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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Transmissão: 73% das obras atrasadas


Atrasos médio chega a 14 meses; 58% da geração também estão fora de cronograma

Por Wagner Freire
Fonte MaiorFonte Menor
Crédito: Getty Images
Durante a primeira reunião do ano do Conselho de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada em 9 de janeiro, o Ministério de Minas Energia (MME) apresentou um balanço das obras de expansão de geração e transmissão de energia elétrica.
O fato é que 73% das obras de transmissão estão com os cronogramas atrasados, ou seja, apenas 27% encontram-se com as datas dentro do previsto. "No cômputo, geral existe um atraso médio de catorze meses nas datas previstas desses empreendimentos", diz o documento. Segundo o MME, estão sendo monitorados atualmente 15.497quilômetros de linhas.
Quanto à justificativa pelos atrasos, nenhuma novidade: "reflexo das questões socioambientais".
Do ponto de vista da geração, onde 333 novas usinas estão sendo monitoradas, 58% das obras (3.678MW) estão com o cronogramas atrasados. Dessa forma, apenas "42% dos empreendimentos de geração monitorados encontram-se com datas de tendência dentro do previsto e que no cômputo geral existe um atraso médio de sete meses nas datas previstas para esses empreendimentos". Os projetos foram leiloados entre 2005 e 2009.
Para 2013, a previsão é que 8.502MW (geração) e 8.841 km de linhas entrem em operação. "Contudo, os montantes de empreendimentos realizados em 2012 e previstos para 2013 encontravam-se em fase de consolidação, podendo sofrer ajustes", pondera o ministério.
Com relação aos empreendimentos de geração, foi apresentado que no ano de 2012 entraram em operação 3.983 MW, sendo 3.205MW que comercializam energia no Ambiente de Contratação Regulada e 778 MW do Ambiente de Contratação Livre.
Embora a reunião do CMSE tenha ocorrido no início de janeiro, a ata só é divulgada um mês depois, o que ocorreu nesta quinta-feira (07/02).
ICGsAinda durante a reunião, a Chesf fez uma apresentação sobre a situação das Instalações Compartilhadas de Geração (ICGs). Encontra-se concluídas as construções de 133MW em parques eólicos, relativos à ICG João Câmara, e outros 585MW, relativos às ICGs Igaporã, Ibiapina, Lagoa Nova, Extremoz II e Morro do Chapéu.
A previsão para que essas usinas estivessem injetando energia na rede era setembro de 2013. "Mas que deixarão de ser entregues ao sistema na data de conclusão, em função do cronograma das obras de transmissão, cujos atrasos médios são da ordem de quinze meses em relação às datas do Ato Legal", diz a Chesf.
A justificativa vem a seguir: "Ficou constatado que os atrasos foram impactados principalmente em função da gestão dos empreendimentos e de atraso na obtenção de autorização do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN)".
 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

UHE Colíder dispensa 1.370 operários por falta de acomodações


Destruição de alojamentos na noite de 11 de fevereiro, impossibilita permanência de trabalhadores, segundo JMalucelli
Por Natália Bezutti
Fonte MaiorFonte Menor
Crédito: Nord Electric-Divulgação
A depredação do canteiro de obras da hidrelétrica Colíder (300MW), no rio Teles Pires, na noite de 11 de fevereiro, acarretou na dispensa de 1.370 trabalhadores do empreendimento por falta de acomodações. Assim, apenas 824 funcionários que residem na região – localizada a 700km de Cuiabá – serão mantidos. A informação é da empresa JMalucelli, integrante do consórcio construtor junto à CR Almeida.
Mais da metade dos operários (697) já tiveram a recisão contratual concluída, e outros 673 estão em processo. A construtora declara que a dispensa não é represália após atos de vandalismo, e que está respeitando os direitos dos funcionários, e colocando à disposição um ônibus para levar os operários do canteiro de obras até Cuiabá, de onde eles poderão seguir para seus destinos, também com a passagem fornecida pela empresa.
O caso
Um grupo com cerca de trinta indivíduos incendiou o alojamento do empreendimento, além de causar danos em escritórios e salas de administração, ambulatório, academia, banco e área de lazer. A manifestação teria sido iniciada após informações de que a empresa não remuneraria os funcionários pelos dias trabalhados durante o Carnaval.
Também foram queimados ônibus, carros e caminhões, e houve a explosão de um caixa eletrônico, com furto do dinheiro do equipamento.

Cenário energético brasileiro aponta maior dependência de térmicas



Com o aumento do parque térmico, o país não está  tão dependente de chuvas para abastecer os reservatórios e evitar o racionamento, como em 2001, mas isso aumenta o preço da energia para os mercados cativo e livre, é o que analisa Luis Gameiro, diretor da Trade Energy, comercializadora independente de energia.

