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sábado, 25 de agosto de 2012

O centenário de Othelino Nova Alves


16 de outubro de 2011 

A década de 60 trouxe uma novidade aterradora para o Brasil e para os brasileiros: a instalação de um poder discricionário, um regime de exceção sustentado nas baionetas que durante muito tempo somente alguns poucos no país tiveram a coragem de enfrentar. A supressão das liberdades e a edição de atos institucionais permitiam a violência política, a tortura, os desaparecimentos, a eliminação física e um governo paralelo que, sustentado em mercenários e polícias secretas, agia nos porões para sustentar o regime opressor sem permitir qualquer forma de oposição.
Se vivo estivesse, o jornalista Othelino Nova Alves teria completado, ontem, 100 anos de existência. Falecido em 30 de setembro de 1967, sua vida foi ceifada pelas balas covardes de um caciquismo que vigorava na periferia do regime de exclusão que mal podia suportar a ação temerária e destemida dos que, como ele, amavam a liberdade.
A sua é uma história de muito sofrimento, vítima que foi de atentados em Manaus, Piauí, Ceará e no Maranhão, até que aqui caísse sangrando definitivamente em praça pública como testemunho solitário de que há homens que lutam um dia ou durante anos, mas há os imprescindíveis que lutam a vida inteira. E esse é o rosto esquecido de Othelino Nova Alves.
Uma história que precisa ser contada com mais vagar, posto que, no Maranhão, representa o sacrifício de vidas humanas em defesa da liberdade de expressão e dos direitos dos povos, da salvação dos oprimidos.
Para quem vinha de enfrentar a ditadura do Estado Novo, regime centralizado e autoritário concebido por Getúlio Vargas, afinal uma cópia sangrenta do salazarismo português; regime que valeu ao jornalista um ano de prisão em Fortaleza sem que ainda tivesse completado 30 anos de idade, Othelino também não se renderia ao poder arbitrário do regime militar e dos caciques políticos que no entorno da ditadura escolheram silenciá-lo para sempre.
Certamente que a História fará Justiça a esse mártir da imprensa cujo busto foi arrancado ao panteon da própria História para satisfazer vaidades estúpidas ou não sobrepor-se como exemplo insofismável da existência de uma disfarçada tirania que ainda hoje domina o Maranhão.
A queda de Othelino Nova Alves representa o desabar dos sonhos de liberdade e democracia de sucessivas gerações; sonhos nunca realizados porque ainda hoje sentimos o gosto amargo do ferrolho na boca, porque ainda hoje, como profissionais de imprensa, somos tolhidos, seja pelo poder econômico, seja pela vassalagem circundante, de denunciar os tiranos, corruptos, os corruptores e a corrupção.
Que seja essa data uma lembrança eterna para as almas libertárias dos maranhenses que ainda resistem “Na liça”, conscientes de que o bem maior do homem é a liberdade e de que não há prisão, tortura ou perseguição que cale os corações valentes dos poucos heróis que guardam esse mesmo espírito livre e destemido de Othelino Nova Alves.

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