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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

NR 13 -Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações - CONTINUIDADE - PARTE 18


1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais longínquos, a humanidade tem percebido a importância de água tratada para todos os fins e utilidades. No processo de manutenção das caldeiras não é diferente.
Ao longo desta apostila, o leitor vai poder identificar as conseqüências acarretadas pelo uso de água impura. Perceberá, ainda, a água como fonte de alimentação de caldeiras Eletrodo Submerso e a Jato D’água.
Em outros momentos, serão apresentados os métodos de tratamento de água e os programas para manutenção das caldeiras. Acreditamos que, com isso, nossos alunos estarão prontos para detectar possíveis situações de risco, evitando danos nos equipamentos e, principalmente, contribuindo para um ambiente de trabalho salubre.

2 - A ÁGUA, SUAS IMPUREZAS E CONSEQÜÊNCIAS

2.1 Generalidades
Para que as caldeiras tenham um bom funcionamento e longo tempo de vida, é necessário dar uma especial atenção à água destinada a alimentação. Uma água apropriada para o uso doméstico ou para processos industriais, pode não apresentar boas características para o uso nas caldeiras.
De modo geral, a água contém impurezas como matérias orgânicas, compostos minerais e gases dissolvidos. A água que entra nas caldeiras sem receber tratamento adequado, causará incrustações, corrosão nos tubos, sedimentação e formação de espumas, que serão arrastadas para as linhas de vapor, prejudicando sua qualidade, diminuindo a eficiência e a segurança da caldeira.
A água usada em caldeiras deverá ser tratada, pode ser captada de diversas fontes: rios, lagos, minas, lagoas, poços artesianos, cisternas, riachos, represas, açudes, etc.  

2.2 Aparelhos de Alimentação de Água
Estes aparelhos são utilizados para repor a quantidade de água que foi evaporada. Os tipos de Bombas d’água são:
}  Injetores
Usam vapor de caldeira, sendo utilizados em pequenos geradores aparelhos de reserva (stand-by)
}  Vazão: 4.000 a 5.000 L/h
}  Pressão: 4 a 14 kg/cm2
}  Temperatura máxima: 40ºC
 Bombas Alternativas
     Vazão: 50.000 L/h
     Pressão: 21 kg/cm2
     Número de golpe: 30 - 35/min
     Acionamento: elétrico ou a vapor
     Vantagem: economia de energia
     Desvantagem: arrastam óleo e graxa (lubrificantes)
Bombas Centrífugas
São as mais usadas, pois apresentam os melhores resultados, facilidade de manutenção e grande vazão.
     Vazão: até 500.000 L/h
     Acionamento: motor a turbina
     Número de rpm: 1.700 - 3.400
Material do corpo: ferro fundido ou aço e ligas de aço  

2.3 Impurezas da Água
A água é um excelente solvente dos componentes sólidos, líquidos e gasosos da terra e da atmosfera. Por isso, quimicamente pura, não pode ser encontrada na natureza, até a água da chuva tem impurezas de gases N2, O2, CO2, SO2, SO3, e a água mineral grande quantidade de sais minerais.
Todas as caldeiras são feitas para trabalhar exclusivamente com água limpa, purificada e tratada, de modo a manter sua eficiência térmica e segurança mecânica.
Se a água for suja ou insuficientemente tratada não poderá ser utilizada para alimentação da caldeira. Um laboratório de análise química, desde que competente, pode fornecer as informações sobre a necessidade e o tipo de tratamento a ser aplicado.
A falta de tratamento e o tratamento indevido ou inadequado de água na alimentação, poderão ocasionar os seguintes males.: incrustação, corrosão e arrastamento ou arraste.

2.3.1 Incrustações
 São deposições ou precipitações sólidas, de natureza alcalina, nas superfícies internas das caldeiras. Isto provoca uma redução na transferência de calor (o que exige maior consumo de combustível, para manter constante a potência das caldeiras), elevação de temperatura de superfície dos metais (ocasionando superaquecimento) e eventuais rupturas.
Por menor que seja a espessura das incrustações, elevadas perdas de eficiência acontecem devido à baixa condutividade térmica das mesmas.
As substâncias mais comuns encontradas na água que provocam incrustações, são os carbonatos de cálcio e magnésio. Quando estes elementos estão presentes, diz-se que existe dureza na água.
A dureza da água pode ser determinada em:

Grau hidrométrico alemão
1 gr. A = 10 mg de (CaO) por litro de água ou seja;
1 parte de (CaO) por 100.000 partes de água ou
10 ppm = 10 partes por milhão de água.