Atualmente, o custo de operação das térmicas por razões de segurança é de cerca de R$ 700 milhões por mês, e para o executivo este é um fator de atenção. “O sistema brasileiro de geração de energia hoje é mais frágil e mais dependente da geração térmica porque os requisitos ambientais crescentes têm impedido o aproveitamento maior da nossa vantagem competitiva em termos de água, construindo, como no passado, reservatórios de acumulação plurianual que permitissem aumentar o grau de segurança no abastecimento. Esse fato leva, naturalmente, a um custo maior de complementação térmica, já que a energia eólica e solar, pela sua própria natureza, não conseguem acompanhar a curva diária de carga”, comenta.

Ainda que este valor tenha que ser transferido aos consumidores ainda em 2013, as novas diretrizes do setor, determinadas pelo governo, apontam para melhores condições. “Ainda é cedo para dizer qual o real impacto da redução de tarifas determinada na Lei 12.783/2013, por conta do repasse que deve ser feito para compensar as distribuidoras pelo gasto adicional com térmicas, mas por se tratar de uma medida estrutural, a redução estrutural no custo da energia no Brasil trará importantes efeitos globais a partir do próximo ano”, destaca Gameiro.

Panorama para 2013 do mercado livre de energia

Para o diretor da Trade Energy, empresa que comercializa e gere atualmente 550 MW médios de energia e traça ampliação do faturamento em 40% para 2013, as condições para os consumidores livres poderiam melhorar.

“Com a lei proveniente da MP 579, o mercado livre acabou se beneficiando apenas com a redução de encargos e do preço de uso das redes com concessão renovada. A redução no custo da energia propriamente dita merece mais atenção, porque afinal representa hoje quase 30% do consumo no país, na quase totalidade carga industrial ou comercial. Por isso, os benefícios nessa área seriam fundamentais para incentivar a produção e consequentemente o crescimento econômico sustentável do país”, alerta Gameiro.

Um dos fatores mais preocupantes para o mercado livre em 2013 é o PLD (Preço de Liquidação de Diferenças), que segue oscilando em patamares elevados. “O que deve ocorrer é um movimento de alongamento dos contratos, procurando minimizar a exposição aos preços de curto prazo, já que num país de base hidráulica sempre haverá riscos de estiagem e de suas consequências no preço. Contratos por prazos mais longos têm algumas vantagens, entre elas a minimização do risco de curto prazo e a bancabilidade, pelo mercado livre, de empreendimentos de geração, permitindo atuar em conjunto com o governo na expansão do parque gerador nacional”, analista Gameiro.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

REVELAÇÃO DA PETRÓBRASGATE - BOMBA corruPT


Mercado especula que Veja revelará megaescândalo na Petrobrás comprometendo Lula, Mantega e Gabrielli
Tudo que está por trás da compra de uma refinaria tecnologicamente ultrapassada pela Petrobrás, em Pasadena (Texas, EUA), virá à tona em uma reportagem da próxima edição da revista Veja, sexta-feira que vem. O mercado financeiro já aguarda a divulgação de detalhes sobre o escândalo – que pode manchar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e aprofundar problemas políticos que a Presidenta Dilma Rousseff já enfrenta na empresa. Mensalão e Rosegate parecerão fichinha perto do “Petrobrasgate”.
Lula entra na dança por causa de personagens ligadíssimos a ele e que serão alvos por ligação com o escândalo. O caso Pasadena mexe com Guido Mantega (ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobrás), José Sérgio Gabrielli (ex-presidente da estatal de economia mista), Almir Guilherme Barbassa (diretor financeiro da empresa e presidente do braço internacional PFICo – Petrobras International Finance Co - que é uma das grandes caixas-pretas no sistema Petrobrás), além de Nestor Cerveró (Diretor financeiro da BR Distribuidora) e Alberto Feilhaber (que foi empregado da Petrobrás durante 20 anos e que agora é vice-presidente da Astra Oil - segundo ficha dele no Linkedin).
Exemplo hediondo de “privataria petralha”, em uma negociata que deve gerar um prejuízo de até US$ 1 bilhão à Petrobrás e seus acionistas, o caso já é investigado pelo Tribunal de Contas da União e tem tudo para se transformar em uma ação judicial em Nova York – movida por investidores internacionais. O ato lesivo de desgovernança corporativa já foi motivo de questionamentos de acionistas ao Conselho de Administração da companhia.
O caso Pasadena tem tudo para acabar investigado pelo Ministério Público Federal – que já estuda um processo para investigar indícios concretos de superfaturamentos na maioria dos contratos firmados na gestão Gabrielli. Os inchaços contratuais seriam as verdadeiras causas do aumento de prejuízos, perda de eficiência produtiva e consequente queda nos lucros da estatal de economia mista – que perde cada vez mais valor de mercado. Estima-se que os rombos na Petrobrás cheguem a R$ 10 bilhões.
Os maiores alvos de superfaturamento que o MPF vai investigar são os contratos para refinaria Abreu e Lima (Rnest/PE), para o Comperj de Itaboraí, e para os questionáveis projetos de refinarias premium no Ceará e Maranhão. Também entram na investigação a lesiva compra de uma refinaria tecnologicamente ultrapassada em Pasadena (Texas, EUA) e o escândalo Gemini - uma sociedade por meio da qual o governo brasileiro entregou o cartório de produção e comercialização de gás natural liquefeito (GNL) a uma transnacional dos EUA).

