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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bertin poderá desistir de quatro usinas se tiver aval de distribuidoras



Aneel, no entanto, não autoriza uso de estrutura de térmicas revogadas para acelerar novos projetos
Por Luciano Costa
Crédito: Petrobras
O Grupo Bertin poderá desistir, de maneira amigável e sem multa, da implantação de quatro termelétricas que precisariam entrar em operação em 2013. Mas, para isso, a empresa terá de obter o aval de todas as distribuidoras de energia que assinaram contratos com as usinas no leilão que as viabilizou, o A-5 de 2008. Além disso, as áreas técnicas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) precisarão confirmar que tal movimento não causará riscos ao suprimento ou ao sistema e nem aumento de custos para os consumidores.
As declarações das distribuidoras sobre a desistência precisarão ser entregues à Aneel até 29 de agosto, uma quarta-feira. A agência então, com essas informações em mãos, deverá voltar a analisar, na reunião de diretoria do dia 4 de setembro, a possível extinção das usinas. O calendário tenta fazer com que as distribuidoras participem dos próximos leilões de energia, marcados para outubro, já sabendo se precisarão ou não ir às compras.
A decisão foi tomada nesta terça (31/7) pela diretoria da Aneel e aparece como um sinal positivo para a Bertin, que tenta dar um jeito em uma série de projetos atrasados e escapar de multas. No entanto, o órgão regulador não acatou um outro pleito que faz parte do plano de reestruturação da empresa.
A ideia da Bertin era aproveitar em outros projetos as estrutras já existentes na Bahia, em Aratu, onde a empresa construía um grupo de seis usinas. Isso porque essas seis plantas precisavam entrar em operação em janeiro de 2011, mas não cumpriram o prazo e a Aneel não permitiu que a companhia desistisse sem ônus da empreitada. Como os empreendimentos devem acabar revogados, a Bertin queria usar o que já fez até agora para instalar outras usinas, que venderam energia para início de entrega em 2013.
O diretor Julião Coelho, porém, entendeu que os "ativos físicos", que são as obras até então já realizadas, estão atrelados ao contrato que as usinas fecharam no leilão. E os projetos do A-3 de 2008, que devem ser revogados, tinham vendido energia a preços menores que as do A-5, que a Bertin pretendia implantar no lugar delas.
Para Coelho, o pedido da Bertin "possui claro fundamento de atrelar a um 'esboço de usina' contratos mais caros e de prazo mais dilatado". A empresa desistiria de um complexo mais barato, do leilão A-3, que já está inviável, e construiria, com ajuda da estrutura já pronta, plantas mais caras e que só precisam gerar em 2013. Assim, não haveria vantagem para o consumidor, que acabaria pagando mais.
O diretor ainda deixou claro que todos pedidos da Bertin para levar outras usinas para Aratu serão indeferidos, a não ser que a empresa cumpra o prometido e construa as usinas que hoje se encontram fora de cronograma.
Entenda:

A Bertin poderá desistir das UTEs MC2 Macaíba, MC2 Iconha, Cacimbaes e Escolha, todas do leilão A-5 de 2008; mas, para isso, precisará do aval das distribuidoras. Essas plantas precisariam começar a operar em 2013, mas não chegaram a iniciar obras.

A Aneel pode autorizar a revogação amigável porque a empresa entrou com o pleito antes que fossem abertos os processos de cassação dos empreendimentos.

A Bertin não poderá usar as construções já feitas das usinas MC2 Camaçari I, MC2 Senhor do Bonfim, MC2 Feira de Santana, MC2 Dias Dávila 1, MC2 Dias Davila 2 e MC2 Catu, todas próximas a Aratu, na Bahia, para instalar asUTEs MC2 Messias, MC2 Pecém 2 e MC2 Rio Largo. Isso porque as três últimas usinas têm contratos de venda mais caros, o que fez a Aneel entender que a decisão prejudicaria o consumidor.

A Aneel também decidiu não aceitar uma revogação amigável da usina MC2 Rio Largo, que poderá ser cassada em breve. Nesse caso, o pedido da Bertin para mudar a localização da usina só foi feito após a Aneel ter iniciado o processo de cassação.

No momento, uma liminar na Justiça impede a Aneel de revogar autorizações da Bertin até que uma série de 12 pleitos da empresa sejam analisados. Por isso, na última semana e nesta terça-feira (31/7), a Aneel se apressou para julgar processos referentes à companhia.

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