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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Procedimentos para Auditoria no Setor Saneamento Básico - Parte 4


Orientações Complementares sobre Produtos Químicos Utilizados no Tratamento de Água e/ou Gerados em Decorrência deles.

São utilizados diversos produtos no tratamento de água Ácido Fluossilícico
Riscos à saúde: provoca irritação nos olhos e no aparelho respiratório. Se ingerido pode provocar a morte por hipotensão, choque e parada cardio-respiratória. Na inalação significativa pode causar pneumonia e edema agudo dos pulmões.
Cloreto Férrico - solução
Riscos à saúde: nos olhos pode causar queimaduras graves e possível perda da visão, na pele pode causar queimaduras graves; para as vias respiratórias, seu vapor é extremamente irritante, se houver liberação de HCl;
Cloritos (íons clorito)
Gerado a partir da adição de água ao dióxido de cloro, esse por sua vez, utilizado no tratamento de água. Na reação com a água, os íons clorito combinam com metais formando sais solúveis, clorito de sódio. Reage rapidamente com líquidos do organismo e por isso é irritante de mucosas como as de nariz, garganta, brônquios e pulmões. Se ingerido pode causar irritação de boca, esôfago e estômago. Não há
evidências de ser produto cancerígeno.
A concentração segura de cloritos na água potável é de 1mg/l.
Cloro (Cl2)
É um gás mais denso que o ar, liqüefeito quando comprimido, de cor amarelo esverdeada e de odor acre, irritante, sufocante, asfixiante e característico. é pouco solúvel em água. Pode combinar-se com a água ou o vapor e produzir fumos tóxicos e corrosivos de ácido clorídrico. Os principais usos são na produção de diversos compostos clorados orgânicos e inorgânicos, produção de compostos cloretos metálicos, indústria de pesticida, esterilização e desinfecção da água de beber, de piscinas e de sistemas industriais, agente alvejante na indústria de papel e celulose, etc. Seu grau de Insalubridade (NR 15) é máximo. Seus limites de tolerância são:
LT-MP ou TLV-TWA (ACGIH / 95-96) = 0,5 ppm, 1,5 mg/m3
LT-ECD ou TLV-STEL (ACGIH / 95-96) = 1 ppm, 2,9 mg/m3
LT-TETO ou TLV-CEILING = não estabelecido
LT-NR 15 (Brasil) = 0,8 ppm, 2,3 mg/m3
Toxicocinética e toxicodinâmica
Na exposição aguda o cloro é um poderoso irritante das vias respiratórias, causando irritação da garganta, tosse intensa com espasmo brônquico (constrição dos brônquios), sensação de sufocação por espasmo dos músculos da laringe, dor retroesternal, depressão respiratória, sensação de queimação no nariz, escarro sanguinolento e edema agudo dos pulmões. Essa poderosa ação irritante nos pulmões é devida à formação de ácido hidroclórico. Em concentrações de 1.000 ppm, é fatal após algumas inspirações profundas. O cloro é corrosivo para os olhos, pele, vias respiratórias e membranas mucosas. A morte, causada por inalação de elevadas concentrações, ocorre principalmente por insuficiência respiratória e parada cardíaca devido a edema agudo pulmonar. A broncopneumonia é geralmente uma complicação letal. (Quadro 1, abaixo).
Na exposição crônica, com o contato prolongado do organismo com concentrações acima de 5 ppm resulta, pode resultar alterações pulmonares, como bronquite crônica, distúrbios da função pulmonar; alterações oculares como conjuntivite, queratite, blefarite; alterações digestivas como erosão do esmalte e da dentina, falta de apetite, vômitos e pirose, além de distúrbios gerais como emagrecimento, anemia, dor de cabeça e vertigens e alteração na pele com o surgimento de bolhas e de acne clorada no contato direto. Nos olhos seus vapores são irritantes podendo levar a queimadura, além de ação cáustica e necrozante, conjuntivite, queratite e blefarite. O cloro líquido pode causar ainda lesão ocular em caso de respingo. Geralmente quando uma planta utiliza cloro em grandes quantidades, está localizada em grandes centros metropolitanos, com densidade populacional elevada, gerando riscos não só para os trabalhadores como também para a comunidade circundante.