Dilma quer sangue?
A negociata foi fechada em 2006 na gestão de Gabrielli, quando a então chefe da Casa Civil de Lula da Silva, Dilma Rousseff, presidia o CA da Petrobrás, e foi obrigada a engolir a operação que não a agradou.
Na época, Dilma teria sido contra a operação feita por Gabrielli, mas a reclamação dela de nada adiantou, já que o presidente da empresa era (e continua sendo) homem de super-confiança do chefão Lula.
Esse foi um dos motivos que fez Dilma, quando assumiu o Planalto, substituir Gabrielli por Graça Foster – que agora tem um bilionário prejuízo para resolver.

Resumo da negociata
Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou a Pasadena Refining System Inc por US$ 42,5 milhões.
Em 2006, os belgas venderam 50% das ações da empresa para a Petrobrás por US$ 360 milhões.
Como a refinaria, defasada tecnologicamente, não tinha como processar o pesado petróleo brasileiro, belgas e brasileiros fizeram um contrato para dividir o megainvestimento de US$ 1,5 bilhão.

Conflito programado?
Se houvesse distrato, uma das partes teria de reembolsar a outra.
Em 2008, como houve briga, os belgas acionaram a Petrobrás a pagar U$ 700 milhões.
Perdendo a causa, a Petrobrás se viu obrigada a torrar US$ 839 milhões para assumir o controle da Pasadena.


Como se livrar do problema?
Na gestão Graça Foster, a Petrobras tomou a sábia decisão de se livrar do mico texano – negócio articulado por Gabrielli e tocado por seu diretor financeiro Almir Barbassa (tão poderoso que continua no mesmo cargo na gestão Graça).
Colocada à venda, dentro da política de negociação de ativos para reduzir prejuízos, a Pasadena recebeu uma única e ridícula oferta de compra de US$ 180 milhões feita pela transnacional Valero, sediada nos EUA.
Como as operações temerárias de Gabrielli-Barbassa-Cerveró torraram US$ 1,199 bilhão da Petrobrás, se a venda for bem sucedida, a estatal de economia mista tupiniquim amargará quase R$ 1 bilhão em perdas – o que vai afetar a péssima remuneração dos irados investidores nacionais e internacionais.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Drones: dossiê sobre uma guerra suja


