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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Capes homologa pós-graduação em Estudos Marítimos

O Conselho Técnico-Científico do Ensino Superior (CTC), órgão máximo de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior do Ministério da Educação (CAPES - MEC), homologou a criação do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos (PPGEM), em nível de Mestrado Profissional (“stricto sensu”) a ser ministrado na Escola de Guerra Naval (EGN), no Rio de Janeiro. O novo curso passa a integrar o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG), a ser regularmente acompanhado e avaliado por aquela Coordenação, sendo o primeiro curso da área e todo o território nacional.
Os Estudos Marítimos conformam um campo acadêmico interdisciplinar, que abrange as relações políticas e sociais do homem com os espaços marítimos e as águas interiores. O Programa se estrutura em torno da área de concentração “Segurança, Defesa e Estratégia Marítima”, contando com três Linhas de Pesquisa: I – Política e Estratégia Marítimas; II – Regulação do uso do mar e Cenarização; e III – Ciência, Tecnologia & Inovação e Poder Marítimo.
O PPGEM terá duração de dois anos letivos, sendo aberto a civis e militares. O edital do processo seletivo, divulgado em 30 de setembro, prevê o período de inscrições até 08 de novembro (disponível em: http://www.egn.mar.mil.br/posgrad/ppgem). O ano letivo do novo programa terá início em 2014, ano do centenário da EGN.
 Fonte: Ascom Marinha

Justiça solicita parecer do MP sobre recuperação judicial da OGX

O juiz da 4ª Vara Empresarial da Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Gilberto Clovis Faria Matos, solicitou nesta segunda-feira (4) um parecer ao Ministério Público (MP) sobre o pedido de recuperação judicial feito pela OGX, petroleira do grupo EBX, do empresário Eike Batista.
Segundo advogados especializados em processos de recuperação judicial, a solicitação de um parecer do MP é comum em casos desse tipo.
Nesta etapa do processo, a Justiça busca avaliar se a documentação apresentada está de acordo e se sustenta o pedido de recuperação judicial.
O pedido da OGX foi protocolado na semana passada pelo escritório Sergio Bermudes. Na ocasião solicitaram a proteção judicial quatro empresas do grupo: OGX Petróleo e Gás Participações, OGX Petróleo e Gás, OGX International GMBH e OGX Austria GMBH.
O valor total da dívida apresentada pelas quatro empresas é de R$ 11,2 bilhões.
De acordo com matéria publicada hoje pelo 'Valor', o processo de recuperação judicial da OGX deve ser coordenado por um pool de juízes, a exemplo do que ocorreu no caso da Varig.
 Fonte: Valor Online

Liderroll apresenta maior rolete do mundo na Rio Pipeline


Liderrol apresenta maior rolete do mundo
Foto TN Petróleo
Os maiores roletes já fabricados no mundo para suportação de tubulações estão a mostra pela primeira vez na Rio Pipeline. Criados e fabricados pela Liderroll, os equipamentos estão sendo usados na tubulação de água da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Pernambuco. A tubulação, de 72 duas polegadas, precisou ser equipada com uma base especial para manter a acomodação do sistema e garantir a integridade dos dutos mesmo com o grande peso envolvido na operação.

“As tubulações com grandes diâmetros merecem estudos específicos e tratamento diferenciado, expertise que só a Liderroll possui hoje no Brasil. Desenvolvemos este projeto durante alguns meses e já estamos trabalhando em outros, pensando em novos desafios que teremos pela frente”, disse o presidente da Liderroll, Paulo Fernandes.

Os roletes especiais, que terão peso médio de 1,8 tonelada cada um, foram projetados em seis meses e fabricados em 120 dias. O projeto foi contratado em exclusividade com a Liderroll pela Alusa Engenharia, que assumiu junto a Petrobras o desafio de utilizar o novo conceito de suportação de dutos.

A Liderroll desenvolve soluções em engenharia, com vários produtos de suportação especial de dutos, além de fornecer serviços de caldeiraria fina, projetos especiais, fabricação de peças e equipamentos. Ela possui a patente dos roletes em polímeros especiais em 52 países.

Para Paulo Fernandes, a participação da companhia na Rio Pipeline já é uma tradição. “Acreditamos no evento e o apoiamos. Este ano tivemos empresas de 20 países e mais de 150 expositores. Gostamos desse intercâmbio. Assim como a feira do Canadá, sempre apresentamos alguma ideia de vanguarda, que faz de nós uma empresa diferenciada. Somos os vencedores, inclusive, do ultimo Prêmio ASME de Inovação, realizado aqui no Brasil, em 2011”.
Fonte: Assessoria de Comunicação Liderroll/TN Petróleo, setembro/13
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sábado, 23 de novembro de 2013

SEM DANOS AO MEIO AMBIENTE - Bioeletricidade atinge o equivalente a uma Belo Monte em potência instalada


Um novo marco foi atingido no início do mês de novembro de 2013 pela energia gerada a partir da biomassa no Brasil. Essa fonte foi responsável por um total de 11.250 MW em potência instalada, por meio de 474 usinas em operação, número que supera a capacidade a ser estabelecida na Usina Belo Monte até 2019, estimado em 11.233 MW. Em termos de potência, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás da usina chinesa Três Gargantas (22.400 MW) e da Usina de Itaipú (14.000 MW).
Para o gerente em bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Zilmar Souza, isto mostra o potencial que tem a fonte biomassa em geral, particularmente o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. “O novo patamar atingido é motivo de orgulho, mas não podemos comemorar como deveríamos pois ainda temos dúvidas sobre as perspectivas de longo prazo e o avanço dessa fonte na matriz elétrica. A biomassa já é estratégica para a matriz brasileira, mas temos que avançar muito ainda”, comenta.
Segundo a Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a biomassa da cana é a principal fonte de geração do país, com 9.180 MW (81,6% do total), seguida pelo licor negro, combustível resultante de processo da indústria de papel e celulose, que representa 1.530 MW (13,6% do total). O restante da potência instalada pela fonte biomassa é preenchido pela geração por meio de resíduos de madeira, biogás, capim elefante, óleo de palmiste, carvão vegetal e casca de arroz.
Dados da Aneel mostram que a capacidade convencionada total do Brasil atualmente é de 133.848 MW e as termelétricas a biomassa em geral, com seus 11.250 MW em operação, representam mais de 8% do total da matriz brasileira. Isso coloca a biomassa em terceira posição, atrás apenas das usinas hidrelétricas e a gás natural.
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a bioeletricidade em geral ofertada para o setor elétrico em agosto deste ano, por exemplo, respondeu por 5,3% do consumo de energia elétrica no Brasil, justamente no período crítico para o setor elétrico, ou seja, no chamado período seco, de abril a novembro de cada ano.
Para Souza, é possível ir além dessa contribuição já significativa pois, segundo a própria Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial técnico de exportação para o sistema elétrico pela bioeletricidade da cana, até 2022, seria da ordem de 14 GW médios. Esse total equivale à energia produzida por três usinas do porte do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte.
Uma Belo Monte... e agora?
Com o novo patamar atingido em termos de capacidade e o potencial existente para instalar mais uma, duas ou até três Belo Monte, a questão passa a ser como voltar a estimular o investimento nessa importante fonte renovável. “Precisamos não somente saber estimar o potencial dessa fonte, mas também traçar as diretrizes que transformem esse potencial em capacidade instalada efetiva, caso contrário aqueles 14 GW médios estimados pelo governo não virarão realidade em termos de geração até 2022”, comenta Souza.
Para o executivo, estimular a bioeletricidade passa necessariamente por reconhecer um preço correto nos leilões regulados promovidos pelo governo federal, agregando as externalidades positivas que essa fonte representa para o sistema elétrico. “É preciso refinar o modelo de precificação nos leilões regulados, procurando incorporar as externalidades não só da biomassa como das demais fontes também, fato que certamente promoveria o desenvolvimento da bioeletricidade na matriz elétrica brasileira”, aponta Souza.
Um novo marco foi atingido no início do mês de novembro de 2013 pela energia gerada a partir da biomassa no Brasil. Essa fonte foi responsável por um total de 11.250 MW em potência instalada, por meio de 474 usinas em operação, número que supera a capacidade a ser estabelecida na Usina Belo Monte até 2019, estimado em 11.233 MW. Em termos de potência, Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás da usina chinesa Três Gargantas (22.400 MW) e da Usina de Itaipú (14.000 MW).
Para o gerente em bioeletricidade da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Zilmar Souza, isto mostra o potencial que tem a fonte biomassa em geral, particularmente o bagaço e a palha da cana-de-açúcar. “O novo patamar atingido é motivo de orgulho, mas não podemos comemorar como deveríamos pois ainda temos dúvidas sobre as perspectivas de longo prazo e o avanço dessa fonte na matriz elétrica. A biomassa já é estratégica para a matriz brasileira, mas temos que avançar muito ainda”, comenta.
Segundo a Agencia Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a biomassa da cana é a principal fonte de geração do país, com 9.180 MW (81,6% do total), seguida pelo licor negro, combustível resultante de processo da indústria de papel e celulose, que representa 1.530 MW (13,6% do total). O restante da potência instalada pela fonte biomassa é preenchido pela geração por meio de resíduos de madeira, biogás, capim elefante, óleo de palmiste, carvão vegetal e casca de arroz.
Dados da Aneel mostram que a capacidade convencionada total do Brasil atualmente é de 133.848 MW e as termelétricas a biomassa em geral, com seus 11.250 MW em operação, representam mais de 8% do total da matriz brasileira. Isso coloca a biomassa em terceira posição, atrás apenas das usinas hidrelétricas e a gás natural.
De acordo com a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), a bioeletricidade em geral ofertada para o setor elétrico em agosto deste ano, por exemplo, respondeu por 5,3% do consumo de energia elétrica no Brasil, justamente no período crítico para o setor elétrico, ou seja, no chamado período seco, de abril a novembro de cada ano.
Para Souza, é possível ir além dessa contribuição já significativa pois, segundo a própria Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial técnico de exportação para o sistema elétrico pela bioeletricidade da cana, até 2022, seria da ordem de 14 GW médios. Esse total equivale à energia produzida por três usinas do porte do aproveitamento hidrelétrico de Belo Monte.

