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domingo, 6 de janeiro de 2013

PLD explode e ultrapassa patamar de R$ 550 por MW/h


Reservatórios encontram-se em níveis críticos e as previsões de chuvas não são nada otimistas

Por Fabíola Binas, Maria Domingues e Natália Bezutti
Crédito: gettyimages
O Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) ultrapassou a casa de R$ 550 para o período válido até o dia 11 de janeiro, conforme dados divulgados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). O valor está próximo do patamar recorde de 2008, quando o PLD atingiu R$ 569,59, o preço teto para a ocasião.
Atualmente o valor máximo para o PLD é de R$727,52, segundo informações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Analistas consultados pelo Jornal da Energia não dizem se o patamar máximo poderá ser atingido novamente, mas afirmam que a situação crítica dos reservatórios hidrelétricos, por conta das previsões pouco otimistas de chuvas, já apresentam situação semelhante a de períodos em que o país apresentou dificuldades no abastecimento de energia.
Como o modelo de previsões de chuvas/vazões influencia diretamente na formação de preço da energia do mercado de curto prazo, o momento é de apreensão entre os agentes.
O diretor da Safira Energia, Mikio Kawai comentou que a situação é a continuação de uma tendência que começou em março do ano passado, quando também houve um período mais seco do que o esperado. Kawai explica que, com praticamente toda capacidade instalada das usinas térmicas sendo despachadas, mais a previsão de chuva irregular, o setor deve estar atento. “Requer muita atenção, pois só tivemos esses níveis de preço em 2008 e no período pré-racionamento de 2001”, lembrou Kawai ao alertar que isso pode trazer prejuízo os consumidores livres. Para o executivo os agentes do setor devem se concentrar na questão, a fim de contorná-la a tempo.
Um analista de investimentos de um grande banco estrangeiro, que pediu para não ser identificado, afirmou que existe uma preocupação no mercado com relação ao nível dos reservatórios. "As previsões meteorológicas indicam falta de chuvas, especialmente no submercado Sudeste-Centro Oeste, onde estão localizados 70% dos reservatórios das hidrelétricas", disse.
Apesar do quadro, que aponta para a manutenção do PLD em níveis elevados, o analista acredita que o sistema tem "salvaguarda" nas térmicas para enfrentar esse cenário. "Em 2001 existiam poucas térmicas e poucas linhas de transmissão para fazer o intercâmbio de energia. Em 2008, o modelo com as térmicas foi testado. Naquela ocasião houve o problema de falta de gás porque não existiam tantas ramificações dos gasodutos da Petrobras. O combustível ainda não chega em todas as partes do Brasil, mas o problema foi minimizado", disse.
O analista acredita que o Governo Federal poderá continuar apostando em reforços locais, como fez no caso do Rio Grande do Sul. Na última semana de dezembro, foi aprovada a reativação da UTE Uruguaiana (639MW). O gás, neste caso, será importado da Argentina.
Estatísticas 
Agentes do mercado que estudam o comportamento das ENAs (Energia Natural Afluente) se dizem muito apreensivos. Um deles, teve a preocupação em analisá-las entre os conjuntos de anos 1998/1999/2000, 2006/2007/2008 e 2011/2012/2013 para os submercados Sudeste Centro Oeste, Sul e Nordeste, que foram períodos de dificuldade de abastecimento, sendo que no primeiro houve o racionamento.
Para esse agente, o que mudou desde lá foi o volume de carga (que aumentou significativamente), sendo que os reservatórios do Sudeste hoje (28.90%) estão piores que na transição de 2007/2008 (46,17%) e iguais aos do período de racionamento (28,90%).
“A diferença é que temos mais reforço no intercâmbio entre as regiões. Mas o sistema não é blindado e uma prova disso são os blecautes já observados. Já a disponibilidade de térmicas que seria a segunda opção já está acionado desde 2012”, analisou ao questionar se existe hoje uma terceira via de solução que, para ele, poderiam ser as alternativas de barcaças de GNL com usinas a bordo ou uma possível interconexão com a Venezuela (interligação Manaus- Boa-Vista), que reforçariam o acionamento da térmica de Uruguaiana. 

Vale lembrar que hoje a Climatempo divulgou um analise de que os reservatórios das hidrelétricas nas regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste, encerram próximos do limite para o abastecimento de energia nestas regiões, sendo que não houve melhora, sequer com o dezembro mais chuvoso da história da cidade de São Paulo (397,6 milímetros).
Para se ter uma ideia, dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), dão conta de que o Nordeste fechou dezembro com 32,2% de sua capacidade (o limite mínimo para a região é 34%), enquanto o Sudeste/Centro-Oeste terminou o ano com apenas 28,8 % (0,8% acima da linha de risco).

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