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domingo, 25 de agosto de 2013

Déficit externo sobe, apesar do dólar alto


A disparada do dólar não impediu que o déficit das contas externas mais que dobrasse, atingindo o recorde para meses de julho de US$ 9 bilhões, ante US$ 4 bilhões em junho. No acumulado do ano, o saldo das operações financeiras e comerciais do Brasil com o exterior também bateu recorde e fechou em US$ 52 5 bilhões, valor bem próximo do déficit acumulado em todo o ano passado, de US$ 54,2 bilhões.

Ao divulgar os dados nesta sexta-feira (23), o Banco Central estimou um resultado negativo de US$ 5 bilhões em agosto. Segundo o BC, o principal fator a pesar nas contas externas é o fraco desempenho comercial. “É possível que a eventual recuperação das exportações até o fim do ano amenize a deterioração das contas externas, processo que tem contribuído para a pior percepção da economia brasileira”, disse José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, em nota a clientes.

O crescimento do déficit externo é apontado por economistas como um dos fatores de vulnerabilidade do País, que contribui para valorização ainda maior e mais intensa do dólar aqui, comparado com outros emergentes. Ou seja, a necessidade cada vez maior do Brasil de obter dólares é um fator adicional para que o real perca mais valor que outras moedas. Isso ocorre no momento em que investidores migram para os Estados Unidos, ante a sinalização de que o país pode interromper os estímulos monetários.

Nesta sexta-feira (23), o Banco Central também mostrou que caiu o Investimento Estrangeiro Direto (IED), canal que seria a forma mais “sadia” de entrada de dólares para financiar o rombo externo. Em junho, entraram no País US$ 7,2 bilhões nessa modalidade, valor que caiu para US$ 5,2 bilhões em julho.

Os números ruins, no entanto, não assustam o BC, segundo o chefe do Departamento Econômico, Túlio Maciel. Ele argumenta que o saldo de IED previsto para ingressar no País este ano continua robusto e vai financiar esse déficit, ainda que não integralmente. A instituição projeta a entrada de US$ 65 bilhões e um saldo em conta corrente negativo de US$ 75 bilhões em 2013.

“É verdade que em anos anteriores a cobertura do déficit pelo IED foi integral, mas há fontes complementares, que também continuam fluindo positivamente”, considerou, citando como exemplos empréstimos, ingresso de recurso no mercado de capitais e títulos. Maciel admitiu, porém, que o IED é a melhor forma de arcar com o resultado negativo.

O BC projetava quase a metade do déficit verificado na prática: US$ 4,9 bilhões. “As contas mostraram déficit um pouco maior do que tínhamos previsto”, admitiu Maciel. Ele também calculou que, de janeiro a julho, o déficit em conta corrente está US$ 23 bilhões maior que em igual período de 2012. Desse total, US$ 15 bilhões se devem ao comércio exterior.

Para o Itaú Unibanco, porém, apesar de o aumento das importações de petróleo ter sido o principal fator negativo, a maior surpresa do resultado externo veio da conta de serviços, que ficou negativa em US$ 4,1 bilhões. Boa parte dessa conta se refere aos gastos de brasileiros em viagens internacionais, no mês de férias, e aluguel de equipamentos no exterior.

Na avaliação da economista Gabriela Fernandes, que assina nota enviada a clientes pelo banco, “o déficit em transações correntes se acentuou novamente em julho, após ter dado sinais de melhora em junho”. “À frente, o câmbio mais depreciado deve contribuir com a redução desse déficit, aumentando o saldo comercial e de serviços e desestimulando a remessa de rendas.” 

A economista também destacou a continuidade dos investimentos em renda fixa. A aplicação de US$ 4,2 bilhões em julho foi menor que a de US$ 7,2 bilhões no mês anterior, mas, conforme o banco, continua reagindo à retirada, em junho, do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos de estrangeiros no Brasil
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