Uma Belo Monte... e agora?
Com o novo patamar atingido em termos de capacidade e o potencial existente para instalar mais uma, duas ou até três Belo Monte, a questão passa a ser como voltar a estimular o investimento nessa importante fonte renovável. “Precisamos não somente saber estimar o potencial dessa fonte, mas também traçar as diretrizes que transformem esse potencial em capacidade instalada efetiva, caso contrário aqueles 14 GW médios estimados pelo governo não virarão realidade em termos de geração até 2022”, comenta Souza.
Para o executivo, estimular a bioeletricidade passa necessariamente por reconhecer um preço correto nos leilões regulados promovidos pelo governo federal, agregando as externalidades positivas que essa fonte representa para o sistema elétrico. “É preciso refinar o modelo de precificação nos leilões regulados, procurando incorporar as externalidades não só da biomassa como das demais fontes também, fato que certamente promoveria o desenvolvimento da bioeletricidade na matriz elétrica brasileira”, aponta Souza
Fonte: Ascom Unica

MPF-MS investiga transferência da Enersul para Energisa

Orgão quer saber como anda o processo e qual a situação econômica e operacional da distribuidora
Por Wagner Freire
Crédito: GettyImages
O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF-MS) instaurou inquérito civil para apurar e acompanhar os atos relacionados à intervenção administrativa do Governo Federal na concessionária Enersul, bem como o processo de transferência do controle societário da distribuidora para o grupo Energisa.
Jornal da Energia teve acesso ao inquérito (nº 110/2013), instaurado em 2 de outubro deste ano a pedido do procurador da República Emerson Kalif Siqueira. Segundo o MPF, as investigações estão em fase preliminar de levantamento de informações.
A Enersul, distribuidora de energia elétrica do Mato Grosso do Sul, faz parte do falido grupo Rede Energia, que desde 31 de agosto de 2012 é objeto de intervenção administrativa, onde executivos escolhidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) administram as oito empresas que foram o grupo.
Na exposição de motivos, o procurador justifica o inquérito. Ele explica que a apuração dos fatos é necessária, pois tem potencial efeito sobre os consumidores sul-mato-grossenses, "em especial no que se refere à eficiência na prestação dos serviços públicos".
O documento exige que a Aneel encaminhe à Procuradoria da República informações sobre a situação em que se encontra a Enersul, especialmente no que toca a saúde financeira e o nível de adimplência da empresa. Também pede que a agência reguladora informe sobre a atual fase em que se encontra a transferência societária do grupo para a Energisa, bem como o cronograma de ações relacionadas ao processo.
Na última terça-feira (19/11), a Aneel cumpriu mais uma fase do processo de recuperação judicial. Foi instaurada audiência pública, entre dos dias 20 e 29 de novembro, que objetiva colher contribuições a respeito do plano, que já foi aprovado pelos acionistas em assembleia geral e pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Além da Enersul, estão sob intervenção as distribuidoras Cemat (MT), Celtins (TO), Companhia Força e Luz do Oeste (SP), Caiuá Distribuição (SP), Vale Paranapanema (SP), Nacional (SP) e Bragantina (SP).

