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domingo, 15 de dezembro de 2013

Subsídio ao preço do óleo combustível mina o gás

Com defasagem de 15%, derivado usado pela indústria tem preço represado desde 2012

Sem reajustes desde julho de 2012, o óleo combustível se junta à lista de derivados de petróleo vendidos no Brasil com defasagem em relação às cotações internacionais. Segundo estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a diferença chega hoje a 15%. A falta de clareza sobre a política de preços para o produto preocupa o mercado de gás natural, principal concorrente do combustível. Atualmente, segundo especialistas, apenas a fórmula de reajustes do querosene de aviação (QAV) tem acompanhado as cotações internacionais.
Assim como o QAV, o óleo combustível obedecia a uma fórmula de reajustes até o ano passado, mas passou a ter o preço controlado diante da perspectiva de maior geração térmica no país. No dia 30 de setembro de 2013, último dado disponível pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o produto era vendido nas refinarias da Petrobras, em média, a R$ 1,074 por quilo. Desde julho de 2012, tem oscilado entre os R$ 1,04 e R$ 1,08, por quilo, de acordo com a ANP.
Usado para a geração de calor em indústrias, o produto é concorrente direto do gás natural, cujos preços acompanham as cotações internacionais, principalmente nos mercados que consomem gás boliviano. Segundo o Boletim Mensal de Acompanhamento do Gás Natural elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), o óleo combustível está hoje mais barato do que o gás em São Paulo e para pequenos consumidores no Rio — segundo especialistas, mesma situação vivem os estados do sul do país. Na Bahia, terceiro estado pesquisado pelo ministério, a vantagem é do gás.
“Enviamos uma carta para a direção da Petrobras para tentar buscar uma solução para esse problema”, diz o presidente-executivo da Associação Brasileira das Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), Augusto Salomon. “Não estamos conseguindo mais convencer clientes a trocar de combustível”, completa. Hoje, a estatal dá um desconto de 30% no preço do gás natural, que já é insuficiente, em alguns estados, para manter a competitividade.
“Se no ponto de entrega, o gás está mais caro do que o óleo, não chegará competitivo ao consumidor, já que o custo de transporte é maior”, comenta o coordenador de Energia Térmica da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores de Energia (Abrace), Ricardo Pinto. “Mais uma vez, estamos subsidiando um combustível sujo em detrimento de um combustível mais limpo”, diz o diretor do CBIE Adriano Pires, lembrando que a gasolina ganhou mercado do etanol nos últimos anos por conta do represamento de preços para evitar pressão inflacionária.

Fonte: Nicola Pamplona, Brasil Econômico/Clipping CanalEnergia, dezembro/13


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