É possível que você já tenha ouvido falar das “kill lists” – listas de nomes de pessoas a serem assassinadas. Certamente você já ouviu falar dos drones. Mas os detalhes da campanha que os EUA movem contra militantes no Paquistão, no Iêmen e na Somália – peça chave da abordagem que o governo Obama optou por dar à segurança nacional – permanecem envoltos em segredo. Aqui oferecemos um guia do que já sabemos e do que ainda não sabemos.
Onde se trava a guerra ‘dos drones’? Quem faz essa guerra?
Os aviões-robôs comandados à distância, os drones, são a arma escolhida pelo governo Obama para matar militantes fora do Iraque e do Afeganistão. Os drones não são a única arma – também há notícias de ataques aéreos tradicionais e outros. Mas segundo uma das estimativas disponíveis, em mais de 95% dos assassinatos premeditados executados depois de 11/9/2001, os alvos foram mortos pordrones. Uma das vantagens dos drones é que os soldados norte-americanos fogem da linha de fogo.
O primeiro ataque noticiado contra a Al-Qaeda aconteceu no Iêmen em 2002. A CIA aumentou muito o número de ataques secretos comdrones no Paquistão, durante o governo George W. Bush em 2008. E sob o governo Obama o uso foi drasticamente ampliado também no Paquistão e no Iêmen, em 2011.
Mas a CIA não é a única agência a atacar com drones. O exército também já admitiu “ação direta” no Iêmen e na Somália. Os taques nesses países são executados sempre secretamente por grupos do Comando Conjunto de Operações Especiais [orig. Joint Special Operations Command, JSOC]. A partir do 11/9, esse JSOC foi aumentado. É hoje dez vezes maior, e assumiu funções de espionagem, além das funções de combate. (Por exemplo, uma das equipes do JSOC atuou na operação que assassinou Osama Bin Laden.)
A guerra de drones é lutada por controle remoto, a partir de bases instaladas em território dos EUA e numa rede de bases secretas espalhadas por todo o mundo. O Washington Post conseguiu obter alguma informação sobre isso, examinando contratos de construção nos quais havia itens não explicados. Por exemplo, na construção da base dos EUA, numa minúscula nação africana, o Djibuti, de onde partem muitos dos ataques contra Iêmen e Somália. Antes disso, no mesmo ano, a revista Wired mapeou os atos de guerra dos EUA contra o grupo militante al-Shabaab da Somália, e a crescente presença militar dos EUA em toda a África.
O número de ataques no Paquistão caiu em anos recentes, de um máximo de 100 em 2010, para cerca de 46, ano passado. Mas o número de ataques contra o Iêmen cresceu, chegando a mais de 40 ano passado. E só nos primeiros dez dias de 2013, já houve sete ataques no Paquistão.
O jargão da guerra dos drones
AUMF [Authorization for Use of Military Force / Autorização para Uso de Força Militar] é lei do Congresso dos EUA, aprovada poucos dias depois dos ataques de 11/9, que dá ao presidente autoridade para “usar toda a força necessária e apropriada” contra qualquer pessoa ou grupo envolvido naqueles ataques ou que tenha dado abrigo a alguém neles envolvido. Ambos, Bush e Obama exigiram para si amplos poderes para deter e matar suspeitos de terrorismos, baseados nessa AUMF.
AQAP [Al-Qaeda in the Arabian Peninsula / Al-Qaeda na Península Arábica] é o grupo afiliado à al-Qaeda que tem base no Iêmen, responsabilizado pelo atentado a bomba contra um avião no Dia de Natal de 2009. Ao longo do ano passado, os EUA aumentaram o número de ataques com drones contra a AQAP, nos quais foram assassinados líderes do grupo e outras pessoas que não foram identificadas como militantes.
DISPOSITION MATRIX [Matriz de alvos a serem dispostos (mortos)] É um sistema para rastrear suspeitos de práticas de atos de terrorismo e para classificá-los, com registro de onde possam ser assassinados (ou capturados). O jornal Washington Post noticiounesse outono [nórdico] que o sistema “Disposition Matrix” é uma tentativa de codificar, em listas nas quais os alvos são dispostos conforme sua importância relativa, para serem assassinados. Essas listas são as chamadas “kill lists” [listas para matar] dos esquadrões oficiais da morte dos EUA.
GLOMAR A expressão designa a resposta a um tipo de pedido de informação sobre programa secreto, cuja existência não possa ser nem confirmada nem negada. A palavra foi usada pela primeira vez em 1968, quando a CIA disse a jornalistas que não podia “nem confirmar nem negar” a existência [de um navio chamado] “Glomar Explorer”. Hoje, a CIA tem respondido a quem procure informação sobre seu programa de drones com “respostas GLOMAR”.
JSOC [Joint Special Operations Command / Comando Conjunto de Operações Especiais] é segmento militar altamente secreto. É o grupo que executou o assassinato de Bin Laden e, hoje conduz o programa dos drones militares no Iêmen e na Somália. Trabalham tb na coleta de inteligência.
PERSONALITY STRIKE [Ataque ‘personalidade’] Designa o ataque a um indivíduo identificado como líder terrorista.
SIGNATURE STRIKE [Ataque ‘assinatura’] Designa o ataque contra algum suspeito de ter atividade política militante, mesmo que sua identidade seja desconhecida. Esses ataques baseiam-se na análise de um “padrão de vida” – informação que a inteligência reúna sobre comportamentos que façam pensar que um indivíduo seja militante político. Esse tipo de ataque, que Bush inaugurou no Paquistão, já é autorizado hoje também no Iêmen.
TADS[Terror Attack Disruption Strikes / (aprox.) Ataques para interromper ação terrorista], expressão usada às vezes em referência a ataques nos quais não se conhece a identidade do alvo a ser assassinado. Funcionários do governo Obama têm dito que os critériospara os TADS são diferentes dos critérios para os Ataques ‘assinatura’, mas nem uns nem outros foram jamais claramente explicados.