ARREPENDIDO - Edvaldo Santana: Tempo perdido na diretoria da Aneel

Prestes a deixar o cargo, diretor diz que aliada à sensação de dever cumprido, fica o amargo sentimento de que os retrocessos do setor superaram os avanços
Por Adriana Maciel, de Brasília
Crédito: Agência Brasil
Foram treze anos de trabalho na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel); oito dos quais à frente da diretoria da agência reguladora. Com o sentimento de “tempo perdido”, Edvaldo Santana deixará a Aneel em 22 de dezembro. Com mais empolgação, Santana afirma que o tempo como superintendente de Estudos Econômicos de Mercado foi muito mais válido, porque nesta função, ele pôde testemunhar o setor elétrico avançar em seus objetivos. Já na fase como diretor, acredita que muita coisa retrocedeu. E a pergunta que fica é: será que valeu a pena?
O engenheiro, nascido em Aracaju (SE), falou sem rodeios sobre polêmicas do setor elétrico, como a Medida Provisória 579, a Resolução CNPE 03, a relação Governo x Aneel, os processos de leilões e os novos indicados à diretoria da agência. Também afirmou que a Aneel sempre olha para o consumidor, diferentemente do que os críticos da agência reguladora dizem. Além de contar um pouco sobre sua trajetória até aqui, ressaltou que a independência é a qualidade mais importante que um futuro diretor deve ter. E apesar dos desgastes, foi algo que lutou muito para conquistar.
Com vasta produção científica no campo da regulação e de mercados de energia elétrica, o diretor publicou diversos artigos científicos nacionais e internacionais. Mestre e doutor em Engenharia da Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Edvaldo Santana também é professor licenciado desta universidade. Aliás, voltar às salas de aula é o que pretende fazer depois que cumprir seu mandato na Aneel.“Vou cansar de dar aula. Se eu parar de trabalhar, eu morro rápido. Vou aproveitar o que aprendi aqui para dar mais aula”, destacou.
Confira os principais trechos da entrevista, concedida com exclusividade à Revista GTD Energia Elétrica. A íntegra pode ser conferida na versão online
Foram oito anos participando do colegiado de diretores da Aneel. Que balanço o senhor faria desse período em que atuou junto à diretoria da agência reguladora?
Eu gosto mais do período anterior a ser diretor, mas o balanço foi positivo, acho que tivemos divergências aqui e acolá, mas no geral, muito provavelmente na média, as decisões tomadas nesse período, seja eu como diretor ou não, foram mais corretas do que incorretas, disso eu não tenho a menor dúvida. Por isso, acho que a Aneel, durante esse período, deve ter contribuído com alguma coisa para o setor elétrico.
O senhor acha que a regulação teve mudanças significativas nesse período em que esteve na Aneel?
Muito. Eu estou aqui desde 2000, acho que nesses anos, foram três ou quatro modelos. Em 2000, era um modelo, que era da lei de 98; depois do racionamento, teve um novo modelo, chamado de "Revitalização". No Governo Lula, tivemos a Lei Federal 10.848/2004 (que dispõe sobre regras de comercialização de energia); e agora, a Medida Provisória 579 (da renovação das concessões vincendas até 2017 e a redução das tarifas de energia). Pra mim, cada um desses foi um modelo com uma mudança bastante relevante. Sem contar com as mudanças de detalhes que a própria Aneel fez.
MP 579 e CNPE 03 são algumas das medidas com maior repercussão dentro do setor. Alguns agentes acharam um erro, outros conseguiram enxergar algo positivo para o setor elétrico. Há quem diga ainda que, por conta de passos impensáveis como esses pelo governo, a judicialização tomou conta do setor elétrico. Qual sua opinião quanto a isso?
A MP 579 tem um lado bastante positivo, que vai na direção da redução da tarifa e mais positivo ainda é o fato de permitir a renovação da concessão. Para mim, jamais deveria ter qualquer tipo de proibição na renovação de concessão. É irreal não renovar a concessão, porque quando a concessão acaba, aquela empresa que tinha a concessão, acaba. Então, se ela tinha 10 mil empregados, eles ficam sem emprego, porque para aquela empresa, a concessão deixa de existir. Assim, para a economia brasileira, isso é irreal. Acho que toda concessão deve ser renovada, desde que sejam atendidas algumas condições. Para a distribuidora, prestar o serviço com boa qualidade, dado que a tarifa já é reajustada todo ano e revisada a cada quatro anos. No caso da geração, eu faria a mesma coisa: renova, mas é preciso reduzir a tarifa. 
Se eu tive divergências? Tive e mostrei isso publicamente. Escrevi até um artigo para um jornal, mas a divergência foi quanto à forma. Eu acho que a redução da tarifa deveria ser buscada também em leilões e também não poderia obrigar que todo resultado da redução da tarifa fosse só para o ambiente regulado e nada para o ambiente livre. É simplesmente dizer: "olha, você está no ambiente livre e no regulado. Se você quer vender toda a energia da renovação da concessão no ambiente livre, faça isso, mas vai pagar R$ 50 por MWh para fazer isso para o ambiente regulado". Quanto mais o cara vendesse no ambiente livre, mais ele pagaria em dinheiro para o ambiente regulado. Se ele vendesse tudo no ambiente regulado, teria um deságio menor. Ou seja, deixaria o mercado fazer a conta e não viria com a conta já feita. 
E a outra intervenção muito grande é que, na parte de geração, cujo estímulo era o mercado, houve um retrocesso, pois voltou a ser custo/serviço. Ou seja, tudo o que um gerador tiver que fazer, tem que ser autorizado pela Aneel. Vou dar um exemplo: uma usina objeto de cota como Três Irmãos, em fevereiro/março passado, queimou uma das três máquinas. Não é mais da Cesp, não é de ninguém, vai ter que licitar. O dono da usina está gerenciando, simplesmente tirou uma foto do gerador queimado e mandou para a Aneel. O que eu faço?. Demoramos três meses para responder para o cara o que ele fazia, que podia abrir e consertar. Abriu, fez o orçamento e disse:“Vai custar tanto". Vamos demorar mais uns três a quatro meses para dizer“faça outro orçamento, etc. Antes, não; se queimasse, era problema seu, conserta, você está vendendo no mercado. Ele tinha um incentivo a fazer e pelo menor custo. Esse, pra mim, foi o principal retrocesso. Uma intervenção muito grande e a gente não vai ter como responder a isso sem tempo hábil, ninguém tem como responder a tudo isso em tempo hábil. A direção está correta, mas a forma foi tão equivocada que pode haver problema mais adiante.
Sobre a CNPE 03, muitos criticaram, eu também critico quanto à forma, mas novamente estava na direção correta. Antes de 2007, tudo era feito exatamente como essa resolução mandou fazer: todo despacho de térmica, seja lá como fosse, era pago por quem não tem contrato, quem está exposto. Se a pessoa não tem contrato de longo prazo e precisa despachar térmica, ela está no mercado spot, ela paga, ela está exposta. Em 2008, final de 2007, saiu uma resolução do CNPE que dizia “de agora em diante, não, o despacho de térmica, se não for por ordem de mérito, deve ser pago pelo consumidor”. Daí deixou de ser quem estava exposto, a pessoa pode estar exposta como for, quem tem só a carga, o gerador deixou de pagar. O problema é que toda vez que despacha térmica, é porque você quer proteger água no reservatório, quem ganha é o gerador hidrelétrico que fica com aquela água lá. Depois, quando ele vende aquela energia com a água que ficou armazenada lá, o consumidor não ganha nada, é só dele. E isso foi corrigido agora. Novamente, o problema foi a forma, “olha vai ser assim porque eu quero assim”. Isso precisa ser discutido com todo mundo, é preciso explicar o porquê da mudança. Como já estava assim há cinco anos, não precisava daquela transição com o delta PLD, ela dizia “eu vou mudar, vai ser assim”, e a maneira como foi feito pra mim foi corretíssima. Muito bem feita a CVaR (nova metodologia de aversão de risco), os efeitos altamente positivos. Quem tá pagando é só quem não tem contrato. Muitos estão reclamando porque pode ter aumentado a tarifa, porque infelizmente a hora não é boa, porque o PLD está muito alto, mas vai ter uma hora em que o PLD vai estar baixo aí vem em benefício da tarifa. Então, novamente, o problema da resolução foi só a forma, a direção está correta.
Em anos envolvido com o setor elétrico, o senhor já tinha visto tantas liminares e processos na Justiça envolvendo o setor?
Talvez só durante o racionamento, naqueles meses de racionamento. Mas em situação normal, jamais.
E o quanto isso tem prejudicado?
Isso sempre prejudica, toda vez que sai do âmbito administrativo e vai para o âmbito judiciário, isso prejudica a confiança, aumenta o risco regulatório. Se a decisão da Justiça for sempre na mesma direção, seja lá qual for, isso pelo menos mostra que a Justiça tem coerência, o que é uma coisa positiva porque é ruim um país em que, por exemplo, a Aneel pudesse fazer tudo e ninguém pudesse recorrer à Justiça. Ou se o ministério pudesse fazer tudo e ninguém pudesse recorrer à Justiça. Acho que a Justiça nessa hora deve atuar como salvaguarda para um lado ou para o outro. As direções das liminares, alguns ganham, outros perdem. Mas é ruim. Se vai muito para o âmbito judiciário é porque alguma coisa no ambiente administrativo, que é o nosso, não está funcionando bem.
Há também quem diga que a demora em definir os diretores das agências reguladoras demonstra certo descaso por parte do governo. O senhor concorda? Acha que deveria haver maior agilidade, já que acaba por interferir e até atrapalha o trabalho do colegiado? Inclusive, o ex-diretor Julião Coelho, em entrevista, chegou a dizer que "com apenas três diretores, todos têm poder de veto. Todas as decisões precisam de unanimidade. Isso contraria a essência de um colegiado, que pressupõe o exercício da divergência"?