Quadro de efeitos da exposição ao cloro conforme concentração em ppm
CONCENTRAÇÃO DE CLORO (ppm)
EFEITOS
0,2 – 3
Limite de odor (pode surgir tolerância)
1 – 3
Moderada irritação de membranas
4
Máxima exposição no período de 1 hora
5 – 15
Moderada irritação das vias superiores
6
Irritação da garganta
30
Tosse intensa com dor torácica, vômito, dificuldade respiratória
40 – 60
Concentração perigosa em 30 minutos, pneumonia tóxica e edema pulmonar
50 – 100
Morte após 1 hora de exposição
430
Fatal após 30 minutos
1.000
Fatal após algumas inalações.
Fonte: Encyclopaedia of Occupational Health and Safety
Para o controle da exposição e prevenção da intoxicação recomenda-se:

1.        Programa de treinamento em higiene, visando esclarecer sobre os métodos de manuseio e utilização da substância e os riscos à saúde.
2.        Uso de equipamento de proteção: máscaras faciais, óculos, luvas de borracha, roupa adequada como aventais, mangas compridas, etc.
3.        Dotar os locais com lava olhos, chuveiros e respiradores autônomos em locais com possibilidade de altas concentrações.

Dióxido de cloro

É um gás manufaturado de cor amarelo-avermelhada. É usado em tratamento de água e no clareamento de papéis. Quando reage com a água forma íons clorito, composto bastante reativo, gerando sais solúveis, como clorito de sódio. O produto é irritante das vias aéreas superiores. O órgão americano OSHA determinou que o limite seguro de concentração no ar é de 0,1 ppm, para 40 horas semanais de trabalho.
Fluossilicato de Sódio ( pó ) Riscos à saúde: provoca irritação nos olhos, pele e no aparelho respiratório. Se ingerido pode levar à morte. Por hipotensão, choque e até parada cardio-respiratória.
Na inalação significativa pode causar pneumonia e edema agudo dos pulmões.

Hipoclorito de Cálcio

Riscos à saúde: irritante respiratório pela liberação de cloro gasoso; inalações severas podem levar a casos graves. irritante das mucosas em geral. Irritante também para pele e olhos.
Hipoclorito de Sódio (líquido) Riscos à Saúde: provoca queimaduras nos olhos com possível perda da visão, na pele pode causar queimaduras graves e no aparelho respiratório pode causar irritações. No caso de ingestão provoca irritação da mucosa digestiva.
Sulfato de Alumínio (líquido) Riscos à saúde: Irritação nos olhos e na pele provoca irritação local em contato prolongado.

Sulfato Ferroso Clorado

Riscos à saúde: para olhos e pele pode causar irritação quando em contato. A ingestão causa irritação gástrica e intestinal conseqüente à ação corrosiva direta dos sais de ferro sobre a mucosa gástrica e a seguir sobre a mucosa intestinal. Provoca vômitos escuros, hematêmese (sangramento pela boca), dores abdominais e diarréia com fezes escuras. Em casos graves pode causar a morte por choque hipovolêmico
(redução de volumes de líquidos no organismo, com queda grave da pressão arterial).
Alguns produtos químicos poderão resultar do processo de tratamento de água.

Dentre eles abordamos:

METANO (CH4) (metilidreto)

No tratamento de água pode estar presente em poços de visita e tanques esvaziados para reparos. É classificado como asfixiante simples e quando presente em altas concentrações reduz a pressão parcial de oxigênio, deslocando da atmosfera de respiração o oxigênio disponível, provocando hipóxia (baixa oxigenação). Como todos os gases asfixiantes é incolor. O metano não tem odor. Não tem grau de insalubridade definido na NR 15, por ser asfixiante simples, assim como não tem LT
estabelecido, pois o dado mais importante é a concentração de oxigênio no ambiente, que deve ser igual ou superior a 18% por volume nas condições normais de temperatura e pressão.

