Estudo do Instituto Internacional de Gerenciamento de Água (IWMI) revela que, a partir de 2030, serão necessários mais 2 mil km³ de água por dia para alimentar a população mundial. O volume é 25% maior do que o usado atualmente. Não é à toa que, assim como o petróleo, a água é apontada neste século como um insumo fundamental para a economia global e vem se tornando uma mercadoria cada vez mais valiosa. Trata-se de um mercado estimado em US$ 350 bilhões, montante que deverá crescer 4,7% ao ano e atingir US$ 530 bilhões anuais, em 2016.
Na ânsia de matar a sede do mundo, crescem, por exemplo, os negócios ligados diretamente à dessalinização de águas oceânicas. Estima-se que até
Foi o que fez o oceanógrafo Daniel Ruffato, 27 anos, e seus sócios, ao fundarem em 2010, no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), a Salt Ambiental, especializada em consultoria e suporte a empresas que atuam em ambientes lacustres e marinhos. Em pouco tempo, eles conquistaram clientes como a Petrobras, Shell e Queiróz Galvão. Mas, ao contrário do que se podia imaginar no início, o carro-chefe da empresa passou a ser os aplicativos desenvolvidos para facilitar o processamento e a apresentação de dados oceânicos em trabalhos de campo. O mais inovador é o Ocean DB, projetado para smartphones, tablets e computadores que usam sistema Android. O aplicativo fornece parâmetros oceanográficos, como temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido na água e frequência de empuxo. "Foi um ano de estudo até concluir o projeto, mas estamos em condições de oferecer as médias climáticas desde a superfície até o fundo de todos os mares e oceanos do mundo", afirma Ruffato. Lançado no início de abril, com acesso gratuito, o aplicativo registrou nos primeiros 30 dias 100 mil downloads. O empreendedor observa, contudo, que o Ocean DB é um projeto em andamento, que deve evoluir para uma plataforma de gerenciamento de dados em tempo real, para auxiliar no planejamento e operações de monitoramento de emergências ambientais.
Com faturamento estimado de R$ 600 mil para este ano, a Salt Ambiental projeta investir, ainda, na divulgação de dois de seus produtos: a garrafa Van Dorn, que coleta água do mar em qualquer profundidade por meio de um dispositivo mecânico, já encomendada pelo Instituto Oceanográfico; e a modelagem numérica para simular cenários, ondas, marés, nível dos oceanos, correntes, níveis de dispersão de poluentes e transporte de sedimentos. "Trabalhamos de forma interdisciplinar na análise de todos os lados, o que traz à Salt um diferencial no mercado", observa Ruffato.
Atenta à movimentação que a descoberta da camada do pré-sal provocou - só a Petrobras deverá investir US$ 33 bilhões na exploração de petróleo no litoral brasileiro até 2014 - a carioca Aquamet mudou o rumo dos seus negócios, depois de uma encomenda feita pela própria Petrobras, em 2008. "Eles estavam atrás de alguém que fizesse projeções de longo prazo para o clima nos mares da costa brasileira", lembra
A prestação de serviços de monitoramento marítimo capaz de dar à Petrobras informações sobre como agir em situações de emergência, como vazamento de óleo causado por problemas nas plataformas ou nos navios petroleiros, levou a Aquamet a desenvolver um aplicativo que incorpora tanto previsões meteorológicas quanto oceânicas, incluindo temperatura do mar, correntes e ondas. Lançado em janeiro desse ano, a novidade tem chamado a atenção não só dos tradicionais clientes de logística portuária e petroleiros, como de estaleiros internacionais, segundo Silva. "O próximo passo será desenvolver equipamentos para captação de dados no mar; por enquanto só se trabalha com fotos de satélite", adianta.
Quem também surfou na onda do pré-sal foi o oceanógrafo Manlio Fernandes Mano, 37 anos, que colou no mercado uma proposta alternativa e mais barata do que a prospecção de áreas a serem exploradas para extração de petróleo. O que antes era feito exclusivamente com o auxílio de um navio, a um custo médio de R$ 150 mil por dia, hoje pode ser feito em qualquer parte do mundo, sem sair do Rio de Janeiro e independentemente das condições climáticas. Uma exclusividade da start up criada por Mano, batizada de Oilfinder, com sede no Rio de Janeiro.
Mano desenvolveu um sistema de processamento e modelagem de imagens obtidas por satélite capaz de identificar a origem e a trajetória de vazamentos naturais de óleo antes da mancha chegar à superfície. "É algo extremamente novo", diz Mano. "Um projeto completo custa R$ 250 mil por dois meses. Com o navio, leva-se o dobro do tempo e o custo é por dia". O primeiro cliente foi a Petrobras, mas o empreendedor projeta grande crescimento, graças aos leilões das áreas de perfuração de petróleo que serão exploradas nos próximos cinco anos. Este ano o faturamento deve chegar a R$ 2 milhões, com previsão de dobrar até 2013.
Fonte: Valor Econômico/TN Petróleo, 29/06/12
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
Água do mar deve ser vista como área a ser explorada
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