A demora na indicação de um diretor de fato fragiliza o nosso trabalho porque cada um de nós fica com muito poder. Por exemplo, ocorreram processos que não colocamos na pauta porque são necessários três votos. Então, se não houver três votos, para que colocar na pauta? Isso atrasa o ritmo do nosso processo. Basta um divergir para eu não colocar na pauta. Afinal, não vai aprovar porque são necessários três votos para aprovar. Daí de fato tem poder de veto. Votando ou não. Mas quanto ao descaso, é difícil indicar dois diretores, um a um jáé difícil, dois diretores mais difícil ainda para uma agência tão importante como a Aneel. Então, há as discussões políticas, mas acho que isso deveria ser evitado. Eu, por exemplo, saio em 22 de dezembro, então o ideal é que na véspera já se saiba quem vai ficar no meu lugar. Porque a Aneel não pode ficar sem diretor. A rigor, acho que se analisarmos o que diz a lei da Aneel desde o início, era como se estivesse sendo praticado agora uma ilegalidade. Jamais deveria haver três diretores entrando na Aneel praticamente ao mesmo tempo. Haverá só dois diretores antigos e três novos entrando. E isso é ruim, até que essas pessoas entendam o ritmo. Não era assim que estava na lei, nem da Anatel, nem da ANP. Tanto que na primeira diretoria da Aneel, um diretor teve três anos, dois diretores tiveram quatro anos e um outro teve cinco anos. Era para sempre ocorrer esse rodízio. Era para ter três pessoas com mais de três anos aqui dentro. A coisa originalmente era muito bem feita, muito bem pensada. E isso não está sendo cumprido. Quando entrei aqui, também eram três diretores durante oito meses, esse período agora será menor. E isso realmente é ruim para uma agência que tem tanto trabalho como a Aneel. Mas não acho que seja descaso. Deve ser, talvez, um pouco de falta de cuidado. Falta de um pouco de atenção.
Ser diretor da Aneel não é tarefa fácil, afinal, existem casos que requerem muito conhecimento e entendimento do assunto. Se pudesse definir ou escolher qualidades para um diretor assumir seu lugar, o que destacaria?
Acho que um diretor da Aneel deve ter alguns atributos importantes. Primeiro, bastante conhecimento técnico do assunto, do setor elétrico. Segundo, bastante conhecimento do que é regulação. Não adianta vir pra cá um excelente engenheiro sem saber o que é regulação. Se ele não sabe o que é, dificilmente vai conseguir aprender a cultura do regulador, que é um pouco diferente. Por mais experiente que seja a pessoa. E a terceira é lutar pela independência, que é muito difícil. Todo mundo é indicado pelo governo, e queira ou não queira, tem uma interferência política para indicar a pessoa. Então, manter a independência num ambiente desse é muito difícil. E a gente aqui enfrentou momentos bastante difíceis. Antes da mudança do governo Lula, pré-governo, nós tivemos reuniões aqui na Aneel, já com o governo eleito, de acabar com a agência. Dois anos depois, falaram que não ia acabar e que não sobreviveria sem agência. Então, nesse ambiente, você continuar ali e mostrar independência é difícil. A independência é muito importante, faz total diferença a agência ser ou não independente. Sobretudo em um país como o Brasil, que precisa de muitos investimentos privados. Se a agência mostra alguma fragilidade nessa direção da independência, os empreendedores percebem isso rapidamente e podem mudar qualquer decisão em função de pressões do governo, pressões políticas. Isso é ruim. Então, é uma característica de quem vem para cá mostrar que é independente. Eu, por exemplo, sofri diversos desgastes. Se eu tenho algum dos outros atributos, foi porque estudei muito. Mas antes mesmo de se falar em agência reguladora, eu acho que fui o primeiro pesquisador a ter uma bolsa do CNPQ para estudar o que era regulação. Tive um projeto de pesquisa aprovado pelo CNPQ sobre regulação, e regulação no setor elétrico brasileiro. Nem se falava em agência. Portanto, eu estudei muito. Se entrar no site e digitar “Edvaldo Santana” e “Regulação”, você verá vários artigos nacionais e estrangeiros. Trabalhei minha vida inteira no setor e orientei mais de 40 teses de doutorado, a maioria sobre regulação, sobre o setor elétrico. Não que todo mundo tenha que ter isso, mas ter pelo menos esse perfil para ser assim é essencial. Então, são estes: ter bastante conhecimento técnico, bastante conhecimento sobre regulação e olhar muito a independência. Se tiver esses três, está bom. Não vai me perguntar se os [diretores] que vêm aí têm essas características, porque eu não sei (risos).
E o senhor também defende a inclusão de mais térmicas na matriz energética. Acredita que traz benefícios ao consumidor, mesmo ele tendo que arcar com um valor a mais nas contas de energia?
Eu até acho que se não tem hidrelétrica, tem que ter termelétrica. Mas o que eu defendo mesmo é bastante hidrelétrica, e hidrelétrica com reservatório. Se não tem hidrelétrica com reservatório, nós não temos outra saída senão térmicas e eólicas. Mas eu acho que termelétrica no Brasil deveria ser sempre complementar, mas defendo as usinas hidrelétricas com grandes reservatórios.
A forma como são realizados os leilões também tem gerado discussões. O senhor chegou a comentar que a fórmula dos leilões está muito repetitiva há anos e que deveria ser mudada. O que poderia ser diferente?
O leilão de transmissão, por exemplo, fazemos desde 2000. Fizemos pequenas mudanças. Hoje, reclamamos que os leilões já não têm os mesmo deságios que tinham há dois ou três anos. Primeiro, porque quem está disputando os leilões são sempre os mesmos, uns contra os outros e às vezes se juntam. Tem empresa que participa uma hora com um grupo, outra hora com outro grupo, depois junta e se mistura tudo. Logo um conhece a estratégia do outro. Como uns conhecem as estratégias dos outros, o leilão não pode ser o mesmo sempre. O que eu acho que deve mudar: por exemplo, dizem que o grande problema da pouca atração dos leilões é o WACC (Custo Médio Ponderado de Capital, em português). Então, é feito um leilão em que um dos objetos é essa taxa. Ou seja, ganha o leilão quem aceitar a menor taxa, por exemplo. Eu gosto muito do mercado, e tudo fica por conta do mercado e assim é que vai. E a partir dessa taxa, calcula-se a receita e por aí vai. Tem como fazer leilões diferentes. Não é bom estar mudando muito, mas também não é bom permanecer com o mesmo leilão por dez anos e nós já estamos com o mesmo há 13/14 anos. Para a geração é a mesma coisa, é só preço decrescente, é um preço-teto. Todo mundo aprende e fragiliza, o certame fica vulnerável. Há pressões de todo tipo, se ele é sempre o mesmo. Isso é um princípio básico. Só leilão de obra de arte é sempre o mesmo.
Qual forma de geração de energia deveria ter mais apoio do Governo ou incentivo nos leilões, que o senhor considera deficiente?
Talvez as PCHs hoje tenham ficado em segundo plano, dados os avanços das usinas eólicas. Os preços caíram tanto das eólicas que as PCHs perderam espaço. Portanto, eu acho que o governo poderia incentivar um pouco mais as PCHs, quem sabe realizando leilões com demanda específica. Acho que não devemos menosprezar o potencial. Hoje, o potencial brasileiro hidrelétrico de geração com água em PCHs é de mais de 15 mil MW. E pra se produzir isso, alguém tem que investir para ganhar dinheiro para construir outra. Então, acho que isso não é desprezível, acho que tem que incentivar um pouco mais. Não é só uma disputa entre eólica e PCH por preço, porque enquanto continuar assim, as PCHs sempre perderão. Tem que criar um pouco mais de demanda para incentivar um pouco mais. Não precisa criar um preço-teto maior, é ter uma demanda específica para PCHs, como tem demanda específica para UHE. Acho que isso o governo poderia fazer, incentivar um pouco mais. Ou seja, hoje, acredito que a fonte que mais precisa de incentivo é as PCHs.
Pela fala dos agentes, a impressão que se tem é de que o governo Dilma dialoga menos com o setor do que seus antecessores. O senhor concorda?
Acho que sim, mas cada governo tem a sua característica, um governo sempre mais à esquerda, cujo foco no início era mais contra o mercado, contra aquilo que estava antes. Era natural que fosse assim. Eu não sei se mais que do que os antecessores de curto prazo, os últimos eu acho que sim. Mas eu não sei se isso afeta muito o resultado naquilo que é mais relevante, porque, às vezes, perde-se muito tempo conversando e não se chega a resultado algum. Mas uma coisa: para aquilo que é mais importante, como foi, por exemplo, a lei 10.848, que foi a primeira mudança positiva do governo Lula, já se conversou muito. Já na mudança seguinte, a MP 579, houve pouca conversa, então o resultado é completamente diferente. Na Resolução nº 3 do CNPE, não houve conversa com ninguém, o resultado é diferente. Então, não é preciso conversar sobre tudo, mas para aquilo que é muito relevante, tem que conversar e conversar muito. Nisso, o governo atual é bastante diferente dos anteriores. Não precisa colocar tudo em audiência pública, mas é bom conversar com muita gente. Chega-se sempre a um melhor resultado quando se ouve mais gente.
Se pudesse fazer algo diferente em algum momento como diretor da Aneel, o que teria feito?
Com toda a sinceridade, apesar de eu ter feito aqui tudo o que eu podia ter feito, acho que nem fazer o melhor, acho que eu fiz tudo o que eu podia ter feito. Mas se eu pudesse voltar atrás, eu não teria sido diretor da Aneel. Meu melhor período aqui foi como superintendente. Eu acho que, apesar de tudo que eu fiz, é provável que eu tenha perdido um pouco de tempo.
Mas por quê?
Não sei, acho que dos grandes avanços que conseguimos, os retrocessos recentes foram tão grandes que superaram os avanços. Então, acredito que perdemos 14 anos em três ou quatro anos em termos de ineficiência. Mas acho que a coisa tende a ficar muito ineficiente. Então, eu confesso que fico um pouco triste de ter, como diretor, convivido com esse período. Eu gostava mais dos períodos anteriores em que íamos só para a frente. Acho que retrocedemos bastante, em termos de tudo, inclusive de independência da agência. A agência ficou bem menos independente nos últimos tempos. E se é certo ou errado? Talvez pelo perfil do governo seja até mais certo para que as coisas aconteçam. Mas se é pra ser menos independente ou quase não ter independência, não precisa da agência. Um departamento do ministério faz muito bem. (Você não esperava essa última resposta, não é?). Se pudesse voltar atrás eu não... Ou não teria sido reconduzido, ficaria só nos primeiros quatro anos. Mas a sensação é de que“Puxa, será que depois daquela luta toda, valeu a pena?”. Valeu por tudo que fiz, mas se for no líquido, dá empate. E se dá empate, parece perda de tempo, não é? Então, tem que andar sempre para a frente, embora, às vezes, para andar para a frente, seja preciso recuar.
O que o senhor fará após deixar a Aneel? Pretende voltar a dar aula ou vai se aposentar?
A minha pretensão é voltar para o meio acadêmico, vou cansar de dar aula. Não pretendo me aposentar, acho que vou trabalhar até quando estiver perto de morrer (risos). Se eu parar de trabalhar, eu morro rápido. Vou aproveitar o que aprendi aqui para dar mais aula.