Como se definem as vítimas a serem assassinadas?
Vários artigos (12 e 3) baseados, na maior parte, em comentários feitos por funcionários não identificados permitem conhecer, pelo menos, um quadro parcial de como os EUA selecionam seus alvos para assassinatos políticos predefinidos. Dois relatórios recentemente publicados – de pesquisadores da Faculdade de Direito da Universidade Columbia e do Conselho de Relações Exteriores – também oferecem considerações detalhadas sobre o que se sabe de todo esse processo.
Sabe-se que a CIA e os militares mantiveram, por muito tempo, ‘listas de matar’ que se sobrepunham. Segundo relatos de noticiários da primavera passada, as listas dos militares atropelou as demais nas reuniões comandadas pelo Pentágono, cabendo à Casa Branca a decisão final. Missões particularmente ‘sensíveis’ têm de ser autorizadas pessoalmente pelo presidente Obama.
Esse ano, o processo mudou, ao que se sabe, para concentrar a análise dos indivíduos-alvos e os critérios gerais para os assassinatos premeditados, na Casa Branca. Segundo o Washington Post, as análises são feitas agora em reuniões regulares entre as várias agências, no Centro Nacional para Contraterrorismo. Enviam-se recomendações para um seminário permanente de oficiais do Conselho de Segurança Nacional. E as decisões finais são levadas pelo Conselheiro para Contraterrorismo da Casa Branca, John Brennan, diretamente ao presidente. Vários estudos têm mostrado o importante e controverso papel de Brennan na modelagem de toda a trajetória do programa de assassinatos premeditados. Essa semana, Obama nomeou Brennan para dirigir a CIA.
Pelo menos alguns ataques da CIA não tem de esperar pelo sinal verde da Casa Branca. O diretor da CIA tem autonomia, ao que se sabe, para autorizar assassinatos premeditados no Paquistão. Numa entrevista em 2011, John Rizzo, ex-advogado chefe da CIA, disse que os advogados da agência analisavam detalhadamente cada ‘alvo’.
Segundo o Washington Post, o recente esforço do governo Obama para impor limites mais bem definidos às listas para matar e aos “assassinatos assinatura” não inclui a campanha da CIA no Paquistão. A CIA ganhou mais, no mínimo, um ano, para prosseguir na campanha de assassinatos premeditados no Paquistão segundo, exclusivamente, os próprios protocolos.
Os EUA assassinam pessoas cujos nomes nem sabem?!
Sim. Por mais que funcionários do governo apresentem os ataques de drones como limitados a “líderes de alto nível da al-Qaeda queplanejem ataques” contra os EUA, muitas vezes o que se vê são ataques contra ‘possíveis’ militantes cujas identidades os EUA absolutamente não conhecem. Os chamados “Ataques ‘assinatura’” começaram com Bush, no início de 2008; com Obama foram muito expandidos. Não se sabe exatamente quantos dos ataques são “ataques ‘assinatura’”.
Em mais de uma ocasião, os “ataques ‘assinaturas’” perpetrados pela CIA, sobretudo no Paquistão, causaram tensões com a Casa Branca e o Departamento de Estado. Um funcionário contou ao New York Times sobre piada que circularia, segundo a qual, para a CIA, “três sujeitos fazendo polichinelos” são campo de treinamento de terroristas.
No Iêmen e na Somália, discute-se se os militantes que os EUA tomam por alvos estão de fato tramando contra os EUA ou se, diferente disso, estariam tramando contra o próprio país deles. Micah Zenko, membro do Conselho de Relações Exteriores que muito criticou o programa dos dronesdisse em entrevista à rede ProPublica que os EUA, de fato, estão mantendo uma “força aérea contraguerrilhas” para servir aos países aliados. Não raras vezes, os ataques foram organizados a partir de inteligência local que, adiante, se comprovou errada ou insuficiente. O Los Angeles Times examinou recentemente o caso do iemenita que foi assassinado por um drone norte-americano e a complexa rede de laços e contatos políticos que cercou o caso.
Quantos já foram mortos em ataques de drones?
Ninguém conhece o número exato, mas há estimativas que falam de cerca de 3 mil mortos.
Vários grupos rastreiam os ataques de drones e estimam o número de vítimas:
– O Long War Journal cobre o Paquistão e o Iêmen.
– O New America Foundation cobre o Paquistão.
– O London Bureau of Investigative Journalism cobre IêmenSomália, e Paquistão, e oferece estatísticas sobre ataques com dronestambém no Afeganistão.
Quantos dos mortos eram civis?
Impossível saber. Os números variam muito, para mais e para menos. A New America Foundation, por exemplo, estima que entre 261 e 305 civis foram mortos no Paquistão; oBureau of Investigative Journalism fala de 475 a 891 mortos. Todas essas estimativas são sempre superiores ao número de mortos que o governo divulga. (Há discrepâncias até entre os que oferecem as menores estimativas.) Algumas análises mostram que o número de civis mortos diminuiu em anos recentes. (…) E o Washington Post noticiou mês passadoque o governo do Iêmen frequentemente oculta ou tenta ocultar o papel dosdrones dos EUA em eventos nos quais morram civis.)
Os números são imprecisos também porque os EUA com frequência contabilizam qualquer homem em idade de prestar serviço militar, que morra em ataque de drones, como “militante terrorista”. Um funcionário do governo Obama disse à nossa rede ProPublica que “Se um grupo de homens em idade de combater está em local onde sabemos que estão construindo explosivos ou planejando ataques, assumimos que todos os ali reunidos participam do mesmo esforço.” Não se tem notícia de resultados de investigação, nem se há qualquer investigação, depois de consumado o ataque.
