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segunda-feira, 11 de março de 2013

Comercialidade dos hidratos de metano parece próxima


As fontes não convencionais de gás natural chegaram em definitivo ao primeiro plano da atividade, desencadeando mudanças radicais no mercado, noticiadas em sucessão - possibilidade concreta de autossuficiência em hidrocarbonetos nos EUA, deslocamentos na produção petroquímica, redirecionamento do consumo de carvão, entre muitos outros efeitos. Lideradas pelo shale gas, as fontes não convencionais já em fase de comercialização não se limitam a ele, e incluem o gás de carvão (coal seam gas, coalbed methane) e as areias compactas (tight gas), em produção na Austrália e Canadá. É difícil imaginar como ficará o mercado de gás natural nos próximos anos, tais as variáveis que terão de ser levadas em conta.
Enquanto os analistas - inclusive no Brasil - buscam traçar possíveis caminhos para o desenvolvimento do mercado, uma outra fonte não convencional de gás natural poderá, dentro de um horizonte visível, viabilizar reservas estimadas por orgãos oficiais em até cinquenta vezes os volumes mundiais provados de hoje. São os hidratos de metano, estruturas microscópicas de cristais de gelo que aprisionam em seu interior moléculas de metano, largamente acumuladas no fundo  dos mares e sob superfíceis geladas, como o permafrost siberiano.
 
Se os hidratos de metano constituem-se em uma fonte praticamente inesgotável de gás natural, considerados os volumes hoje consumidos, trata-se por outro lado de um material instável, de difícil acesso e manuseio. Seus sedimentos podem facilmente se deformar ou dissociarem-se quando submetidos a pressão, tanto que, em décadas de pesquisas e tentativas em escala piloto, ainda não foi definida uma tecnologia capaz de proporcionar, com segurança e economia, sua produção industrial.
 
Temos noticiado neste site as mais recentes experiências feitas por órgãos do governo americano, como o DOE (US Department of  Energy) e empresas colaboradoras no "Alaska North Slope". Lá, duas tecnologias diferentes, ambas já testadas com sucesso em laboratório - troca das moléculas de CH4 por CO2 e  dissociação controlada por redução da pressão - estão em fase de testes de campo, ainda sem resultados divulgados. Entretanto, são dos trabalhos feitos no início deste ano no Japão que se espera a produção dos primeiros volumes de gás proveniente de hidratos destinados ao mercado consumidor.
 
Conforme noticiado em 12 de janeiro/13 pela agência japonesa Kyodo, uma empresa associada ao governo, a Japan Oil,Gas&Metals, iniciou perfurações com um navio-sonda a 1,3 km do litoral da península de Atsumi, na prefeitura de Aichi, próxima a Nagoya, uma das maiores cidades japonesas, centro de sua indústria automobilística. Segundo os dirigentes do empreendimento, subordinado ao Ministério da Economia, Comércio e Indústria, a expectativa é de que sejam extraidos "milhares de m³ de gás por dia".
 
Não se imagina, mesmo com o possível sucesso do projeto japonês, que o gás obtido de hidratos de metano seja disponibilizado ao mercado consumidor a curto prazo, entre outros motivos pelo porte dos investimentos necessários. Face, entretanto, ao volume das reservas e, no caso japonês, à sua localização às portas de grandes centros de consumo, o prêmio ao êxito será certamente suficiente para justificar os esforços despendidos.
 
Fonte: Luis Olavo Dantas, março/13 

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