sábado, 16 de novembro de 2013

Rio tem maior percentual de mulheres infiéis em site de traição

O site de relacionamento extraconjugal Ashleymadison.com realizou uma pesquisa com os seus usuários e, com base nos dados destas pessoas, concluiu que as mulheres cariocas são as mais infiéis, em comparação às usuárias mulheres cadastradas no site pelo mundo. Das pessoas que utilizam a rede de encontros no Rio de Janeiro, 44% são mulheres e 56% homens. A média mundial de mulheres que utilizam o serviço é de 30% contra 70% de homens, nos 17 países onde a empresa está presente.
Gráfico traições no Rio (Foto: Editoria de Arte/G1)
A existência do site pode não ser de conhecimento de todos, mas o assunto infidelidade está presente nas mesas de bar e nas rodas de amigo. Em uma tarde de segunda-feira, os amigos  Rhuan Blanco e Felipe Marques debatiam o tema. Moradores deDuque de Caxias, na Baixada Fluminense, eles estavam na Praia do Pepê, na Barra da Tijuca, Zona Oeste, falando sobre mulheres e traições.
Abordado pela reportagem do G1, Rhuan respondeu que acredita que busca das mulheres pelo uso do site está diretamente relacionado ao modo de agir do homem que mora no Rio. “O homem não presta, trai a mulher, ela não gosta e faz também. Para a mulher, é mais fácil. O cara sacaneia ela (sic), ela olha para o lado e tem outro querendo ficar com ela”, opinou.
Já o amigo Felipe Marques, de 27 anos, atribui ao clima tropical e ao estilo de vida da cidade os índices de infidelidade demonstrados pela pesquisa. “O sol, o culto ao corpo, tudo isso proporciona a traição. Aqui na Praia do Pepê só dá mulher top, sarada. Hoje nós vivemos em uma época em que a necessidade momentânea de estar com alguém é grande. As cariocas estão cada vez mais bonitas e isso faz com que os homens corram atrás e elas, por sua vez, têm mais opções de escolha por estarem saradas”, concluiu.

Na mesma praia, o morador da Tijuca Raphael Monteiro, de 26 anos, opinou que a independência financeira da mulher carioca pode ser um fator que contribui para o alto índice de infidelidade na cidade. "As mulheres estão mais independentes. O dinheiro também influencia. Ela poder ir para onde quiser", disse.
Fazendo coro com Rhuan, Yuri Saraiva, de 25 anos, morador do Recreio dos Bandeirantes, também atribui a influência do comportamento masculino no feminino como um dos fatores do estímulo à traição na cidade. “O carioca é demais, é menos respeitoso, trai mesmo. E as mulheres respondem na mesma moeda. Acho também que o carioca, em geral, é menos careta”.
Poder aquisitivo 
Trinta e um anos. Essa é a média de idade das cariocas que mais traem, enquanto a dos homens é 44 anos. No total, são mais de 27 mil infiéis cadastrados na cidade do Rio de Janeiro em um total de 220 mil usuários no Brasil e 12 milhões em todo o mundo. A segunda cidade com maior índice de mulheres é Zurique, na Suíça, onde as mulheres representam 42% dos usuários cadastrados. Para Eduardo Borges, representante do Ashleymadison.com no Brasil, geralmente os números têm a ver com a classe social do usuário.
“Normalmente, o alto percentual de mulheres cadastradas está relacionado ao alto poder aquisitivo da ala feminina. Em países como Suíça, Austrália, Canadá e Estados Unidos isso é evidente, mas este resultado no Rio de Janeiro realmente nos surpreendeu”, afirmou Borges.
Ele ficou surpreso porque a pesquisa aponta que 59% dos usuários que vivem no Leblon, na Zona Sul do Rio, são mulheres. E 58% dos usuários que moram em Campo Grande, na Zona Oeste, são mulheres.
Ione Rodrigues, socióloga, acredita que o alto índice do bairro da Zona Sul também tem a ver com o alto poder aquisitivo e, em consequência, com a disponibilidade de tempo das moradoras. “No Leblon as mulheres têm mais tempo livre, que acaba dando espaço para esta procura”, falou Ione, que mora em Botafogo.
Já o editor de imagens Paulo Varella, morador do Humaitá, acha que os índices representam nada menos que a vontade feminina de uma aventura. “Eu acredito que devam ser mulheres executivas, bem-sucedidas, que tenham uma vida tranquila, mas que buscam uma aventura. O mundo está muito igual, as buscas estão parecidas”, concluiu.
Dos usuários do site na Barra da Tijuca, 75% são homens (Foto: Isabela Marinho/ G1)Dos usuários do site na Barra da Tijuca, 75% são
homens (Foto: Isabela Marinho/ G1)
Maioria de homens infiéis está na Barra 
Se o percentual maior das usuárias está no Leblon, o público masculinho mais infiel da cidade se encontra na Barra da Tijuca. Segundo a pesquisa, 75% dos usuários do Ashleymadison.com no bairro são homens. O maior percentual no ranking dos dez bairros que entraram na pesquisa.

