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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O ROMBO É GRANDE.

Petrobras registra menor investimento desde 2005
Dyelle Menezes
Do Contas Abertas
O Grupo Petrobras, responsável por 84,5% dos investimentos das estatais brasileiras, investiu R$ 3,7 bilhões a menos na execução de obras e compra de equipamentos até junho deste ano, comparativamente ao mesmo período de 2010. Este valor é em moeda corrente, ou seja, sem a atualização do IGP-DI, medido pela Fundação Getúlio Vargas. Se for considerada a inflação do período, a queda chega a R$ 7,3 bilhões.
A estatal aplicou R$ 31 bilhões, cerca de 34% dos R$ 91,3 bilhões previstos para 2011. Em relação aos investimentos dos últimos 11 anos, este desempenho só fica acima dos registrados em 2004 e 2005. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Planejamento, na última terça-feira.
Segundo a assessoria de imprensa da estatal, o decréscimo é conseqüência do grande número de obras concluídas no primeiro semestre de 2010, “que acarretou maior investimento”, o que não significa que as aplicações correntes ao longo do ano serão inferiores as do ano passado. 
A assessoria explica que, geralmente, os investimentos até junho são menores do que nos segundos semestres de cada ano. “Ademais, em média 40% dos nossos investimentos são correlacionados à moeda estrangeira (basicamente dólar) e, com a apreciação do real, a Companhia acaba gastando menos reais para um determinado investimento em dólar. Entre o primeiro semestre de 2010 e o primeiro semestre de 2011, o real passou de R$1,80 para R$1,63, por dólar”.
Neste sentido, a assessoria afirmou ainda, que nenhuma área ou atividade especificamente foi prejudicada. “Ao contrário, ano a ano a companhia vem crescendo a produção de petróleo e gás natural, capacidade de refino, geração de energia, produção de biocombustíveis, etc. Por exemplo, a produção total de óleo e gás natural no Brasil e exterior cresceu 3% comparando-se junho de 2011 contra junho de 2010”.
Plano de Negócios
Na primeira quinzena de maio apareceram sinais do ritmo mais lento de investimentos. Após reunião do Conselho de Administração da estatal, notícias foram veiculadas sobre a revisão do Plano de Negócios para o quinquênio de 2011-2015. A sugestão era reduzir R$ 55,7 bilhões da proposta inicial de investimento, que chegava a R$ 414 bilhões. Com a aprovação do novo Plano de Negócios, no último dia 22 de julho, a redução ficou em R$ 25 bilhões. A estatal deve ter R$ 389 bilhões autorizados até 2015.
Para o economista Edmar Almeida, essa é a principal motivação do decréscimo. “Há o entendimento que este é o momento de tentar segurar os gastos, principalmente em função da inflação. Por outro lado, a Petrobras pode estar tentando adiar pagamentos para gerenciar melhor o fluxo de caixa”, afirma. Todavia, para o especialista em petróleo, não há motivo para alardes. “Por enquanto a situação econômica da Petrobras é bastante saudável, o preço do petróleo está no patamar interessante e atrativo, a priori não há com o que se preocupar”.
Em termos de volume aplicado, o professor observa ainda que o investimento do primeiro semestre de 2011 ficou abaixo de 2010, mesmo assim é o dobro do investido em 2006. “Nos últimos anos a Petrobras vem experimentando um ritmo de investimentos muito forte. Mesmo com a queda registrada neste ano, os valores ainda são altos”.
O atual Plano de Negócios da empresa (2010-2014), prevê investimentos de R$ 189,3 bilhões para a área de exploração e produção e R$ 117,4 bilhões para a atividade de refino. A área de gás e energia tem planejado o gasto de R$ 28,4 bilhões. Segundo Almeida, a área de exploração e produção é prioridade absoluta.
“Do ponto de vista empresarial é bom que estas áreas sejam priorizadas, é o que dá dinheiro. O governo tem que analisar se a diminuição de investimento em gás e energia cria algum problema no setor de energia e se criar, como fazer para ajustar a situação. A Petrobras não tem monopólio, apesar de ser estatal, não podemos esquecer que se trata de uma empresa e precisa pensar nos lucros”, explica.
Para o setor de petroquímica e biocombustíveis estão com previstos de R$ 8,1 bilhões e R$ 5,6 bilhões, respectivamente, em investimentos. Já para a atividade de distribuição o Plano indica R$ 4 bilhões e, finalmente, para a área corporativa o valor é de R$ 4,5 bilhões.
Caminho dos próximos 5 anos
O novo Plano de Negócios (2011-2015) autoriza investimentos na ordem de R$ 389 bilhões e vai contemplar o total de 688 projetos. Haverá a concentração dos investimentos no segmento de exploração e produção, que passa de 53% para 57% dos investimentos. Segundo nota divulgada pela estatal, neste segmento se destaca a inclusão dos novos projetos de exploração na camada do pré-sal.
A novidade fica por conta da inclusão do programa denominado de “desinvestimento”, no montante de US$ 13,6 bilhões. O objetivo é gerir de forma mais flexível o caixa, viabilizando investimentos. Além disso, a estatal pretende implementar ações para aumentar a participação dos fornecedores nacionais e apoiar o desenvolvimento de empresas nacionais inovadoras.
Importância
A Companhia possui 28 empresas no setor de petróleo, derivados e gás natural, em pesquisa, extração, refino, transporte, e distribuição de derivados para o consumidor final.
Segundo a revista “Fortune”, a Petrobras é a 34ª maior empresa do mundo no ranking anual das 500 maiores companhias, divulgados no mês de julho. Entre as sete empresas brasileiras que aparecem no ranking, a Petrobras é a mais bem posicionada, com faturamento de US$ 120,1 bilhões. Entre as empresas que mais lucraram em 2010, a Petrobras aparece em oitavo lugar, com US$ 19,2 bilhões, que representa um crescimento de 23,7% em relação ao ano anterior.

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