quase toda a umidade, que ocupou os interstícios do material devido à sua presença no ar circundante. Esta eliminação é feita em estufa, regulada para o material que se deseja secar, para evitar que a temperatura presente venha a prejudicar as características do material. Uma vez eliminada a umidade, o material é colocado em contato direto com o verniz de impregnação, seja através da imersão em recipientes contendo o verniz seja na forma de injeção do verniz sobre o material, sob pressão. Com o fechamento de poros e vazios dentro do material, eleva-se acentuadamente a condutividade térmica e a rigidez dielétrica e reduz-se higroscopia, o que beneficia ainda mais as características do isolante impregnado.
Uma vez impregnado, o verniz é seco em estufa, eliminado-se o solvente. Essa eliminação pode eventualemente ser feita ao ar livre, sem estufa; observa-se, entretanto, que vernizes que secam ao ar livre apresentam geralmente elevado grau de envelhecimento.
Além da melhoria das propriedades elétricas e térmicas, observa-se também uma melhoria das propriedades mecânicas, uma vez que, com a complementação do volume por um material sólido, a transferência de tensões mecânicas se faz em toda a seção aplicada, o que reduz a concentração de esforços e eleva os valores que podem ser aplicados.

Vernizes de recobrimento
Se destinam a formar sobre o material sólido de base, uma camada de elevada resistência mecânica, lisa, e à prova de umidade e com aparência brilhante. Sua aplicação, assim é especialmente necessária em corpos isolantes porosos e fibrosos, bem como na cobertura de matais (fios esmaltados). No caso particular de seu uso com isolantes porosos e fibrosos a sua ação se faz sentir por uma elevação da resistência superficial de descarga e conseqüente tensão de descarga externa.
Eleva-se a resistência à penetração de umidade, apesar de que, para proteger neste sentido, o isolamento também deveria ser impregnado, pois qualquer fissura ou remoção da camada de verniz de cobertura pode colocar o isolamento em perigo. Sendo a superfície lisa, torna-se mais difícil a deposição de poeiras e outros detritos, além de facilitar a limpeza.

Vernizes de colagem
Diversos isolantes quando purificados, perdem consistência devido à eliminação de materiais de colagem entre suas diversas porções. Em outros casos, o próprio isolamento, em geral sintético, não apresenta a necessária consistência ou coeficiente de atrito, para permitir seu uso em eletricidade. Como exemplo do primeiro caso, podemos citar a mica, que ao ser purificada, se desmancha grande número de pequenas lâminas, sem possibilidade de se formar um sólido de dimensões definidas e fixas. Outro caso, como exemplo da segunda hipótese, é o da fibra de vidro. As fibras em si são lisas, não se estabelecendo entre elas, mesmo formando um tecido, a necessária consistência para que o tecido de fibra de vidro possa ser usado tecnicamente na área elétrica.
Note-se que, em ambos os casos, não se trata da necessidade de um verniz que se impregne no sólido, pois os sólidos em si são bastante compactos; por outro lado, também não é
o caso de um recobrimento. Portanto, nessas condições, o necessário é um verniz que cole entre si as diversas partes do isolamento: é o verniz de colagem.
Uma outra aplicação desse tipo de verniz é também a colagem de isolantes sobre metais.
Distinguem-se tais vernizes por baixa higroscopia e boas características isolantes.
Na prática, uma verniz não apresenta unicamente uma dessas propriedades. Todos eles possuem uma certa predominância de alguma das três propriedades indicadas, vindo porém acompanhadas de mais ou duas outras propriedades.