Toxicocinética e toxicodinâmica

Na exposição aguda, num ambiente com baixas concentrações de oxigênio surgem efeitos no organismo. A concentração de oxigênio no ar para que não ocorram sintomas de asfixia não deve ser inferior a 18% por volume. Concentração de oxigênio inferior a 11% provoca perda de consciência. Concentração abaixo de 6% causa parada respiratória e morte. A baixa concentração de oxigênio provocada pelos asfixiantes simples leva ao aparecimento de distúrbios em diversos sistemas orgânicos. No sistema cardiovascular surgem arritmias, hipotensão, isquemia (risco de infarto do miocárdio) e parada cardíaca. No sistema respiratório surgem hiperventilação e cianose (cor arroxeada da pele e mucosas). No sistema nervoso central surge dor de cabeça, sonolência, confusão mental, tontura, perda de memória e inconsciência. No sistema digestivo surgem náuseas e vômitos. A exposição da pele a asfixiantes na sua forma liqüefeita provoca queimaduras por hipotermia.
Na exposição crônica podem surgir dor de cabeça, tontura, irritação da garganta e tosse.
Saliente-se o risco de explosão em atmosfera contendo o gás metano.
Para controle da exposição e prevenção da intoxicação devem ser providenciadas a garantia de boa ventilação dos locais de trabalho, insuflação/exaustão de ar, antes de início de trabalhos em local com presença de metano. Assegurar concentração de oxigênio mínima de 18%. Uso de EPI/EPR, além de luvas. Devem ser formalmente proibidos o hábito de fumo e/ou o porte de materiais que possam gerar fagulhas em locais com o gás.

Riscos Ergonômicos

1.   Esforço físico na utilização repetida de equipamentos pesados tais como garfos para retirada de resíduos sólidos de maior volume como a que ocorre nos setores de tratamento preliminar de água.
2.   Trabalho noturno nas centrais de controle.
3.   Trabalho solitário, principalmente em reservatórios, expondo os trabalhadores a atos de violência decorrentes da falta de segurança pública, submetendo-os à possibilidade de adoecimento agudo, situação em que o atendimento emergencial pode retardar-se de modo a comprometer seriamente sua saúde.
4.   Esforço repetitivo de digitação para acionar sistema informatizado, nos setores de telemarketing/reclamações/atendimento ao público.

Como medidas de segurança recomenda-se:

1.   Realizar a análise ergonômica do trabalho contemplando todas as atividade que envolvam riscos dessa natureza. No documento deverá constar claramente as recomendações a serem adotadas com cronograma de execução.
2.   Fazer adequado acompanhamento médico para verificar adoecimento decorrente/agravado por trabalho noturno. Os dados alterados deverão compor o Relatório Anual do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, devendo surtir efeitos nas normas gerais da empresa no combate/controle de fontes de adoecimento no trabalho.
3.   Mecanizar processo de levantamento de resíduos recolhidos em grades de tratamento preliminar de água.
4.   Manter equipes com no mínimo 2 trabalhadores, independentemente do local de prestação de serviços e do conteúdo das tarefas prescritas.
5.   Instituir rotatividade de tarefas e de pausas em trabalhos com
monotonia/repetitividade.