Vanessa Cerqueira, de 42 anos, mora no bairro e acredita que a infidelidade masculina na Barra está relacionada ao poder aquisitivo e ao culto ao corpo. “As pessoas têm mais acesso a essas redes por conta do dinheiro. Além disso, nessa região moram pessoas que vão mais à academia, acho que elas conhecem mais pessoas nesses ambientes e isso facilita a traição”, opinou.
E não é só o público feminino que corrobora com os dados apontados pela pesquisa. Fernando Carvalho, de 43 anos, é separado e morador da Barra. Para ele, o poder aquisitivo também é um fator relevante. “Acho que as pessoas com mais dinheiro têm mais tempo. A Barra também é um ambiente propício por conta da praia, dos bares, da academia”, explicou.
David Malvar, de 24, mora em Jacarepaguá e vai à praia na Barra e no Recreio dos Bandeirantes, onde 70% dos usuários do site são homens. Ele acredita que a personalidade do morador destes dois bairros é crucial para o alto índice de infidelidade. “É um perfil de gente mais fútil, que se preocupa mais com a aparência, e isso reflete nas relações. Elas não valorizam tanto as relações, não ligam para isso, vivem para o momento”, disse.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A Petrobras volta ao passado - NA ERA DA CORRUPÇÃO E ROUBO DO PATRIMÔNIO PÚUBLÍICO, PELA QUADRILHA DO corruPT

  • Para bancar investimentos fortes nos próximos anos e não deixar o país refém de importações de gasolina e diesel, a Petrobras precisa de parceiros privados
  • m a chegada do PT ao governo em 2003, foi iniciado um desordenado processo de intervenção nos preços da gasolina e do diesel, que deixaram a Petrobras na pior situação econômica e financeira da sua história. Agora, para solucionar o problema de caixa da empresa, que terá de realizar investimentos gigantescos nos próximos anos, volta-se ao passado, trazendo novamente a utilização de uma fórmula para alinhamento dos preços domésticos dos combustíveis aos preços internacionais. Segundo o fato relevante divulgado pela Petrobras, a introdução de uma fórmula de precificação do diesel e da gasolina tem o objetivo de dar maior previsibilidade à geração de caixa e reduzir os índices de alavancagem da empresa.
    Uma fórmula paramétrica já havia sido adotada em 1998, regulamentando o artigo 69 da lei nº 9.478/1997, que abriu o mercado de petróleo. O artigo nº 69 dizia que, durante um período de transição, os preços do petróleo, gás natural e seus derivados seriam fixados por uma portaria interministerial do Ministério da Fazenda e de Minas e Energia. A fórmula definida para regulamentar este artigo determinava que, em todo início do mês, se olhava para os três meses anteriores e se calculava a média móvel da variação dos preços no mercado internacional, seguidamente convertidos em reais pela taxa de câmbio. Dessa forma, os derivados, como a gasolina, eram reajustados todos os meses para baixo ou para cima. Em 31 de dezembro de 2001, com a criação da Cide, o artigo 69 foi revogado e os preços dos derivados nas refinarias passaram a ser totalmente livres, com o objetivo de atrair investidores privados para o refino.
    Segundo a Petrobras, a nova metodologia contemplará um “reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida, com base em variáveis como o preço de referência dos derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido”. Sob a ótica do governo faz sentido diferenciar derivado produzido x importado. Estão limitando o buraco das importações e dando algum chão para a produção local. O fato de ponderar pela origem do derivado mostra que a empresa tem o objetivo de estancar as perdas efetivas com a importação de combustível. As perdas por vender combustível produzido nacionalmente abaixo do mercado internacional poderão ser absorvidas pela empresa. A conferir. Ou seja, aparentemente a Petrobras vai adotar uma média móvel. O número de períodos dessa média móvel também representa uma difícil escolha. Quanto maior o número de períodos, menor a volatilidade nos preços domésticos, mas também é maior o descolamento dos preços internacionais. A um ano das eleições existe uma tendência de adotar um período maior, talvez de 12 meses. Essas novidades deixam o ambiente melhor do que estava, mas longe do ideal.
    Para bancar investimentos fortes nos próximos anos e nacionalidade das empresas privadas não se encaixa nesse modelo de fórmula. O correto seria respeitar a lei mantendo os preços livres nas refinarias e utilizar a política fiscal e monetária para controlar a inflaçãoão deixar o país refém de importações de gasolina e diesel, a Petrobras precisa de parceiros privados para novas refinarias. A adoção de uma fórmula não resolve a questão de atração de investimentos privados para o setor de refino. Somente um mercado livre e com a correta sinalização de preços contribuirá para investimentos privados, tirando da Petrobras o peso de carregar o refino no Brasil. A r.

    ADRIANO PIRES
    Publicado: 
     

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Paulinho articula obstrução contra fator previdenciário

Deputado pressiona por obstrução após feriado da República, mas mesmo líderes simpáticos à proposta consideram-se sem aval de suas bancadas

A proposta que acaba com ofator previdenciário será usada para desgastar o governo. O fator é uma fórmula que reduz entre 35% e 40% o valor real das aposentadorias. A questão é saber a partir de quando esse processo de desgaste vai começar. O projeto está pronto para ser votada no plenário da Câmara.
O deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP) tenta convencer líderes partidários a obstruir as sessões da Câmara até que o projeto de lei 3299/08 seja colocado em pauta. A ideia do parlamentar é iniciar o processo de obstrução junto com PPS, PSB, DEM e PSDB após o feriado de 15 de novembro.
Contudo, segundo Paulinho, os líderes consultados argumentam que talvez o melhor momento para iniciar a obstrução pelo fim do fator seja a partir de fevereiro do próximo ano, quando o desgaste do governo será ainda maior por conta do ano eleitoral. “Eles estão querendo fazer política. Nós queremos aprovar”, alfineta ele.
No ano passado, um ato no Congresso fez, simbolicamente, a cerimônia religiosa de velório do redutor dos rendimentos dos aposentados. Passado mais de um ano, o tema continua meio vivo, meio moribundo pelo Congresso.
Líder do PSB na Câmara, o deputado Beto Albuquerque (RS) admite as conversas sobre o tema e destaca que o redutor de aposentadorias é “grave para os trabalhadores”. Entretanto, ele ressalta que ainda está examinando o tema. “Não tomamos decisão. Pressionar esse assunto pode ser precipitado. É preciso consultar a bancada e o partido”, afirma.
O líder do PPS na Casa, Rubens Bueno (PR), é categórico ao defender o fim do fator previdenciário. “Temos de trabalhar pela derrubada”, resume. No entanto, ressalta a necessidade de se consultar a bancada e o partido, e cobra uma reunião com os líderes para traçar o plano de obstrução. “Pode ser a partir do 16 de novembro. É só reunir os líderes e discutir uma estratégia.” O deputado Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM na Câmara, é enfático: “É preciso levar o assunto à Executiva do partido. Será uma decisão conjunta da executiva”.
O PL 3299/08, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), está parado na Câmara desde 2008 e propõe uma alternativa ao fator previdenciário: a fórmula 85/95. Trata-se da soma da idade ao tempo de contribuição até atingir o valor de 85 anos para que as mulheres se aposentem, e 95 anos para os homens.
Discussão responsável
Por sua vez, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) avalia que a discussão precisa ser feita de forma “responsável” e sem “objetivos eleitoreiros”. “Particularmente, não tenho objeção a essa fórmula. O que é errado é derrubar o fator e não colocar nada”, destaca o petista.
Para ele, também é preciso pensar na reforma da previdência. “Haverá uma pressão em 20 anos, quando uma massa populacional vai se aposentar e não haverá tanta gente entrando no mercado de trabalho quanto hoje”, analisa Vacarezza.