A Faculdade de Direito da Universidade Columbia elaborou análise em profundidade de tudo que se sabe sobre esforços dos EUA para mitigar e calcular o número de baixas entre civis. Concluiu que o caráter clandestino da guerra dos drones dificulta, quando não impede completamente as práticas de prestação pública de contas que se adotam nas ações militares tradicionais. Outro estudo de Stanford e da New York University, comprovou “ansiedade e trauma psicológico” entre habitantes de vilas paquistanesas.
Esse outono, a ONU anunciou uma investigação sobre o impacto nas populações civis – especialmente sobre acusações de “ataques duplos“ [orig. double-tap], casos em que ocorre um segundo ataque, que toma por alvos os que venham à cena do primeiro ataque para socorrer feridos.
Por que matar primeiro? Por que não se cogita de capturar suspeitos?
Funcionários do governo Obama têm dito em declarações que os militantes são tomados como alvos de execução quando representem ameaça iminente ao EUA e a captura não seja exequível. Mas a execuções em ataques de drones são muito mais frequentes que eventos de prisão de suspeitos; e os relatórios dos ataques pouco ou nada esclarecem sobre “ameaça iminente” ou “exequibilidade” de prisões. Casos que envolvam captura secreta de prisioneiros, em conflitos em área remotas, durante o governo Obama mostram as dificuldades políticas e diplomáticas que se criam para que se decida como e onde um suspeito possa ser detido ou preso.
Esse outono, o Washington Post descreveu algo denominado “disposition matrix [Matriz de alvos a serem dispostos (mortos)] – processo que oferece planos de contingência para o que fazer com terroristas, conforme o local onde estejam. The Atlantic mapeou o modo como se tomam decisões, no caso de o ‘suspeito’ ser cidadão norte-americano, baseado em alguns exemplos conhecidos. Mas, evidentemente, os detalhes dessa “matriz de alvos a serem mortos [dispostos]”, bem como as “listas de matar” a que dão origem, não são conhecidos.
Qual o fundamento que dá amparo legal a esses esquadrões da morte oficiais?
Funcionários do governo Obama têm feito várias declarações e discursos nos quais muito falam da fundamentação legal em que se baseariam os assassinatos predefinidos, mas jamais citam qualquer caso específico. De fato, ninguém reconhece oficialmente a existência da guerra de drones. Os programas de drones para assassinatos premeditados pode incluir indivíduos associados à al-Qaeda ou “forças associadas”, também fora do Afeganistão e, até, cidadãos norte-americanos.
“O devido processo legal, disse o Procurador Geral dos EUA Eric Holder, em discurso em março passado, “toma em consideração as realidades do combate”. Em que consiste esse “devido processo legal”, não se sabe. E, como já noticiamos, o governo dos EUA frequentemente se fecha para comentários de qualquer tipo e para questões específicas – como o número de civis mortos ou os motivos específicos pelos quais um ou outro indivíduo tenha sido considerado ‘alvo preferencial’ para assassinato premeditado, ou por que a captura foi considerada ‘não exequível’ (como se vê em memorando do Departamento de Justiça, não secreto, ao qual teve acesso a rede NBC). (…)
Quando terminará a guerra dos drones?
O governo dos EUA, dizem alguns noticiários, já teria considerado a desescalada da guerra dos drones, mas, segundo outras fontes, estaria trabalhando para formalizar o programa de assassinatos premeditados, que seria convertido em programa de longa duração. Os EUA avaliam que a Al-Qaeda na Península Arábica conte hoje com “uns poucos milhares” de membros; mas há oficiais que tambémdizem que os EUA “não podem capturar ou assassinar todos os terroristas que se declarem ‘ligados’ à al-Qaeda.”
Jeh Johnson, que acaba de deixar o posto de conselheiro geral do Pentágono, fez uma palestra, mês passado, sob o título de “The Conflict Against Al Qaeda and its Affiliates: How Will It End?” [O conflito contra a al-Qaeda e seus afiliados: como acabará?]. Mas não marcou data.
John Brennan disse que a CIA deve voltar a concentrar-se no trabalho de coletar inteligência. Mas o papel principal de Brennan no comando da guerra dos drones a partir da Casa Branca já levantou o debate sobre o quanto sua indicação para dirigir a CIA servirá para ocultar ainda mais o envolvimento da agência, se vier a ser confirmado no posto.
E quanto a volta do chicote dos drones – e o antiamericanismo –, em todo o mundo?
Disso, sim, há muito, em todo o mundo. Os drones são cada vez mais profundamente impopulares nos países onde são empregados, e continuam a provocar protestos frequentes. Apesar disso, Brennan disse em agosto passado que os EUA veem “poucos sinais de que a ação dos drones esteja gerando sentimentos antiamericanos, ou facilitando o recrutamento de terroristas”.
O general Stanley McChrystal, que comandou os militares no Afeganistão, contrariou recentemente essa ideia: “O ressentimento criado por os EUA usarmos os veículos não tripulados como arma de ataque (…) é muito maior do que supõem os americanos médios. Osdrones são visceralmente odiados, até por gente que jamais viu um drone ou conheceu os efeitos da ação de um deles.” O New York Times noticiou recentemente que militantes paquistaneses haviam deflagrado campanha brutal contra locais acusados de espionagem a favor dos EUA.
Quanto a governos estrangeiros, a maioria dos principais aliados dos EUA mantêm silêncio sepulcral sobre os drones. Relatório da ONU, de 2010, já levantara preocupações sobre o precedente que se criava, de guerra clandestina, sem leis e sem qualquer limite. O presidente do Iêmen, Abdu Hadi, apoia a campanha dos drones norte-americanos; e o governo do Paquistão mantém uma inconfortável combinação de protestos para efeito público com aceitação oficial muda.
Por Cora CurrierProPublica | Tradução Vila Vudu