Orientações Complementares

1 - O transporte de produtos perigosos - PP deve atender integralmente à legislação em vigor, notadamente no que se refere ao horário (às vezes, exclusivamente noturno) e rota (fora do perímetro urbano) de tráfego, à sinalização do veículo, ao porte, pelo motorista e auxiliares, de ficha de emergência do produto, fornecimento de kits de emergência. Para mais informações sobre transporte de produtos perigosos, fichas de
emergências, sinalização de veículos, etc., ver o glossário deste documento. Deve proceder-se também ao adequado treinamento, incluindo simulações, avaliação médica e psicológica do motorista e auxiliares, se houver.
2 - Para atender as situações em que as medidas de proteção coletiva sejam tecnicamente inviáveis e/ou estejam em fase de implantação, a empresa deverá elaborar um Programa de Proteção Respiratória - PPR, que contenha no mínimo:
- Especificação de equipamentos de proteção respiratória - EPR a serem indicados, adotando-se critérios de avaliação prévia definidos IN 01/94, bem como avaliação da eficácia e conforto dos equipamentos de proteção disponíveis no mercado;
- Procedimentos operacionais para uso, guarda, higienização e reposição dos respiradores utilizados;
- Programa de treinamento que contemple: os riscos respiratórios existentes, medidas de controle coletivo e organizacional existentes e que estão sendo adotadas com o objetivo de minimizar ou eliminar o risco; funcionamento, características e limitações dos respiradores fornecidos; colocação dos respiradores, teste de vedação e eficiência dos EPR; proteção respiratória em situações de emergência.
3 - Para atender as situações de trabalho em que houver exposição a níveis de ruído igual ou maior do que 80dB(A), conforme avaliações ambientais a serem realizadas (dosimetria de no mínimo 75% da jornada efetiva de trabalho), ou quando houver indicativos de perda auditiva induzida pelo ruído – PAIR, a empresa deverá elaborar um Programa de Conservação Auditiva - PCA, que abrangerá todos os trabalhadores envolvidos. O PCA deverá compreender no mínimo:
·         Ser documento escrito, a ser mantido à disposição da fiscalização, em que estarão explicitadas as medidas a serem adotadas, com cronograma de adoção, incluídas as medidas de ordem geral (que conserve o ambiente de trabalho abaixo do nível de ação da NR 9) e de organização do trabalho (afastar fisicamente o ruído do trabalhador ou diminuir seu tempo de exposição), utilizando os conhecimentos do SESMT, se houver.
·         Revisão dos EPIs que estão sendo utilizados, implantando outros se necessário, visando adequar a proteção aos níveis de exposição, contemplando o critério de escolha individual do EPI a ser utilizado (avaliar opinião do usuário no quesito conforto), com o devido treinamento sobre o uso, finalidades, vantagens,limitações, necessidades de troca, etc., utilizando-se os conhecimentos do SESMT, se houver. Estabelecer-se-á normas para o correto fornecimento, uso, guarda, higienização, conservação e reposição, consignando alterações e normas  no documento.
·         Definição de sistema de acompanhamento audiométrico dos trabalhadores incluídos no programa, tomando por base, no mínimo, o que está explicitado no anexo I do Quadro II da NR 7, designando profissionais que realizarão os exames (audiometria aérea ou outros testes que se fizerem necessários, meatoscopia, etc), sua periodicidade, os critérios para diagnóstico de perda auditiva e/ou seu agravamento, conduta a ser adotada nos casos ocupacionais e nos não ocupacionais, indicações de afastamento do trabalho, emissão de CAT e encaminhamento à Previdência Social;
·         Estabelecimento de critérios e mecanismos de acompanhamento das medidas de proteção adotadas, considerando dados de avaliações do ambiente e de controle médico.
·         O programa deverá estar em permanente manutenção para identificar que ações são necessárias para corrigir deficiências constatadas e para indicar alterações nas ações previstas, inclusive aquelas provocadas pelas mudanças no processo produtivo, na legislação, pela introdução de novas tecnologias, etc. Os documentos gerados deverão ser mantidos à disposição da fiscalização.
4 – Elaboração de protocolo de procedimentos para atendimento a quaisquer tipos de acidentes, incluindo encaminhamentos nos casos em que for necessária assistência médica imediata ou não.
5 – Conteúdo mínimo de Planos de Contingências para atendimento de emergências com produtos químicos, notadamente os perigosos - PP:
·         Critérios para aquisição e disponibilização de EPI e EPC - Equipamento de Proteção Coletiva.
·         Aquisição e instalação, com correta manutenção de alarmes automático e manual, além de detetor portátil de vazamento de gases. O uso de amoníaco pode servir para verificar possíveis vazamentos, pois o cloro em contato com amônia forma fumaça branca de fácil visualização. Nesse tipo de teste é fundamental que o trabalhador porte adequado sistema de proteção individual e que tenha recebido treinamentos adequados.
·         Sinalização a ser implantada, constando dados de advertência, rotas de fuga, assim como a orientação para ampla divulgação de serviços telefônicos de apoio nas situações de urgência/emergência, que atendam a região onde estiver instalada a empresa usuária do(s) produto(s) químicos.
·         Formação de brigadas de emergência, treinadas para combater vazamentos, evacuar áreas, prestar primeiros socorros, acionamento de auxílio externo.
·         Treinamento de todos os empregados envolvidos em tarefas nas ETA, vigilantes e encarregados de receber visitas, mantendo documentação mínima referente a cuidados de acordo com a gravidade, intensidade e duração de exposição de vítimas, se houver, incluindo recomendações para atendimento médico já que
·         poucos hospitais e serviços de saúde têm setores especializados no tratamento de pacientes com intoxicações exógenas, sistemas de comunicação de emergência com órgãos e áreas possivelmente envolvida s. Deverão ser realizados treinamentos com simulação de situações de emergência.
·         Incluir nos roteiros de visitas informações relativas à segurança e procedimentos a serem adotados em caso de vazamentos.
6.- Para trabalhos executados em logradouros públicos deverão ser garantidas condições mínimas de conforto para satisfazer necessidades fisiológicas, por exemplo a instalação de unidades de apoio móveis ou não.

