Geradores reclamam da dificuldade de obter repostas dos fabricantes
Por Wagner Freire, de São Paulo (SP)
As novas regras do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar equipamentos da indústria eólica já foram precificadas pelo setor. Segundo agentes geradores ouvidos pelo Jornal da Energia, as exigências do Finame aumentaram os custos dos equipamentos em dois dígitos, ou seja, em pelo menos 10%. O fato é que os equipamentos representam 75% dos custos dos parques eólicos no Brasil e, segundo os agentes consultados, sim, será repassado para os consumidores no momento da venda da energia, no caso, nos próximos leilões.
“Os custos dos equipamentos devem subir significativamente”, afirmou Mathias Becker, diretor presidente da Renova Energia. “Na nossa visão por dois motivos: pela exigência maior para que os equipamentos sejam produzidos no Brasil; e, consequentemente, haverá uma consolidação dos fabricantes, que por uma pressão de mercado, se resumirão em cinco ou seis empresas, diminuindo a oferta.”
Para Mathias, a conta é simples. “Se o custo do fabricante sobre, o preço da energia sobe junto”, disse ele, após participar do Wind Forum Brazil, nesta quarta-feira (27/02), em São Paulo.
“O que essa nova regra teve de louvável”, completou o diretor geral da EDP Renováveis, Renato Volponi, “foi criar de fato critérios mais objetivos da nacionalização que está se buscando atingir, mas os prazos colocados e o rigor da cobrança são incompatíveis com o que a indústria pode conseguir.”
Ele opinou: “Não vejo como se chegar ao fim daquela tabela do Finame com 100% com 60% de nacionalização. E o temor é que haja menos oferta de equipamentos. Tenho hoje uma dificuldade muito grande de conseguir respostas de propostas e isso não é bom”, arrematou.
As novas regras do Finame, que nada mais é que uma linha de financiamento do BNDES a juros baixos para a cadeia produtiva, foi apresentada no dia 12 de dezembro de 2012, dois dias antes do leilão A-5. A nova metodologia estabelece metas físicas, com ampliação progressiva da quantidade de componentes nacionais nos equipamentos, que terão de ser cumpridas pelos fabricantes de acordo com um cronograma previamente estabelecido.
O diretor executivo da Casa dos Ventos Energias Renováveis, Clécio Antonio C. Eloy, entendeu que “é legitimo a tentativa do governo de tentar nacionalizar tudo que for possível, mas faltou um pouco mais de inteligência e o tiro pode acabar saindo pela culatra”.
Para o diretor de geração da CEEE, Carlos Ronaldo Vieira Fernandes, “é perfeitamente compreensível que os governos ( federal e estaduais) trabalhem a energia eólica não só como uma alternativa de energia, mas como uma política de desenvolvimento integrado, atraindo plantas industrias que produzam equipamentos no País. O que pode se discutido é a velocidade dessas mudanças, que acontecem em cronogramas incompatíveis com a necessidade de expansão de fonte nesse momento.”
Segundo Volponi, em alguns casos, o novo Finame provocou aumento entre 15% e 25% no custo dos equipamentos.
Para o A-3, os agentes esperam que o governo precifique todos esses fatores e contam com um preço teto acima dos atuais R$110 por MWh.
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