Em discurso no Senado, Aécio enumera "13 fracassos do PT"


Aécio afirmou que a presidente "chega à metade do trabalho longe de cumprir suas promessas"
No dia em que o Partido dos Trabalhadores programa uma grande festa para celebrar seus 33 anos de existência e os dez anos à frente da Presidência da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) fez nesta quarta-feira (20) duras críticas ao partido, do qual é adversário político, afirmando que lhe faltam “autocrítica, humildade e reconhecimento, matérias-primas fundamentais do fazer diário da política”.

Em pronunciamento no Plenário do Senado, o senador acusou o PT de ter mudado de postura depois de ter conquistado o poder e apresentou uma lista com 13 (em alusão ao número da legenda) pontos que classificou como os maiores fracassos dos petistas à frente do governo federal.

primeiro deles foi o comprometimento do desenvolvimento econômico do país. Aécio criticou o baixo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do último ano, ressaltando que, na América do Sul, o Brasil superou em crescimento apenas o Paraguai, quadro que considerou “inimaginável”.

segundo, a paralisia do país. O senador disse que o problema de infraestrutura enfrentado pelo Brasil, em rodovias, portos e aeroportos, continua intocado, fazendo com o que o país não consiga ser competitivo no mercado internacional. Poucas obras teriam sido efetivamente realizadas e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) funcionaria apenas como propaganda de governo.

Como terceiro ponto, Aécio apontou o sucateamento da indústria nacional, que tradicionalmente pagava os melhores salários e fomentava a inovação e hoje não tem mais gerado empregos, de acordo com dados do IBGE. O país atualmente, lamentou, teria voltado no tempo e se tornado mero exportador de commodities.

quarto fracasso do governo PT na lista de Aécio foi o aumento da inflação e a desaceleração do crescimento. Já como quinto ponto, o senador citou a má gestão econômica e a queda da credibilidade fiscal do país por conta de sua “contabilidade criativa” – manobras contábeis que estariam sendo adotadas pelo governo para fechar as contas públicas e que, em sua avaliação, poderiam colocar em risco a transparência das finanças públicas.

A destruição do patrimônio nacional foi o sexto fracasso apontado por Aécio, com o desmonte de estatais e a derrocada da Petrobras, que teve perda significativa em seu valor de mercado e hoje vale menos que a empresa de petróleo da Colômbia.

Já o mito da autossuficiência e a implosão do etanol apareceram como o sétimo ponto da lista de críticas do senador tucano ao PT. Aécio lembrou que em 2006 o governo federal assegurou que o país era autossuficiente na produção de petróleo e biocombustíveis. Hoje, seis anos depois, é preciso importar não apenas derivados de petróleo, mas também etanol, comprado dos Estados Unidos.

Como oitavo tópico apareceu o eminente risco de apagão elétrico no país e a falta de planejamento nas gestões do governo. Aécio afirmou que o governo se salvou do racionamento de energia diante do péssimo desempenho da indústria nacional, mas o risco ainda persiste. E só não é maior graças ao parque termoelétrico herdado da gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Em nono na lista, estava o desmantelamento da federação. Na avaliação do senador, o governo vem adotando prática perversa de fragilizar estados e municípios para lhes retirar autonomia e fazê-los dependentes da União. Além disso, tem assistido de forma omissa a discussão de novas partilhas de recursos para a federação, seja na distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE) ou dos royalties do petróleo.

A insegurança pública e o flagelo das drogas foram apontados por Aécio como o décimo item da lista. O senador informou que 87% dos recursos investidos em Segurança Pública no Brasil vêm dos cofres municipais e estaduais. A União contribui com apenas 13%. E essa participação tem sido cada vez menor – em 2012, somente 24% dos R$ 3 bilhões previstos no orçamento federal para Segurança Pública foram efetivamente aplicados.

Como 11º ponto, Aécio indicou o descaso na saúde e baixa qualidade da educação. O senador lamentou que, enquanto municípios precisam investir 15% de suas receitas em saúde, os estados 12%, o governo federal não aceitou contribuir com 10% de suas receitas, rejeitando projeto com tal proposta. Na educação, o senador citou uma promessa de campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010: a construção de 6 mil novas creches. Ao final do segundo ano de governo, a presidente só teria conseguido inaugurar sete.

12º fracasso exemplificado pelo senador foi o estímulo à intolerância – setores do PT incentivariam a intolerância como instrumento de ação política, tratando adversários como inimigos a serem batidos. Também tentariam cercear a atuação da imprensa. O último ponto da lista de Aécio foi a defesa dos maus feitos – casos de corrupção identificados no governo que estariam paralisando setores inteiros.

Mudança de postura

Em tom irônico, Aécio Neves ainda questionou qual o PT que hoje celebrava aniversário, citando posições antagônicas que teriam sido adotadas pelo partido antes e depois de assumir o poder pela primeira vez, em 2003: ter a ética como bandeira e defender réus do mensalão; criticar as privatizações feitas à época do governo PSDB e adotá-las em seu próprio governo; lutar pela liberdade mas defender ditaduras em outros países e o controle da imprensa.

O senador de Minas Gerais também acusou o Partido dos Trabalhadores de, em sua história política, ter sempre optado por seu próprio projeto em detrimento ao crescimento do país.

"Todas as vezes em que o PT teve de optar entre o Brasil e o PT, o PT ficou com PT. Foi assim quando negou a Tancredo seu apoio no colégio eleitoral para garantir o nosso reencontro com a democracia, foi assim quando renegou a constituição cidadã de Ulysses, quando se eximiu de qualquer contribuição à governabilidade do governo Itamar e quando se opôs ao Plano Real e à Lei de Responsabilidade Fiscal. Em todas essas vezes, o PT optou pelo projeto do PT", criticou.