Tratamento de Esgoto

O objetivo das plantas de tratamento de esgoto é o de eliminar maior
quantidade possível de contaminantes sólidos, líquidos e gasosos, dentro das possibilidades técnicas e econômicas. O processo apresenta muitas variações mas fundamenta-se principalmente em sedimentação, coagulação, condensação, desinfecção, aeração, filtração e tratamento de lodos.
Apresentamos como exemplo as etapas de dois modelos básicos de Estação de Tratamento de Esgoto – ETE
1 – Sistema Aeróbio
Elevatória de esgoto bruto com bombas tipo parafuso.
·         Tratamento Preliminar
·         Gradeamento mecânico para retirada de resíduos com diâmetro maior que 2 cm (dois centímetros).
·         Desarenador para separação de material inorgânico (remoção de areia).
·         Tratamento Primário
·         Decantador primário para remoção de sólidos em suspensos por gravidade
Tratamento Secundário
·         Tanque de Aeração (reator biológico) onde se processa insuflação mecânica de ar para propiciar adequadas condições para ação bioquímica de microrganismos aeróbios.
·         Decantador secundário onde o lodo é sedimentado por gravidade.
·         Estação elevatória de recirculação de lodo.
·         Tratamento do lodo
·         Adensador de lodo.
·         Elevatória de lodo adensado.
·         Prensa desaguadora (ou qualquer outro equipamento de desaguamento de lodo) para desidratar o lodo adensado com ou sem auxilio de produto floculante.
·         Sistema de calagem onde se processa a desinfecção do lodo prensado.
·         Lagoas de secagem e armazenamento de lodo.

Outros

·         Canal de descarga do efluente final.
·         Medidor de vazão (calha Parshall)
·         Laboratório de análises – para testes de pH, série de sólidos totais, fixos e voláteis, sólidos suspensos fixos e voláteis, sólidos dissolvidos, teste de demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) e demanda química de oxigênio (DQO). Estes testes são realizados em cada uma das etapas do processo.
2 – Sistema Anaeróbio
Tratamento preliminar o composto de grades para remoção de resíduos sólidos de maior porte e desarenadores.
Tratamento Primário
·         Decantadores primários – dotados de ponte raspadora rolante para arrastar o lodo com controle automatizado.
Tratamento Secundário
·         Digestores anaeróbicos – tanque fechado dotado de válvulas para exalação de gases que se formam no processo (metano) que não tenham sido drenados para a queima em “flares”.
Tratamento do Lodo
·         o Digestores secundários – tanques abertos.
·         o Setor de Desidratação – local com uso de emulsão catiônica para desidratar o lodo.
·         Aterro de lodo.
·         Laboratório de análises – para testes de pH, série de sólidos totais, fixos e voláteis, sólidos suspensos fixos e voláteis, sólidos dissolvidos, teste de demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) e demanda química de oxigênio (DQO). Estes testes são realizados em cada uma das etapas do processo.


Riscos no Trabalho em Estações de Tratamento de Esgoto - ETE:

Os riscos associados a cada processo variam de acordo com a planta de
tratamento e com os produtos químicos utilizados em cada um deles, mas podem ser divididos em físicos, químicos, ergonômicos, biológicos e de acidentes. Para prevenir ou reduzir os impactos sobre a saúde do trabalhador é necessário identificar, avaliar e controlar os riscos.

Riscos Físicos:

·         Radiação não-ionizante pela exposição ao sol para trabalhos a céu aberto e nos trabalhos de solda em oficinas de manutenção.
·         Ruído proveniente de máquinas e equipamentos (bombas de elevatórias, aeradoras, bombas de captação, etc.
·         Umidade.
·         Situações em que o Índice de IBUTG pode estar acima do limite de tolerância, tais como trabalho a céu aberto, ambientes sem ventilação adequada.