sábado, 2 de novembro de 2013

Honda inicia construção do seu 1º parque eólico no Brasil

A Honda Energy do Brasil, subsidiária da Honda Automóveis do Brasil, realizou hoje (29), uma cerimônia para marcar o início das obras do seu primeiro parque eólico, que será construído na cidade de Xangri-lá, no Rio Grande do Sul (RS). O evento, realizado no local do empreendimento, contou com a participação do vice-presidente sênior da Honda South America, Issao Mizoguchi, do presidente da Honda Energy, Carlos Eigi Miyakuchi, do prefeito da cidade de Xangri-lá, Cilon Rodrigues da Silveira, do secretário de Desenvolvimento e Promoção do Investimento no Rio Grande do Sul, Mauro Knijnik, do diretor do ministério de Minas e Energia, Jorge Paglioli Jobim, entre outras autoridades e representantes da diretoria do grupo Honda.

A construção de um parque eólico para suprir 100% da demanda de energia elétrica de uma unidade fabril é uma iniciativa inédita entre as fabricantes de automóveis atuantes no País e no grupo Honda em todo o mundo. O projeto receberá investimento inicial de R$100 milhões e deve iniciar suas operações em setembro de 2014, tornando-se o símbolo do compromisso da empresa em minimizar os impactos ambientais de suas atividades.

O empreendimento contará com nove turbinas, de 3MW, com capacidade instalada de 27MW. Isto representará a geração de 95.000 MW/ano, o equivalente ao consumo de energia de cidades com aproximadamente 35 mil pessoas e à demanda de energia elétrica da planta de Sumaré, que possui capacidade instalada para a produção de 120 mil carros por ano.

Com o projeto, a Honda deixará de emitir cerca de 2,2 mil toneladas de CO2 por ano, o que representa aproximadamente 30% do total gerado pela fábrica.

“Desde que iniciou a produção no Brasil, em 1976, a Honda tem se empenhado em contribuir com a sociedade brasileira, trabalhando constantemente para minimizar os impactos ambientais de suas atividades. A energia eólica apresenta excelentes resultados, pois não gera CO2 durante a sua produção. Estamos muito satisfeitos em iniciar as obras do parque e avançar mais um passo na utilização de energias renováveis. A Honda continuará trabalhando proativamente em busca de atividades em prol do meio ambiente”, destaca Carlos Eigi Miyakuchi. 

Ainda durante com a cerimônia, a Honda Energy apresentou o logotipo da empresa. O gráfico circular identifica a terra, simbolizando a natureza sustentável, enquanto o traço branco no círculo representa a linha do equador, indicando que a empresa está localizada no hemisfério sul, além de simbolizar seu crescimento constante. A cor azul, predominante no logo, traduz o céu, ar e água, todos essenciais para a vida. Já a linha ondulada em azul, representa o movimento do vento, necessário para a geração da energia.

Compromisso ambiental 

As primeiras ações socioambientais da Honda surgiram na década de 60, quando, por iniciativa de seu fundador, Soichiro Honda, foi criado um departamento para estudar e reduzir as emissões de seus produtos, além de promover ações para reforçar os laços com as comunidades locais.

Em 2011, a empresa estabeleceu a meta de reduzir em 30%, até 2020, as emissões de CO2 de seus automóveis, motocicletas e produtos de força, e também de seus processos produtivos em todo o mundo, em comparação com os níveis obtidos em 2000.

Assim, o parque eólico é uma das diversas iniciativas que a empresa vem realizando neste sentido e contribuirá significativamente para que as metas sejam atingidas no Brasil.

Nas fábricas de automóveis e motocicletas Honda no País, assim como nas demais unidades produtivas da empresa no mundo, o nível de CO2 emitido é constantemente monitorado nos processos, com planos de melhoria contínua. Os conceitos de Green Factory, Green Logistic, Green Dealer e Green Office adotados pela empresa consolidam ações de redução dos impactos ambientais em toda a cadeia produtiva, desde seus fornecedores, passando pelas fábricas e transporte de seus produtos até a rede de concessionárias.

