From: christophergoulart@hotmail.com
CC: puggina@puggina.org; artigozh@zerohora.com.br
Subject: Sobre respeitar a história
Date: Sun, 16 Jun 2013 12:07:20 -0300
Prezado Percival Puggina:
Sou leitor de sua coluna de Zero Hora. Não que compactue com a sua visão de mundo, longe disso. Mas pelo simples entendimento de que é necessário conhecer argumentos de quem pensa diferente. Eu nasci no exílio, em Londres. Tenho três nacionalidades e nunca me orgulhei desse fato, pois honestamente gostaria mesmo de ter nascido no Brasil. Sou neto de João Goulart, advogado, ativista de direitos humanos e hoje vice-presidente da FASC.
Faço parte de uma terceira geração, depois de meu avô. Mas minha história está diretamente ligada a história do Brasil. Talvez, por essa razão, procurei conhecer as razões sobre todas as circunstâncias que envolvem a derrocada inconstitucional de meu avô da presidência: porque conhecendo esse período eu acabo conhecendo a história de minha vida.
Sabe, a história de meu avô não termina no Golpe civil militar do dia primeiro de abril de 1964. Ela continuou, muito longe de seus olhos, provavelmente. E agora eu estou aqui para lhe falar sobre "respeito à história e verdades". Represento a preocupação repetida de alguns de seus textos em "que as próximas GERAÇÕES conheçam a verdade". Pois eu sou uma das "próxima gerações"
Olha, posso entender sim uma visão de mundo diferente, calcada nas liberdades de mercado, na Estado mínimo, nas políticas externas dependentes e na ausência de inclusão social efetiva. Mas o que não entendo é como alguém de respeitável credibilidade insista em aplicar publicamente uma mentira de que o Brasil planejado por meu avô era "Comunista". Aliás, eu entendo. Entendo que são as mesmas táticas de guerra fria, da década de sessenta (ultrapassadas táticas) de colar mentiras nos adversários "subversivos' para desestabilizar os governos. Da mesma forma que o IBAD e o IPES atuavam no nosso país, com patrocínio de dólares americanos. Você deve lembrar disso.
Não é verdade, senhor Puggina, de que o Brasil se tornaria "comunista" com as reformas de base pretendidas por meu avô. E você, no fundo, sabe disso, mas não reconhece. Hoje, passados quase cinquenta anos do golpe civil-militar, falarmos em uma reforma tributária é ser comunista? Falarmos em uma reforma educacional é ser comunista? Falarmos na questão agrária é ser comunista?
Vale lembrar, meu avô era um CAPITALISTA, na mais ampla concepção da palavra. Um fazendeiro que vivia dos negócios do campo. E a sua reforma agrária consistia em dar título de propriedade a 10 milhões de brasileiros (éramos 80 milhões naquela época, contando com você) para fortalecer o mercado interno e desenvolver o capitalismo. Para impedir um êxodo rural que hoje gera tanta violência nas grandes capitais do Brasil. isso é ser comunista?
Poderia falar em outras tantas reformas do Estado brasileiro que meu avô gostaria de ver implantadas em sua pátria, mas eu sei que no fundo você as conhece. Sei também que você sabe que o Presidente Jango era herdeiro político do Presidente Vargas. Então, fale em "trabalhismo", se realmente tiver algum compromisso com a verdade e respeito com os seus leitores.
Justamente em razão do senhor reiteradamente teimar em "brincar com a história", como é o caso da brincadeira de seu último texto intitulado "respeitem a história" é que eu concluo: a mim não me venha falar em respeito à história. Principalmente a sua história mal contada!
Porto Alegre, 16 de junho de 2013
Christopher Goulart
CC: puggina@puggina.org; artigozh@zerohora.com.br
Subject: Sobre respeitar a história
Date: Sun, 16 Jun 2013 12:07:20 -0300
Prezado Percival Puggina:
Sou leitor de sua coluna de Zero Hora. Não que compactue com a sua visão de mundo, longe disso. Mas pelo simples entendimento de que é necessário conhecer argumentos de quem pensa diferente. Eu nasci no exílio, em Londres. Tenho três nacionalidades e nunca me orgulhei desse fato, pois honestamente gostaria mesmo de ter nascido no Brasil. Sou neto de João Goulart, advogado, ativista de direitos humanos e hoje vice-presidente da FASC.
Faço parte de uma terceira geração, depois de meu avô. Mas minha história está diretamente ligada a história do Brasil. Talvez, por essa razão, procurei conhecer as razões sobre todas as circunstâncias que envolvem a derrocada inconstitucional de meu avô da presidência: porque conhecendo esse período eu acabo conhecendo a história de minha vida.
Sabe, a história de meu avô não termina no Golpe civil militar do dia primeiro de abril de 1964. Ela continuou, muito longe de seus olhos, provavelmente. E agora eu estou aqui para lhe falar sobre "respeito à história e verdades". Represento a preocupação repetida de alguns de seus textos em "que as próximas GERAÇÕES conheçam a verdade". Pois eu sou uma das "próxima gerações"
Olha, posso entender sim uma visão de mundo diferente, calcada nas liberdades de mercado, na Estado mínimo, nas políticas externas dependentes e na ausência de inclusão social efetiva. Mas o que não entendo é como alguém de respeitável credibilidade insista em aplicar publicamente uma mentira de que o Brasil planejado por meu avô era "Comunista". Aliás, eu entendo. Entendo que são as mesmas táticas de guerra fria, da década de sessenta (ultrapassadas táticas) de colar mentiras nos adversários "subversivos' para desestabilizar os governos. Da mesma forma que o IBAD e o IPES atuavam no nosso país, com patrocínio de dólares americanos. Você deve lembrar disso.
Não é verdade, senhor Puggina, de que o Brasil se tornaria "comunista" com as reformas de base pretendidas por meu avô. E você, no fundo, sabe disso, mas não reconhece. Hoje, passados quase cinquenta anos do golpe civil-militar, falarmos em uma reforma tributária é ser comunista? Falarmos em uma reforma educacional é ser comunista? Falarmos na questão agrária é ser comunista?
Vale lembrar, meu avô era um CAPITALISTA, na mais ampla concepção da palavra. Um fazendeiro que vivia dos negócios do campo. E a sua reforma agrária consistia em dar título de propriedade a 10 milhões de brasileiros (éramos 80 milhões naquela época, contando com você) para fortalecer o mercado interno e desenvolver o capitalismo. Para impedir um êxodo rural que hoje gera tanta violência nas grandes capitais do Brasil. isso é ser comunista?
Poderia falar em outras tantas reformas do Estado brasileiro que meu avô gostaria de ver implantadas em sua pátria, mas eu sei que no fundo você as conhece. Sei também que você sabe que o Presidente Jango era herdeiro político do Presidente Vargas. Então, fale em "trabalhismo", se realmente tiver algum compromisso com a verdade e respeito com os seus leitores.
Justamente em razão do senhor reiteradamente teimar em "brincar com a história", como é o caso da brincadeira de seu último texto intitulado "respeitem a história" é que eu concluo: a mim não me venha falar em respeito à história. Principalmente a sua história mal contada!
Porto Alegre, 16 de junho de 2013
Christopher Goulart
Nenhum comentário:
Postar um comentário