É necessária a adoção de medidas. Assim recomenda-se:

·         Fornecimento de proteção contra a exposição ao sol para tarefas com postos de trabalho fixos, tais como toldos, guarda-sol com haste flexível para possibilitar adaptação ao posicionamento do sol durante o dia.
·         Alternância de tarefas de modo a reduzir a exposição ao sol.
·         Fornecimento de cremes cutâneos contendo fatores de proteção contra raios ultravioleta “A“ e “B”, com potencial de proteção a ser definido pelo médico coordenador do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO. Fornecimento de anteparos executados em material incombustível para proteção de trabalhadores circunvizinhos aos trabalhos com solda e de equipamentos de proteção individual, para o soldador propriamente dito, promovendo seu adequado acompanhamento médico no que se refere à realização de radiografia de tórax e espirometria, por tratar-se de fonte de exposição de aerodispersóides não fibrogênicos.
·         Realização de dosimetria de ruído, de no mínimo 75% da jornada efetiva de trabalho, para avaliar a real exposição de trabalhadores ao risco. Em casos em que ficar comprovada dose maior ou igual a 80 dB(A), deverá a empresa instituir o Programa de Conservação Auditiva – PCA. Na impossibilidade técnica de redução da geração/propagação/exposição ao ruído, adotar-se-á o uso de EPI, cuidando-se para que ofereçam a proteção requerida.
·         Quanto à umidade deve ser exigida a ênfase ao exame dermatológico por ocasião de quaisquer avaliações médicas, assim como a adoção de adequadas medidas de proteção individual.
·         Avaliação adequada das condições de conforto térmico, adotando-se medidas tais como alternância de tarefas, feitas em locais com maior conforto térmico, fornecimento satisfatório de líquidos, etc.

Riscos de Acidentes

·         Explosões em atmosferas contendo metano e H2S, tais como em reatores anaeróbicos e em espaços confinados (poços de visita - PV, valas subterrâneas, locais de instalações de registros, tanques de sedimentação esvaziados para reparos).
·         Registre-se ainda o risco de explosões nos trabalhos em oficinas de manutenção com uso de .equipamentos de solda oxi-acetilênica sem adequada inspeção periódica/conservação de cilindros de gases.
·         Operação de máquinas ou partes delas (equipamentos de mistura, rastelo para lodos, bombas e seus dispositivos mecânicos, principalmente, se acionados inadvertidamente em momentos de manutenção).
·         Contusões e quedas (pelas diferenças de nível e umidade no solo).
·         Soterramento em obras de construção e reparação de redes de esgoto.
·         Acidentes por atropelamento, pelo desempenho de tarefas em vias públicas.
·         Acidentes de trânsito, tais como abalroamento, em atividades externas em que o trabalhador desloca-se em veículos particulares ou da empresa.
·         Choques elétricos em escavações em virtude de contato inadvertido com redes elétricas subterrâneas energizadas, em equipamentos não aterrados.
·         Picadas de animais peçonhentos nos trabalhos de entrada em poço de visita (PV), em atividades de capina de áreas verdes de estações de tratamento.
·         Afogamento por queda em tanques de tratamento de esgotos.
·         Trauma por queda de materiais, tais como tubos, manilhas, sacarias, nos procedimentos de carga, descarga e armazenamento.
Via de regra entende-se como espaço confinado os locais com meios limitados de entrada e saída, que não foram planejados para permanência continuada de pessoas e que carecem de ventilação adequada, existindo o risco quando se associa escassez de oxigênio, a presença de produto ou resíduo químico tóxico e ainda de material
inundante como a água.

Como medidas de segurança recomenda-se:

