Diz o velho ditado que a propaganda é a alma do
negócio. No entanto, para ser eficaz, a publicidade de um produto ou serviço
jamais pode omitir informações que não sejam de desconhecimento do grande
público, sob pena de vender um engodo ao consumidor. Phillip Kotler, considerado
ainda hoje o “papa” do marketing, diz que a verdade é o principal instrumento de
qualquer propaganda.
É justamente por isso que vem em boa hora a
manifestação da presidente da Confederação Nacional da Agricultura, senadora
Kátia Abreu, que usou a tribuna do Senado para protestar contra a campanha de
mídia que vem sendo feita em todo o país pela JBS Friboi. Quase todo brasileiro
já viu as propagandas em que Tony Ramos entra em supermercados e fala das
características da “carne Friboi”, com seus trabalhadores uniformizados, com
regras rígidas de higiene e o Selo de Inspeção Federal. Ocorre que a peça
publicitária omite ao consumidor a informação de que estas características,
vendidas como diferencial competitivo, são regras básicas para o funcionamento
do mais modesto frigorífico, e portanto, estão presentes em mais de duzentas
indústrias semelhantes.
A agressiva (e pouco transparente) campanha de
marketing do Friboi coincide com o crescente monopólio da companhia na indústria
de carnes, com expansão e aquisição de frigoríficos menores Brasil afora, tudo
isso regado com dinheiro público, a financiamentos camaradas do BNDES, um banco
que ao invés de fomentar projetos de desenvolvimento nacional, tem atuado para
capitalizar barões da indústria, a juros que não são encontrados no mercado, tal
a generosidade que setores da imprensa já chegaram a especular sobre as relações
entre o frigorífico e a família do ex-presidente Lula. Seja como for, o fato é
que, com a mãozinha amiga do governo, esta empresa engole frigoríficos menores e
inibe a concorrência, regulando praticamente sozinha o preço pago aos
produtores. No entanto, o Cade (Conselho de Defesa Econômica) nada diz, mais
preocupado em transformar a Siemens numa munição política contra a
oposição.
A carne brasileira, especialmente a gaúcha,
formada basicamente por raças britânicas, é uma das mais competitivas e de maior
qualidade em todo o planeta. Alimentando seu gado apenas com pasto, sem ração
animal e sem riscos de “vaca louca”, nosso pecuarista destina 70% da produção ao
mercado interno, e mesmo exportando apenas 30% transformou o Brasil no maior
fornecedor de proteína animal do planeta. A qualidade gaúcha já merecia ações de
marketing coerentes, como um Selo de Origem e Qualidade. No entanto, toda esta
competitividade pode ser afetada se este monopólio se consolidar no setor. Esta
é a verdade, o resto é conversa pra “Friboi” dormir. Em tempos de protestos,
diria que o Tony Ramos não me representa.
Tarso Francisco Pires
Teixeira
Presidente do Sindicato Rural de São
Gabriel
Vice Presidente da Farsul
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