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segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Conversa pra “Friboi” dormir


Diz o velho ditado que a propaganda é a alma do negócio. No entanto, para ser eficaz, a publicidade de um produto ou serviço jamais pode omitir informações que não sejam de desconhecimento do grande público, sob pena de vender um engodo ao consumidor. Phillip Kotler, considerado ainda hoje o “papa” do marketing, diz que a verdade é o principal instrumento de qualquer propaganda.
É justamente por isso que vem em boa hora a manifestação da presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora Kátia Abreu, que usou a tribuna do Senado para protestar contra a campanha de mídia que vem sendo feita em todo o país pela JBS Friboi. Quase todo brasileiro já viu as propagandas em que Tony Ramos entra em supermercados e fala das características da “carne Friboi”, com seus trabalhadores uniformizados, com regras rígidas de higiene e o Selo de Inspeção Federal. Ocorre que a peça publicitária omite ao consumidor a informação de que estas características, vendidas como diferencial competitivo, são regras básicas para o funcionamento do mais modesto frigorífico, e portanto, estão presentes em mais de duzentas indústrias semelhantes.
A agressiva (e pouco transparente) campanha de marketing do Friboi coincide com o crescente monopólio da companhia na indústria de carnes, com expansão e aquisição de frigoríficos menores Brasil afora, tudo isso regado com dinheiro público, a financiamentos camaradas do BNDES, um banco que ao invés de fomentar projetos de desenvolvimento nacional, tem atuado para capitalizar barões da indústria, a juros que não são encontrados no mercado, tal a generosidade que setores da imprensa já chegaram a especular sobre as relações entre o frigorífico e a família do ex-presidente Lula. Seja como for, o fato é que, com a mãozinha amiga do governo, esta empresa engole frigoríficos menores e inibe a concorrência, regulando praticamente sozinha o preço pago aos produtores. No entanto, o Cade (Conselho de Defesa Econômica) nada diz, mais preocupado em transformar a Siemens numa munição política contra a oposição.
A carne brasileira, especialmente a gaúcha, formada basicamente por raças britânicas, é uma das mais competitivas e de maior qualidade em todo o planeta. Alimentando seu gado apenas com pasto, sem ração animal e sem riscos de “vaca louca”, nosso pecuarista destina 70% da produção ao mercado interno, e mesmo exportando apenas 30% transformou o Brasil no maior fornecedor de proteína animal do planeta. A qualidade gaúcha já merecia ações de marketing coerentes, como um Selo de Origem e Qualidade. No entanto, toda esta competitividade pode ser afetada se este monopólio se consolidar no setor. Esta é a verdade, o resto é conversa pra “Friboi” dormir. Em tempos de protestos, diria que o Tony Ramos não me representa.
Tarso Francisco Pires Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São Gabriel


       Vice Presidente da Farsul

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