Tabela 1 Dureza na água
Dureza gr.A
Dureza gr.F
Classificação d’água
(ppm CaCO3)
Menor do que 15
0 – 8
Muito mole
15 – 50
8 – 12
Meio mole
51 – 100
12 – 18
Mole
101 – 200
18 – 30
Dura
201 – acima
Acima de 30
Muito dura

A dureza máxima admitida para caldeiras Tipo Flamo-Tubular é de 6 gr.A, mas é recomendado o tratamento de água a partir de 3 gr.A. Uma caldeira alimentada (por desconhecimento) com água a 18 graus de dureza e que evapora 2300 kg/h, irá  produzir e acumular, em 10 horas de operação 7,4 kg de iôdo e sais, formando incrustações.
As impurezas da água podem ser:
}  Granuladas
}  Colóides
}  
Moleculares granuladas
Conforme a densidade podem ser:
}  Flutuantes, se y i < y água
}  Suspensas, se y i = y água
}  Sedimentos, se y i > y água
 O principal responsável pela presença dos carbonatos de cálcio e de magnésio, em suspensão na água, é o gás carbônico nela contido, transformando os carbonatos em bicarbonatos. Quando a água é aquecida, o gás carbônico se desprende e os bicarbonatos voltam a ser carbonatos, ficando insolúveis e diminuindo a dureza da água. Essa transformação de carbonatos é conhecida por dureza temporária.
O carbonato de cálcio é pouco solúvel na água a 100ºC, sendo eliminado, em parte, nos preaquecedores e nas linhas de alimentação de água. Sua presença é mais notada na entrada dos preaquecedores e próximo às entradas de água das caldeiras.
As incrustações podem ainda ser aumentadas se a água contiver grande quantidade de sílica em suspensão, que irá formar os silicatos de magnésio e alumínio. Os silicatos, de um modo geral, também formam, nos tubos, incrustações muito resistentes, difíceis de serem removidas.

2.3.2 Corrosão
É o ataque ao ferro das caldeiras por substâncias agressivas existentes na água. As mais comuns são: o gás carbônico (CO2), dissolvido na água; o oxigênio (O2) e, raramente, os sais ácidos (H2S e SO2). O CO2, além de ser encontrado dissolvido na água, pode originar-se da composição de carbonatos e bicarbonatos, no interior das caldeiras.
O efeito da corrosão é o desgaste progressivo das paredes dos tubos, diminuindo sua espessura e provocando o rompimento dos mesmos. Além disso, os gases corrosivos acompanham o vapor, estendendo o processo. Podem entrar nas caldeiras, com o condensado, substâncias que vão provocar a corrosão eletrolítica.
Deve-se ressaltar a diferença do efeito corrosivo do CO2 e do O2 sobre o metal. O primeiro age por igual, atacando o metal de maneira mais ou menos uniforme, enquanto o segundo tem ação localizada em determinados pontos, aprofundando-se e provocando a perfuração do metal, chamado de pittings ou pitts.

2.3.3 Formação de espumas, arrastamento ou arraste
A formação de espumas deve-se à presença dos seguintes elementos na água:
}  carbonato de sódio
}  sulfato de sódio
}  cloreto de sódio
}  matéria orgânica (graxas)
}  alguns sólidos em suspensão

A tabela seguinte apresenta o resumo dos problemas causados nas caldeiras pela água.  
Problemas
Características
Causas
Incrustações
  • Incrustações provocadas pela presença de carbonatos diversos ou sílica, no interior das caldeiras ou na superfície de aquecimento (perda de calor transferido na interfase gases/ água) e redução da vida útil da caldeira.
  • Inexistência de abrandadores ou operação deficiente dos mesmos;
  • Deficiência no controle de qualidade da água das caldeiras no que se refere à dureza;
  • Falha na adição de produtos químicos.
Corrosão
  • Corrosão nas linhas de condensado e superfície de aquecimento devido aos gases dissolvidos.
  • Tratamento deficiente na remoção do oxigênio e no controle do pH;
  • Reutilização de condensado contaminado;
  • Operação inadequada dos equipamentos durante longos períodos.
Formação de espumas, arrastamento ou arraste
  • Deterioração da pureza do vapor;
  • Depósito de sedimentos nas tubulações e nos equipamentos utilizadores de vapor.
  • Controle deficiente do índice de cloretos na água das caldeiras;
  • Problema no separador de vapor ou controle da água de alimentação.

