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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Urgência na política de gás natural




Localizado em reservatórios subterrâneos, o gás natural (GN) é frequentemente encontrado associado ao petróleo. A descoberta das jazidas requer uma sofisticada tecnologia que inclui o reconhecimento do potencial de uma área e a perfuração de poços. O GN é uma mistura de hidrocarbonetos, principalmente metano, mas também pode conter etano, propano, butano e pentano. Uma vez retirado do subsolo, o GN é refinado para a remoção de impurezas tais como água, areia e outros gases e compostos. Depois do refino, o GN é limpo e transportado por uma rede de gasodutos ou liquefeito e colocado em navios.

O gás natural é a mais limpa, eficiente e versátil dentre as fontes primárias de energia fóssil. Além disso, apresenta outras vantagens, como abundância, disponibilidade e possibilidade de ser utilizado para firmar a demanda, quando consumido em conjunto com outras fontes renováveis. Tais características conferem ao gás natural um papel primordial em uma economia menos carbonointensiva e mais sustentatável.

Diversos países estão progressivamente focando suas políticas energéticas em direção à promoção de energias renováveis. No entanto, devido a questões políticas, técnicas, econômicas e mercadológicas, o período esperado para atingir uma matriz de base renovável será longo e exigirá significativos incentivos governamentais. Portanto, no futuro próximo, as fontes de energia fósseis continuarão a ser responsáveis por uma grande parcela da matriz energética.

Nossa vizinha Argentina é considerada como uma das maiores reservas de gás de xisto e os investimentos na sua exploração já começaram

Diante desse cenário é urgente que o governo brasileiro desenvolva uma política para o gás natural. Em particular, uma política de preços que promova um crescimento da sua participação na nossa matriz energética. É no mínimo questionável que o preço do gás natural no Brasil não reflita o fato da oferta do nosso gás ser preponderantemente gás associado ao petróleo. O gás associado pode ter três destinos: a sua queima, o que hoje é totalmente inviável diante das pressões ambientais, reinjetado ou disponibilizado ao mercado.

No final dos anos 1980 e primeira metade dos 1990 a Petrobras disponibilizou gás ao mercado por um preço mais baixo, com o objetivo de manter a produção de petróleo, já que naquela época o país possuía um problema de balança comercial devido às grandes importações de petróleo. Com a abertura do mercado de petróleo e o início dos leilões, o governo promoveu um aumento no preço do gás nacional para atrair mais empresas para explorar e produzir petróleo e gás no país. Com o pré-sal faria total sentido repensar a atual política de preços com um olhar na política adotada no Inal dos anos 1980 e a primeira metade dos 1990.

O mercado de gás natural vem expandindo sua oferta através do chamado shale gas, o gás de xisto, o que vem provocando uma queda acentuada nos preços no mercado americano. A nossa vizinha Argentina já é considerada como uma das maiores reservas de gás de xisto e os investimentos na sua exploração já começaram. É urgente uma política para o gás natural no Brasil.

(*) Adriano Pires é diretor do CBIE – Centro Brasileiro de InfraEstrutura

Fonte: Brasil Econômico/Clipping CanalEnergia, fevereiro/12

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