4.3.4 –Isolantes Sólidos
Isolantes fibrosos
Fibras isolantes podem ser orgânicas e inorgânicas. As orgânicas mais encontradas são a celulose, o papel, o algodão, a seda e outras fibras sintéticas ou naturais. Já as inorgânicas são representadas sobretudo pelo amianto e fibra de vidro.
O papel
A matéria-prima básica do papel é a celulose. Uma celulose praticamente pura é obtida a partir do algodão, sobretudo usando aquelas fibras que não são usadas para finalidades têxteis.
Entretanto, a maior parte da celulose provém de árvores, de mais diferentes tipos.
É muito freqüente até os dias atuais o uso de papel para finalidades elétricas, sobretudo devido à grande flexibilidade, capacidade de obtenção em espessuras pequenas, preço geralmente razoável e estabilidade térmica em torno de 100oC, o que é também razoável. O maior problema do papel está em sua elevada higroscopia, o que condiciona seu uso na eletrotécnica e uma impregnação adequada com óleos ou resinas.
Essa elevada higroscopia é conseqüência da disposição irregular e cruzada das fibras, deixando grande número de aberturas ou interstícios no seu interior, que na impregnação, são ocupados por isolante adequado. Geralmente apenas 40% do volume do papel é de fibras, o restante são espaços livres.
Além das favoráveis propriedades elétricas do papel, ele se destaca por uma elevada resistência mecânica, tanto ao longo da fibra quando transversalmente. Esse comportamento é importante, por exemplo, no uso do papel como isolante de cabos, onde, tanto na fabricação quanto no uso, os papéis ficam sujeitos a acentuados esforços de tração e de compressão, quando o cabo é tracionado e dobrado. A tração é mais acentuada durante a própria aplicação do papel como camada isolante sobre o material condutor. Nesse processo, aplica-se uma acentuada força de tração, para se evitar ao máximo a existência de bolhas de ar entre o condutor e o papel e entre as camadas de papel entre si.
O papel também permite um dobramento acentuado sem “quebrar” suas fibras, característica importante quando o diâmetro da peça a ser isolada é pequeno ou quando existem ângulos de pequeno valor.
O comportamento térmico do papel é outro aspecto. Nesse sentido, a propriedade de suportar ou não certos níveis de temperatura depende acentuadamente da natureza da fibra.
Celulose sulfitada não pode ser solicitada, por exemplo, a 100°C por um tempo razoavelmente longo, ao contrário de celulose sulfatada, que não apresenta maior modificação de propriedades quando exposta a 100°C, durante uma semana. O envelhecimento da fibra desse papel de celulose ainda é mínimo a 120°C se forem aplicados durante 48 horas, ou 135°C durante algumas horas.
Acima desses valores, procede-se uma modificação molecular da celulose devido à ação do vapor de água e de outros gases prejudiciais.
Pelas razões expostas, um papel ao ser utilizado eletricamente, deve ser seco a vácuo, quando então fica livre da umidade que penetra no material durante o seu próprio manuseio na fabricação das camadas isolantes.
Papéis são utilizados ainda hoje em grande número de casos, apesar de ser um produto em uso desde longa data e dos problemas e cuidados que devem ser tomados. Observa-se porém, que a tendência é substituí-lo por materiais fibrosos sintéticos, que permanentemente estão sendo desenvolvidos e produzidos.
O papel na forma mais simples isola espiras de fios, caso em que vem impregnado com óleo ou vernizes. Este é basicamente o caso de capacitores, onde o papel isola entre si as placas condutoras.
Em outra forma, o papel que é flexível por natureza, é impregnado com verniz que ao secar, se torna rígido; é o caso de placas usadas como base de suporte de outros componentes ou mesmo como separadores dielétricos, no caso de barramentos ou de base de suporte de núcleos de transformadores ou dos enrolamentos de motor, dentro da ranhura.

Fibras Sintéticas
Grande parte dos produtos fibrosos naturais, como o algodão e a seda natural, estão sendo sistematicamente substituídos por fibras sintéticas, de variedade cada vez maior, sempre que o preço e suas propriedades justificarem essa substituição. Em uma primeira fase, a seda artificial encontrou aplicação; hoje porém, já substituída por fibra de vidro ou fibras de poliamida ou outros sintéticos. Esses materiais, em geral, melhoraram as características elétricas, mecânicas e químicas (envelhecimento) dos produtos em que são usados, sempre que uma produção em grande escala se justificar, para poder economicamente competir com as fibras existentes.
Diversos poderiam ser os produtos aqui mencionados. Vamos, porém, nos limitar aos dois exemplos dados a seguir.

Fibras de poliamida
São fibras usadas freqüentemente como reforços mecânicos de cabos de utilização especial, sempre que as condições de uso exigem um material resistente à ação do fogo, elevada flexibilidade e capaz de suportar elevados esforços de tração.
Sendo fibras sintéticas, por natureza de massa compacta e não porosa como as fibras de celulose e, além disso, tendo em geral uma superfície externa lisa, com baixo coeficiente de atrito, torna-se imprescindível a aplicação de um verniz de colagem, capaz de conferir ao tecido assim fabricado, a necessária consistência mecânica, o que, por sua vez, garante manter a continuidade de uma camada elétrica isolante.
Essas fibras são manufaturadas e consumidas em forma de fitas isolantes, que suportam até 2000 kgf/cm2, com espessura em torno de 0,5 a 1,5 mm.

