Consumidor pagará R$377 milhões por energia eólica que não será entregue
Atraso em ICGs não deixará usinas enviarem produção à rede; diretores ameaçam punições à Chesf, responsável pelas instalações
Por Luciano Costa
O consumidor brasileiro pagará mais
de R$377 milhões por uma energia que não será entregue. O cálculo foi
feito pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e leva em conta a
remuneração a parques eólicos que estão prontos, mas não terão como
enviar energia à rede devido à falta de instalações de transmissão.
Essas usinas, que somam 636MW, seriam conectadas a ICGs – centrais de
conexão compartilhada – que deveriam ter sido construídas pelas Chesf,
mas estão com atraso e deverão ser concluídas somente em meados do ano
que vem.
Pelas regras do leilão de energia de
reserva de 2009, no qual as plantas foram contratadas, o gerador tem a
garantia da receita caso a impossibilidade de entregar a energia não
seja de sua responsabilidade. Nesta terça-feira (26/6), a diretoria da
Aneel decidiu os critérios para que esses investidores possam receber.
Eles terão que cumprir obrigações listadas pelas áreas técnicas do
regulador para mostrar que estão aptos a operar e que a não entrega de
energia acontece apenas por culpa da falta de transmissão.
Em carta enviada à Aneel, a Chesf
informou os prazos previstos para entrada em operação das ICGs, que
serão construídas no Rio Grande do Norte, Bahia e Ceará. As datas são,
respectivamente, 15 de fevereiro, 26 de agosto e 19 de julho de 2013.
O atraso, porém, pode ser maior e gerar
ainda mais custos para o consumidor do que o previsto pelo regulador.
Isso porque esse cronograma foi passado à Aneel pela Chesf em março. E,
há uma semana, a estatal informou ao Jornal da Energia outras previsões, que apontam para 21 de junho , 13 de setembro e 21 de setembro de 2013.
O diretor da Aneel Edvaldo Santana
também fez uma relação com a complementaridade entre a geração eólica e a
hídrica e disse que, caso as usinas realmente entrassem em operação, o
sistema poderia poupar água no reservatório das hidrelétricas. “São
custos para o sistema que não estão calculados”, salientou.
As usinas afetadas pelo problema das
ICGs pertencem a Renova, Dobrevê e CPFL Renováveis. Todas precisariam
começar a funcionar em 1 de julho, mesma data programada para todos
outros parques que venderam energia no certame de 2009.
Punição
O relator do processo referente ao imbróglio, Romeu Rufino, disse que a agência vai apurar a responsabilidade da Chesf pelo não cumprimento dos cronogramas das ICGs. A estatal alega lentidão no licenciamento ambiental para justificar as dificuldades. Mas Rufino apontou que a área de fiscalização da Aneel vai checar a situação, podendo executar as garantias depositadas pela empresa para os projetos.
O relator do processo referente ao imbróglio, Romeu Rufino, disse que a agência vai apurar a responsabilidade da Chesf pelo não cumprimento dos cronogramas das ICGs. A estatal alega lentidão no licenciamento ambiental para justificar as dificuldades. Mas Rufino apontou que a área de fiscalização da Aneel vai checar a situação, podendo executar as garantias depositadas pela empresa para os projetos.
Rufino apontou que mesmo eventuais
multas e execução de garantias da Chesf “não chegariam nem perto” do
prejuízo causado aos consumidores pela não conclusão das obras a tempo. E
disse que a Aneel buscará argumentos para responsabilizar a companhia
ao máximo pelo problema. Até porque a arrecadação com as multas ou
garantias não seria revertida para a modicidade tarifária, o que faria
com que o consumidor continuasse com o ônus.
“Ainda que os prazos tenham ficado
apertados, foi uma licitação. O agente (Chesf) participou consciente do
que tinha em termos de obrigação. Participou porque quis, assumiu os
riscos”, justificou.
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