2.4 Comentários sobre as principais impurezas da água
Dureza total
A dureza na água é medida pelo conteúdo de sais de cálcio e magnésio nela presentes, sendo que este último contribui com um terço da dureza total. Estes sais tendem a formar incrustações em superfícies quentes, causando problemas na fibra térmica dos tubos das caldeiras e dos trocadores de calor.
Os processos usados para a remoção da dureza são: abrandamento, desmineralização e evaporação.
O pH na água
O pH mede a concentração de ácido (acidez) ou base (basicidade) presente em uma solução.
Para determinar o pH, existe uma escala com numeração que varia de 1 a 14. Essa numeração indica: de 1 a 6, o teor ácido; 7, pH neutro e de 8 a 14, o teor básico.  
1   2   3   4   5   6
7
8   9   10   11   12   13   14
Ácido
neutro
Básico

Alcalinidade total
A alcalinidade ocorre, principalmente, devido à presença de bicarbonatos de cálcio, magnésio e sódio na água, em concentrações de 5 a 500 ppm. Nas caldeiras, provocam incrustações e liberação de dióxido de carbono, além da formação de espuma com conseqüente arraste. Em sistemas de resfriamento de distribuição de água, a alcalinidade torna-se importante na manutenção de condições que tendem a estabilizá-la.

Sulfatos
A concentração de sulfatos, geralmente de cálcio, sódio ou magnésio, está situada na faixa de 5 a 200 ppm. O grande inconveniente é a precipitação de sulfatos, cuja solubilidade diminui com o aumento da temperatura. Abrandamento, desmineralização ou evaporação são empregados na sua remoção.

Sílica
Também conhecida como sílica reativa, está presente como ácido silícico e silicatos solúveis, em concentrações que variam de 1 a 100 ppm. Nas caldeiras, esses compostos podem gerar incrustações duras e de difícil remoção que só podem ser eliminadas por desmineralização, abrandamento com cal ou evaporação.

Cloretos
Quase sempre presentes em concentrações bastante variáveis, desde 10 a 250 ppm, exceto na água do mar que os contém em 30.000 ppm. São geralmente muito solúveis, quer sejam de cálcio, magnésio, sódio, ferro ou outras.
A corrosividade de um meio está associada à concentração de cloretos, os quais alteram até certos tipos de aços inoxidáveis. Para sua remoção, são empregados os processos de desmineralização e evaporação.

Ferro
Normalmente, está presente como bicarbonato de ferro em concentrações variáveis que podem atingir, embora raramente, 100 ppm. Muitos problemas estão associados à presença desse elemento na água. A formação de depósitos de ferro em caldeiras, trocadores e nas próprias linhas de distribuição pode ocorrer em água que o contenha em alto teor.
Uma particularidade desses depósitos é a porosidade, permitindo que produtos corrosivos se concentrem sob eles, provocando rápida corrosão. Pode ser removido através de processos de aeração, abrandamento por cal-sodada, desmineralização ou evaporação.
Na desmineralização, o ferro deve ser evitado, já que as resinas aniônicas são suscetíveis ao ataque.
Encontra-se dissolvido em água bruta superficial, em teores que variam de 2 a 15 ppm. O principal problema é a corrosão em tubulações de ferro e cobre, principalmente nas linhas de retorno de condensado. Pode-se removê-lo utilizando desgaseificadores e desmineralizadores.
Nota: O manganês apresenta os mesmos inconvenientes do ferro

Oxigênio
Apresenta-se em teores máximos de 10 ppm. É necessário para a manutenção da vida aquática, mas é bastante prejudicial aos equipamentos, já que é corrosivo ao ferro e às ligas de cobre.
Quando a água se destina à alimentação de caldeiras é necessário removê-lo, o que se consegue através da instalação de desaeradores ou usando sulfito de sódio. A hidrazina também pode ser utilizada para auxiliar na sua remoção, principalmente quando o sistema opera em alta pressão.
No processo corrosivo, o oxigênio atua como despolarizador catódico, mantendo as reações em andamento.

Sólidos totais dissolvidos.
Constituem a soma de todo material dissolvido em água, tendo, portanto, várias fontes minerais. Sua faixa normal em águas naturais é de 25 a 5.000 ppm, podendo atingir valores maiores. Na indústria, tais valores limitam a concentração máxima permissível para sistemas evaporativos.

A condutividade elétrica associada aos sólidos tende a acelerar o processo de corrosão. O teor de sólidos totais é utilizado tanto no estudo da viabilidade da produção de vapor, a partir de uma determinada água, quanto no estudo da viabilidade da produção de água desmineralizada, os quais serão anti-econômicos se houver excessivo teor de sólidos dissolvidos.  

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