Fibras de vidro
Derivada do vidro isolante, a fibra de vidro é obtida com espessura de 5 a 10 mm (micrometros). A matéria-prima deve ser vidro livre de álcalis, para evitar o aparecimento de fissuras capilares tendentes a reter a umidade, prejudicando assim a propriedade de resistência superficial. Logo após sua fabricação, recomenda-se envolver a fibra de vidro com uma camada protetora contra ação do ambiente.
A fibra de vidro se carateriza por uma estabilidade térmica sensivelmente mais elevada do que a de outras fibras. Por essa razão, fibras de vidro adequadamente associadas a resinas da família dos epoxes, são freqüentemente encontradas quando se trata de utilizar um material isolante capaz de suportar temperaturas de 200-300°C ou mais. Casos típicos são as câmaras de extinção do arco voltaico, sobretudo em disjuntores de média e alta-tensão com reduzido volume de óleo. A exemplo dos comentários anteriormente feitos para a fibra de poliamida, a fibra de vidro também necessita um tratamento com verniz de colagem, para fornecer produtos elétrica e mecanicamente adequados.

Materiais Cerâmicos
Reúne-se sob a designação de cerâmicas um grupo de materiais de elevado ponto de fusão, que em geral, são manufaturados a frio na forma plástica e que sofrem processos de queima até temperaturas de 2000°C. Apenas após a queima, o material adquire as características que permitem seu uso técnico. Cerâmicas são matérias-primas de uso bastante antigo, inicialmente apenas como utensílio doméstico, mas até hoje com utilização elétrica bastante importante.
As matérias primas mais importantes são o quartzo, o feldspato, o caolim e a argila, havendo ainda uma série de aditivos em menor porcentagem mas de influência sensível no produto resultante. O caolim é formado de microcristais do tipo folheado, resultante da composição de granito e feldspato, devido à ação da água, ácido carbônico e outros gases ácidos.
Materiais cerâmicos se caracterizam geralmente pelo preço baixo, por um processo de fabricação relativamente simples, e devido às características elétricas, térmicas e físicas vantajosas que podem apresentar, quando o processo de fabricação é bem cuidado.
Os componentes básicos mencionados têm, cada um, sua influência predominante no aspecto térmico, mecânico ou dielétrico. Assim, fazendo-se a análise em termos gerais, tem-se:
a) aspecto térmico - o componente que influi termicamente é o quartzo; portanto, quanto maior sua porcentagem, maior é a temperatura suportada por essa porcelana;
b) aspecto dielétrico - é o feldspato o componente que define o comportamento isolante, ou seja, os valores de rigidez dielétrica, o fator de perdas, etc;
c) aspecto mecânico - a exemplo da grande maioria dos demais materiais isolantes, os esforços melhor suportados pelos mesmos, são os de compressão, apresentando perante essas solicitações, valores dez vezes superiores aos de tração. Esses valores são conseqüência da porcentagem de argila e caolim presentes na massa cerâmica.
Os três grupos mencionados compõem basicamente uma porcelana, sem prejuízo de acréscimos outros bastante importantes mas de porcentagem menor. Portanto, para o preparo da massa a ser trabalhada, deve-se estabelecer primeiramente a aplicação que a porcelana terá, para então, em função das condições elétricas ou dielétricas, mecânicas e térmicas que o material deve suportar, estabelecer a porcentagem de cada um.
A porcelana, até aqui referida, é apenas um exemplo de produto cerâmico, apesar de que, em tese, o processo de fabricação dos demais é semelhante, variando apenas a composição.
Condensado na Tab. (4.3), podemos destacar os produtos relacionados a seguir:
1. Porcelana de isoladores Destinada a fabricação de isoladores de baixa, média e alta-tensão, para redes elétricas, dispositivos de comando, transformadores, etc. Deve apresentar
comportamentos elétrico e mecânico adequado.
2. Cerâmica de capacitores. Distingue-se pela elevada constante dielétrica, aplicando-se em capacitores de baixa e alta-tensão. Não são solicitados por esforços mecânicos elevados.
3. Cerâmica porosa. Próprios para receber fios resistivos destinados à fabricação de resistores de fornos elétricos e de câmaras de extinção.