·         Averiguação prévia da concentração de oxigênio e da presença de gases tóxicos antes de se adentrar o espaço confinado, providenciando-se ventilação/exaustão mecânica adequadas (por exemplo insuflação/exaustão de ar) para correção das não conformidades, se necessário. É fundamental a certificação de que não estarão sendo insuflados gases e outros resíduos emanados de geradores ou de motores de ventiladores Adequado treinamento de trabalhadores quanto a medidas de segurança para adentrar locais confinados, incluindo a suspensão dos trabalhos nos casos em que persistirem condições inadequadas para a execução das tarefas prescritas. Manter equipe composta por no mínimo 3 pessoas, autorizadas a laborar mediante Permissão para Trabalho - PT.
·         Utilização completa e correta de EPI. No caso de trabalhos em poços de visita o uniforme deverá ser impermeável, constituído de peça única para não permitir solução de continuidade, que poderia expor a pele do trabalhador em contato com animais peçonhentos.
·         Adequada sinalização do local, especialmente em se tratando de trabalhos em vias públicas.
·         Treinamento em direção defensiva para trabalhadores que utilizam veículos.
·         Adoção de procedimentos/sistemas de controle (programas
·         bloqueio/advertência) que impossibilitem o acionamento inadvertido de máquinas em manutenção, como por exemplo a máquina ser novamente acionada pelo encarregado de seu reparo, ou ainda a instalação de bloqueio físico da área de religação de equipamentos.
·         Emissão de ordens de serviço e/ou de procedimentos operacionais a serem adotados para manutenção de máquinas, procedendo aos pertinentes treinamentos de trabalhadores.
·         Instalação de proteção coletiva nos locais com riscos de queda e, na impossibilidade técnica confirmada, fornecimento e exigência de uso de EPI.
·         Garantia de que as instalações elétricas estejam desenergizadas nos trabalhos de manutenção em máquinas e equipamentos e em trabalhos em valas.
·         Adoção de medidas adequadas quanto ao prévio estudo do solo, adequado escoramento de valas e deposição de resíduos delas retirados, etc.
·         Proibição do fumo e porte de equipamentos capazes de gerar fagulhas e faíscas nos locais com possibilidade da existência de gases explosivos.
·         Realização de inspeção periódica de cilindros de gases em equipamentos de solda oxi-acetilênica.
·         Adoção de procedimentos operacionais padronizados, com adequado treinamento de trabalhadores, quanto à sinalização e isolamento de áreas sob içamento, transporte e empilhamento de materiais.

Riscos Biológicos

Procedem principalmente da exposição a microrganismos presentes nos
resíduos humanos e de outras espécies animais. Quando se utiliza processo de aeração para tratamento de resíduos esses microrganismos podem estar  dispersos no ar representando fonte de contaminação. A situação de risco pode assumir maiores proporções quando do extravasamento de esgoto.
Os principais microrganismos presentes são fungos, bactérias e vírus que podem causar enfermidades agudas ou crônicas. Dentre as enfermidades agudas predominam as doenças infecciosas diarreicas, hepáticas e respiratórias. As crônicas são representadas principalmente pela asma brônquica e pela alveolite alérgica.

Como medidas de segurança recomenda-se:

·         As empresas devem propiciar condições adequadas para cuidados rigorosos com a higiene pessoal, incluindo banho ao término da jornada de trabalho, fornecimento de uniformes para troca diária, com higienização a cargo da empresa, pois nesses serviços deverão ser entendidos como equipamento de proteção individual – EPI, além da disponibilização de vestiários dotados de armários individuais de compartimento duplo, com sistemas isolados para
·         recepção da roupa suja e uso de roupas limpas.
·         Para trabalhos executados em logradouros públicos garantir condições mínimas de conforto para satisfazer necessidades fisiológicas, por exemplo com a instalação de unidades de apoio móveis ou não.
·         Elaborar protocolo de imunização, com prévia avaliação sorológica dos trabalhadores com possibilidade de exposição aos vírus das hepatites, ou outras doenças passíveis de proteção por meio de vacinação, aprovada pela autoridade competente.
·         Promover adequado acompanhamento médico, incluindo a realização de exames parasitológicos e microbiológicos de fezes, sorologia para leptospirose e hepatites, etc. por ocasião das avaliações médicas.
·         Adotar medidas de proteção coletiva contra quedas em tanques de tratamento de esgoto (guarda corpo).Quando for tecnicamente comprovada a impossibilidade de adoção de proteção coletiva, utilizar-se-á sistema adequado de proteção individual.
·         Proteção respiratória e ocular para aerodispersóides de material orgânico proveniente dos reatores aerados.