Fonte: Redação TN Petróleo/Ascom Hond

Em dez anos, investimento na PF cai quatro vezes

Em dez anos, os investimentos na Polícia Federal caíram quatro vezes. Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique (PSDB), foram R$ 81 milhões pagos. O valor chegou a R$ 78 milhões e R$ 93 milhões em 2004 e 2005, no primeiro mandato da era Lula (PT). Houve reduções nos anos seguintes, principalmente com a chegada de Dilma Rousseff ao Planalto. Em 2012, foram apenas R$ 20 milhões gastos em investimentos. Os valores são fruto de levantamento doCongresso em Foco em dados do Siafi, sistema que registra gastos do governo.
Paralelamente, o orçamento total da Polícia Federal, que inclui também despesas com salários e custeio das atividades, diminuiu seu ritmo de crescimento, embora tenha saltado de R$ 1,5 bilhão para R$ 4,3 bilhões em dez anos. No governo Dilma, mais uma vez, houve estagnação do orçamento. Em 2012, foram autorizados mais de R$ 5 bilhões, mas R$ 700 milhões foram represados. “É um orçamento fictício”, diz o presidente da Associação dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), Marcos Leôncio Ribeiro.
Como mostrou o Congresso em Foco ontem, as queixas chegam à falta de dinheiro para viajar e a supostos monitoramento financeiro das futuras operações policiais pelo Ministério da Justiça.
Os cortes nos investimentos causam um baque nas operações policiais, segundo agentes e delegados ouvidos pelo Congresso em Foco. Antes em rota ascendente, o orçamento da PF entrou em marcha lenta, quase estagnação, na era Dilma. Leôncio enumera parte do que deixou de ser feito com a nova situação: compra de equipamentos para o setor de inteligência, operação do banco de dados de DNA, ampliação de veículos aéreos não-tripulados (Vant), falta de cursos de qualificação de profissionais, inclusive para os grandes eventos esportivos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Segundo a assessoria da PF, a forma “mais adequada” para demonstrar os investimentos na corporação não são os valores efetivamente desembolsados, mas empenhados, ou seja as reservas de dinheiro que estão prometidas. Só 33% dos investimentos empenhados foram efetivamente gastos nos últimos dez anos. A PF cita entre suas aquisições do ano passado – quando foram empenhados R$ 206 milhões, mas desembolsados apenas R$ 20 milhões – 914 armas de fogo, equipamentos de raios-x, robôs anti-bombas, binóculos de visão noturna, 457 viaturas  e duas aeronaves.
“Jeitinho”
Reservadamente, policiais dizem que já se instaurou uma cultura de “jeitinho” para driblar as imposições da equipe econômica do governo Dilma. Como os recursos para a proteção de fronteiras estariam livres da tesoura do Executivo, muitos casos são, artificialmente, relacionados à defesa dessas áreas. Assim, qualquer mínima relação de um inquérito ou programa com países vizinhos é reforçada – não porque isso seja necessário, mas apenas para evitar um corte orçamentário.
Se no último ano do governo FHC e nos primeiros anos da era Lula, os investimentos representavam de 2% a 5% dos gastos da Polícia Federal, hoje, cerca de 80% são destinados a salários e gastos de custeio. No ano passado, menos de meio por cento do orçamento da PF era de investimentos.
Na avaliação da presidente do sindicato dos servidores técnico-administrativos da PF (Sinpecpf), Leilane Ribeiro, a queda nos investimentos até poderia ser atribuída ao término da construção de sedes da corporação. Mas haveria outros locais em situação “caótica”, como Rondônia, e de reformas intermináveis, como o Rio de Janeiro.
Os peritos apontam ainda problemas de gestão da diretoria da PF. “O fato é que há na Polícia Federal um problema de gestão”, diz o presidente da Associação dos Peritos Criminais Federais (APCF), Carlos Antônio de Oliveira. Ele entende ser preciso analisar detalhadamente qual o peso desse fator na redução de investimentos. O perito criminal enxerga mais duas causas, de tamanho ainda a ser avaliado, o término de algumas construções de sedes e a própria restrição orçamentária nos valores autorizados em lei. “Parte dos recursos com investimentos não são gastos em razão de o órgão não ter planejado bem a sua utilização, tendo que devolvê-los ao final do ano. Isso é um fator importante em vários órgãos da administração pública.”
Membro do Conselho Jurídico da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), o agente Josias Fernandes Alves, critica o mau uso do dinheiro pela corporação. Ele diz que uma rede de radiocomunicação digital de alta tecnologia e uso exclusivo para interligar unidades da polícia já ultrapassou gastos de 100 milhões de dólares. Mas até hoje não saiu do papel. “Deveria estar operante há quase dois anos e corre riscos de não funcionar como foi projetada”, afirma Alves.
Recado informal
As entidades de classe reclamam ainda de falta de dinheiro para materiais de consumo. Segundo Carlos Antônio, numa reunião da direção da PF e os superintendentes regionais, em setembro, foi definido um corte de gastos de custeio. “Aquilo que já estava empenhado, poderia ser utilizado. O que não estava, não poderia mais ser utilizado”, explica. “Pra comprar combustível, por exemplo, uma unidade da PF vai ter que cancelar um investimento, uma reforma ou uma compra de mobiliário ou viaturas”, avalia Carlos Antônio.
Ele entende que isso prejudica a sociedade porque as investigações sobre os crimes ficam mais lentas. De quebra, grandes operações ficam emperradas. “O recursos para custeio estão bastante curtos e isso vai dificultar a realização de operações”, diz Carlos Antônio.
O perito diz que a direção da PF mandou um “recado informal” à associação para dizer que não tem dinheiro para bancar a ajuda de custo dos profissionais que mudarem de cidade.
Werneck, da Fenapef, diz que várias aeronaves estão sendo doadas da Polícia para outros órgãos, como o Ibama e a Polícia Rodoviária Federal. O motivo é a falta de recursos para mantê-las em condições de voo. Ironicamente, na hora de combater plantações de drogas no Polígono da Maconha, a PF pede aviões emprestados. Além da possibilidade de ter seus pedidos negados porque as aeronaves estejam ocupadas, Werneck diz que aumenta-se o risco de vazamento da ação policial pela necessidade de se esperar mais e de se ter que negociar com mais pessoas.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O retrato de um mundo avacalhado

Ao apontar problemas nas instituições de outros países, em especial o Legislativo, colunista lembra da frase de Nelson Rodrigues: 

“Nossa tragédia é que não temos o mínimo de autoestima.

A frase é de Nelson Rodrigues: “O Brasil é muito impopular dentro do Brasil”. 
Assim, tudo que diga respeito à nossa pátria logo recebe os adjetivos “esculhambado”, “avacalhado” etc. 
Nosso grande sonho, acalentado desde a infância, é chegar ao sério “1º Mundo”, no qual tudo funcionaria melhor.
Fiquei pensando nisso há poucos dias, quando li que Willie Bean se candidatou à prefeitura de Fairhope (EUA) – trata-se de um cachorro da raça Labrador. 
Aliás, ainda sobre eleições, deu empate na de Cave Creek, também nos EUA. A solução? Decidiu-se a vaga através de um jogo de baralho! Fiquei pasmo ao ver a fotografia do juiz da cidade embaralhando as cartas diante dos dois candidatos ao cargo.
Não menos curiosa é a Constituição do Arkansas (EUA), 
a qual previa que “nenhuma pessoa idiota ou maluca pode votar”. 
Sugeriu-se, recentemente, uma mudança nesta lei, proibindo que idiotas se candidatem a cargos públicos.  
Enquanto isso, na Romênia, os eleitores devem ter achado todos os candidatos idiotas, e decidiram eleger Neculai Ivascu – um morto!
Na conceituada Coréia do Sul descobriram 134 servidores públicos  
pelas ruas distribuindo dinheiro e presentes a eleitores, buscando 
a reeleição dos políticos que os contrataram. 
No Reino Unido, anunciou-se que os eleitores que comparecessem 
às eleições locais seriam premiados com televisores, iPods e até 
vales para compras de supermercado. 
Diante da repercussão na imprensa, o governo inglês defendeu-se 
dizendo que a ideia já era utilizada nos EUA, onde são distribuídas 
até galinhas para os eleitores. Na Rússia, registrou-se que o partido “Rússia Unida”, do presidente Putin, estava a distribuir mochilas 
e até garrafas de vodca para os eleitores. 
E nos EUA jornais denunciaram que um dos candidatos 
a prefeito de Nova York gastou US$ 85 milhões em sua campanha.
Para completar, na China os eleitores da cidade de Dingmei 
foram às ruas protestar contra a falta de corrupção eleitoral. 
Em diversas entrevistas, os moradores declararam sempre 
ganhar dinheiro e presentes dos candidatos, algo que não 
aconteceu nas últimas eleições em função de uma promessa 
religiosa feita por estes, e que desagradou a todos.
No sério Japão, os jornais denunciaram que os membros do 
Congresso Nacional embolsaram um salário de R$ 45 mil 
por apenas dois dias de trabalho no mês de agosto do ano passado. 
No México, denunciou-se que os parlamentares apreciaram 
apenas 2,6% dos projetos que lhes competiam durante um período legislativo inteiro. Na séria e conceituada União Européia, um eurodeputado alemão tornou públicas as provas de que 
em 7,2 mil casos seus colegas assinaram a lista de presenças 
logo de manhã e foram embora para casa, recebendo sem trabalhar.
Na Argentina, uma ONG levou à justiça o caso de 17 listas 
de frequência do Congresso Nacional, que davam como 
presentes às sessões deputados que estavam em Brasília, 
Nova York e até nas Filipinas. 
No Japão, denunciaram em 2008 que nada menos que 
150 parlamentares viajaram para o exterior durante as férias 
por conta do governo. E na Índia explodiu o escândalo dos 
parlamentares que receberam propostas de venda de 
votos a troco de R$ 1 milhão.
Diante deste quadro, que tal olharmos com um pouco mais de 
carinho e esperança as nossas instituições, nos situando 
no mundo com mais justiça?  
Afinal, e volto a citar Nelson Rodrigues, “nossa tragédia 
é que não temos o mínimo de autoestima”.
* Pedro Valls Feu Rosa é desembargador há 18 anos e atual presidente 
do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES)