Nunca, leitores, nunca mesmo!, os subestimem. Quando vocês acharem que
eles já chegaram ao limite do tolerável, fiquem certos: eles darão mais um
passo, mais dez, mais mil. Não param nunca! Não têm compromisso com a palavra,
com os fatos, com a razão, com a decência, com o bom senso, nada! Neste fim de
semana, chega o primeiro lote de escravos-médicos de Cuba. Serão 400 de um
total previsto de 4 mil. Por enquanto! Uma operação dessa magnitude não se
planeja da noite para o dia.
Alexandre Padilha jamais deixou de cuidar do assunto, muito
especialmente quando anunciou que o governo havia desistido da ideia. Pasmem!
Isso aconteceu no dia 8 de julho — há menos de um mês e meio. Enquanto dizia ao
país uma coisa, tramava outra. O que ele quis foi impedir a reação dos
críticos. Por isso agiu à socapa, à sorrelfa, por baixo dos panos,
transformando um projeto de governo quase numa conspiração.
Já lembrei aqui que o
ministro da Saúde não criou um maldito estímulo que fosse para a interiorização
dos médicos brasileiros. E não o fez porque seu projeto era outro. A decisão de
importar os 4 mil escravos do Partido Comunista cubano, que também serão
agentes do petismo, soma interesses de natureza ideológica, política e
eleitoral. Esclareço.
Quem são?
Os médicos que chegarão ao Brasil já atuaram em
democracias bolivarianas exemplares como Venezuela, Bolívia e Equador. Conheço
bem a questão por razões que não vêm ao caso. Se os jornalistas investigativos
forem apurar (eu só investigo a falta de lógica), vão descobrir que
Cuba tem uma espécie de exército de jaleco para trabalhar mundo afora. Todos
eles, sem exceção, são filiados ao Partido Comunista e considerados “quadros”
do regime. Não! Não se trata de inferir que, no Brasil, tentarão fazer a
revolução ou implantar o comunismo. Isso é besteira. A questão é de outra
natureza.
Em todos os países onde atuam, eles se tornam, aí sim, prosélitos do
governo que os importou. Se assim não agem por vontade, fazem-no porque não têm
alternativa. Os países que os abrigam não fazem contrato com eles, mas com
ditadura cubana. A Organização Pan-Americana de Saúde entra na história apenas
para, como direi?, lavar a natureza do acordo indecente. Indecente?
Sim! O Brasil pagará R$ 10 mil por cubano importado — e esse dinheiro
será repassado a Cuba. A ilha, então, se encarregará de pagar os médicos. Esse
mesmo tipo de contrato vigorou com a Venezuela, Equador e Bolívia. Os médicos
chegam sem suas respectivas famílias. Nem sonham, portanto, em desertar. A
atividade, no entanto, rende um pouco mais dinheiro do que permanecer naquela
ditadura paradisíaca.
Atenção! Embora trabalhando para o sistema público de saúde no Brasil,
os médicos obedecem ao comando de cubanos. Estarão por aqui, mas sob a estrita
vigilância de bate-paus do Partido Comunista. Deles se exige que, no contato
com as comunidades pobres, sejam agentes de propaganda do governo. É evidente
que, caso criasse as condições para interiorizar médicos brasileiros, Padilha
não contaria com essa sujeição.
E por que os cubanos se submetem? Ideologia? Não necessariamente. É que
não têm alternativa. Para o seu futuro e o de sua família, ficar na ilha é
pior. O Brasil não terá nenhum controle dos médicos que vão entrar ou sair.
Serão os cubanos a decidir quem fica e quem vai . Como eles não terão o seu
diploma validado aqui, não têm como, por exemplo, abandonar o programa e passar
a clinicar por conta própria.
ENTÃO VEJAM QUE MARAVILHA! OS CUBANOS SÓ SÃO CONSIDERADOS APTOS A
TRABALHAR AQUI SE ESTIVEREM LIGADOS AO GOVERNO DA ILHA. SEM ISSO, NÃO!
Contra a terceirização?
Lembro-me do escarcéu que petistas e outros
esquerdistas vulgares fazem contra a administração de hospitais públicos por
OSs (Organizações Sociais). Os vigaristas costumam dizer que se trata de
privatização do bem público e outras bobagens. E o que faz o PT? Na prática,
terceiriza 4 mil postos médicos, entrega-os ao controle dos cubanos e alimenta
aquela tirania com R$ 40 milhões por mês. Ora, poderia haver terceirização pior
do que essa, com os médicos obrigados — alguns certamente por gosto e ideologia
— a fazer proselitismo político, sob pena de ser mandados de volta ao hospício
de Fidel e Raúl Castro? É um escândalo, a meu juízo, sem par na era petista.
A importação dos médicos se dá a pouco mais de um ano da eleição
presidencial e para os governos de Estado. Dilma deve tentar um segundo
mandato. Padilha vai disputar o Palácio dos Bandeirantes. Em recente encontro
do PT, Lula afirmou que o ministro tinha antes de trazer os médicos para, aí
sim, anunciar a candidatura.
Vamos ver, insisto neste ponto, o que fará o Ministério Público do
Trabalho, sempre tão diligente quando se trata de apontar trabalho semelhante à
escravidão em fazendas ou oficinas de costura. E no caso dos médicos? Resta
evidente que o governo de Cuba os mantém atrelados ao regime, entre outras
razões, porque dispõe de instrumentos para puni-los caso se rebelem — e a
família é um argumento bastante forte.
Não sei, não! Tenho para mim que, num exame cuidadoso das leis, não será
difícil chegar à conclusão de que esse acordo é ilegal. Numa entrevista,
Padilha reafirmou que repassará a Cuba R$ 10 mil por médico, mas que a
remuneração dos doutores é decisão daquele país; o Brasil não teria nada com
isso. Como não? Então vamos encher as burras de Cuba com os recursos de um
programa público de saúde, vinculado ao SUS, e ignorar que boa parte desse
dinheiro será surrupiado?
Curioso, não é? Segundo as leis brasileiras, uma loja de departamentos
que compre roupas de uma oficina que explore trabalho degradante pode passar a
ser corré (essas novas regras do hífen são de matar…) numa ação ainda que
ignorasse o fato. E se vai tolerar que a presidente de um país e seu ministro
da Saúde sejam beneficiários de um trabalho em tudo similar à escravidão?
No encerramento deste texto, é forçoso que eu lembre: Hugo Chávez
evidencia a excelência da medicina cubana, e Lula e Dilma, a da medicina
brasileira. Na hora do pega pra capar, os petistas não apelaram nem aos cubanos
nem ao SUS. Preferiram o Sírio-Libanês.
Por Reinaldo Azevedo