Riscos Químicos

Pelo uso de cloro, líquido (HCl) e gasoso (Cl2) nos processos de coagulação, condensação, desinfecção e tratamento de lodos. O cloro gasoso pode ocasionar, inclusive em pequenas concentrações, alterações em vias aéreas em conseqüência da formação de ácido clorídrico. As alterações vão de irritação até a síndrome de sofrimento respiratório do adulto, e ao edema agudo de pulmão em concentrações de 40 a 60 ppm, sendo fatal após 1 hora de exposição a concentrações de 50 a 100 ppm. O cloro líquido pode causar lesão ocular em caso de respingo. Causa ainda alterações cutâneas como graves irritações e bolhas, além de acne clorada, no contato direto. Nos olhos seus vapores são irritantes podendo levar a queimadura, além de açãocáustica e necrozante, conjuntivite, queratite e blefarite. As alterações digestivas são erosão do esmalte e dentina, anorexia, vômitos e pirose. Provoca também, emagrecimento, anemia, vertigens e cefaléias. Geralmente quando uma planta utiliza cloro em grandes quantidades, está localizada em grandes centros metropolitanos, com densidade populacional elevada, gerando riscos não só para os trabalhadores como também para a comunidade circundante.
Pelo uso de ozona, nos processos de coagulação, condensação, desinfecção e tratamento de lodos. Provoca irritação ocular, nasal e de pulmões, ressecamento oral e tosse. Em concentrações mais elevadas provoca dor torácica, dispnéia, edema pulmonar e broncopneumonia. Exposições a concentrações entre 0,6 a 0,8 ppm por duas horas podem causar insuficiência respiratória grave 24 horas após.
Exposição a gás sulfídrico (H2S) e gás metano (CH4) gerados pela decomposição do material orgânico. O gás sulfídrico tem odor característico (ovo podre), mas a detecção olfativa não é confiável em razão da fadiga olfativa que ocasiona. Causa irritação ocular, conjuntivite, perda do olfato. Em concentrações de 200 a 300 ppm, pode ocasionar inconsciência, hipotensão, edema pulmonar, convulsões. Exposição por 1 minuto a 900 ppm causa inconsciência e morte. O H2S interfere bioquimicamente inibindo enzimas contendo metais essenciais no transporte de oxigênio, resultando asfixia e morte.
·         Atmosfera IPVS (imediatamente perigosa à vida e à saúde) para exposições a concentrações iguais ou superiores a 100 ppm de H2S. Em concentrações mais baixas é irritante das vias aéreas, gerando também dores de cabeça e conjuntivite.
·         O gás metano compete com o oxigênio reduzindo sua concentração no ambiente, representando risco de asfixia, além de poder ocasionar explosão na presença de fagulha ou fonte de ignição.
·         Produtos químicos utilizados nos laboratórios de análises.
·         Contato com óleos, graxas e solventes nas atividades de manutenção de máquinas, tanto as de uso exclusivo do setor quanto aos veículos de transporte.
·         Exposição a inseticidas, incluídos os do grupo dos organofosforados, nas tarefas de limpeza e manutenção de redes de esgoto.

Como medidas de segurança recomenda-se:

·         Instituir Planos de Contingências e Controle de Emergência para situações de vazamento de produtos tóxicos.
·         Elaborar e implementar Programa de Proteção Respiratória PPR em conformidade com a Instrução Normativa n.1 de 11 de abril de 1994 e tomando por base o Manual do Programa de Proteção Respiratória da Fundacentro - Recomendações, Seleção e Uso de Respiradores.
·         Elaborar programa de treinamento em higiene visando esclarecer sobre os métodos de manuseio e utilização de substâncias e seus riscos à saúde.
·         Providenciar enclausuramento ou isolamento dos processos de adição de produtos tóxicos aos efluentes a serem tratados.
·         Instituir sistema de ventilação e exaustão em locais com possibilidade de vazamentos de produtos químicos.
·         Instalação de chuveiros e lava-olhos em locais com possibilidade de vazamento/exposição a produtos químicos.
·         Proibição formal de fumo durante trabalhos em locais confinados ou com possibilidade de conter metano, pelo risco de efeito somatório agravante(monóxido de carbono e metano) de condição de baixa concentração de oxigênio, além do risco de desencadear incêndio/explosão.
·         Disponibilizar conjuntos respiratórios autônomos para situações emergenciais, promovendo o adequado treinamento para seu uso.
·         Estudar a viabilidade técnica da substituição de ozona por produtos menos tóxicos (hipoclorito líquido e radiações ultravioleta).
·         Substituir solventes e óleos por produtos menos tóxicos e uso de cremes de proteção água-óleo resistentes.
·         Promover adequado acompanhamento médico, especialmente em empregados encarregados de realizar tarefas de limpeza de redes de esgoto.

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