Desde que o “monstro” foi para a rua, o governo da doutora Dilma fez uma opção preferencial por encrencas que resultam apenas em trapalhadas. Quis convocar uma Constituinte exclusiva para desenhar uma reforma política, e a ideia durou pouco mais que um fim de semana. Sacou uma proposta de plebiscito a respeito da qual nem o PT se entende. Quis estender em dois anos a formação dos médicos e desistiu na semana passada.
Até aí, tratava-se apenas de desconversar diante do ronco das ruas que pedem melhores serviços públicos. Na semana passada, contudo, a doutora fez um novo lance, provocador. Veio a São Paulo para anunciar investimentos de R$ 3,1 bilhões em corredores de ônibus (um mimo para o comissário Fernando Haddad) e saiu-se com esta: São Paulo é “talvez a maior cidade do mundo com o menor sistema metroviário do mundo”. Tradução: o problema de transporte do paulistano é a falta de metrô e, com isso, vai para o colo do tucanato que governa o estado há 20 anos.
Com 11 milhões de habitantes, a cidade de São Paulo tem 74 km de metrô, no qual movem-se três milhões de pessoas por dia útil. O metrô do Rio tem 46 km e atende 640 mil pessoas por dia, numa população de 6,3 milhões. A doutora ajeitou a bola com a mão. Tanto São Paulo como o Rio precisam de mais trilhos, mas o “talvez” só caberia se o Rio estivesse em outro hemisfério. Estando logo ali, com um metrô de má qualidade, como se comprovou durante a visita do Papa Francisco, como ela mesma diria, o truque foi “rudimentar”.
De qualquer forma, a doutora poderá reequilibrar a balança se, na sua próxima visita ao Rio, disser que ela é uma das maiores cidades do mundo com o menor sistema metroviário do mundo.
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