Outra reclamação do senador foi quanto à falta de reconhecimento do PT com o legado do PSDB, nos oito anos que governo o país antes da eleição do ex-presidente Lula. Entre elas, listou, estão o Plano Real, a estabilidade da moeda, a Lei de Responsabilidade Fiscal.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Ex-presidente da Santa Úrsula explica em CPI como instituição pretende pagar dívida milionária


Representante admitiu rombo durante a comissão das universidades particulares na Alerj, retomada nesta quinta

  • Dirigente do Grupo Galileo Educacional, manentedor da Gama Filho, não compareceu à CPIRIO — A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recomeçou, nesta quinta-feira (21), a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das universidades particulares. Na retomada do trabalho, foram ouvidos o ex-presidente da Universidade Santa Úrsula, Ruy Muniz, e o reitor da Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc), José Paulo Teixeira. Representante da Santa Úrsula, investigada por apropriamento indevido do Fundo de Garantia dos funcionários, Muniz admitiu que a instituição de ensino acumula um montante de dívidas que ultrapassa R$ 100 milhões. Segundo O GLOBO apurou, as dívidas fiscais e trabalhistas acumulam o montante de R$ 350 milhões.
  • De acordo com Muniz, do total, R$ 58 milhões são referentes a dívidas trabalhistas, que ele diz que serão pagas em parcelas durante oito anos e meio, como prevê acordo firmado com a Justiça. A outra parte da dívida tem origem fiscal. Ele explicou ainda como a universidade pretende quitar parte dessa dívida.— Vamos abater 90% com a distribuição de mais bolsas de estudo a partir do ano que vem, conforme o Proeis — afirmou, referindo-se ao Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento das Instituições de Ensino Superior.
  • A Universidade Santa Úrsula já chegou a ter 17 mil alunos matriculados em seus cursos, mas, hoje, conta com 1.500 universitários em processo de formação. A instituição está impedida de criar novos cursos e ampliar o número de vagas sem autorização do Ministério da Educação (MEC), por ter sido reprovada com nota 2 no Índice Geral de Cursos (IGC) de 2010. Como foi reprovada novamente em 2011, aumentam as chances de ser descredenciada pelo MEC. A instituição está com inscrições abertas para o vestibular 2013, mas uma das punições pode ser a suspensão do acesso.
  • Segundo o MEC, existe procedimento de supervisão em face da Universidade Santa Úrsula por conta de índices insatisfatórios nas avaliações do Inep, em andamento na Seres. Houve a suspensão das prerrogativas de autonomia (impossibilidade de aumento de vagas e criação de novos cursos sem autorização da Seres), mas até o momento, não foi expedida pelo MEC nenhuma decisão determinando a suspensão de ingresso de novos alunos.
  • O ex-presidente explicou que a crise financeira da universidade ocorreu devido ao processo de mercantilização da educação superior:
  • — A concorrência aumentou muito e as universidades tradicionais foram prejudicadas e tiveram que se adaptar”.
  • O reitor da Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc), José Paulo Teixeira, também prestou depoimento. A instituição foi convocada para falar da suspeita de utilização de documentos falsos para se apropriar de um prédio pertencente ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Porém, de acordo com o deputado Paulo Ramos, presidente da CPI, Teixeira não trouxe informações que acrescentassem. A Uniesp, mantenedora que comprou a Suesc, está sob investigação da Polícia Federal em função de fraudes com o Financiamento Estudantil (Fies), programa de ajuda para estudantes concluírem os cursos em universidades privadas.
  • — A Suesc ocupou durante anos um prédio público sem pagar, tentou se apropriar dele utilizando documentos falsos e está envolvida em casos suspeitos — acrescentou o relator da CPI, deputado Robson Leite (PT).
  • Alex Klyemann, diretor-presidente do grupo Galileo Educacional, manentedor da Universidade Gama Filho, também foi chamado para a reunião para falar sobre a recuperação do programa de estágio de alunos dos curso de Medicina da Universidade Gama Filho (UGF) na Santa Casa da Misericórdia, parado por causa do fim do contrato com a UGF. O dirigente, no entanto, não compareceu. Ele será aguardado na próxima terça-feira (26), às 10h30m, em encontro na sala 311 do Palácio Tiradentes.
  • Nesta quinta-feira, alunos de Medicina da Gama Filho fizeram uma manifestação contra o grupo manentedor em frente à Alerj. Além do fim do convênio, eles protestam contra a falta de transparência da empresa.
  • — O Grupo Galileo aumentou abusivamente as mensalidades do curso, sob a justificativa, na época, de que iria melhorar a estrutura do campus, contratar profissionais melhores e construir um hospital universitário. Até o momento nada disso foi feito. Muito pelo contrário, professores entraram em greve porque não recebem há mais de 6 meses e, por causa disso, nossas aulas foram adiadas para março. Não temos diálogo nenhum com a universidade, não temos explicações e não são passadas soluções, mas nossas boletas de mensalidade chegam normalmente em casa — reclama Mauricio Gomes, estudante do 8º período de Medicina


 http://oglobo.globo.com/educacao/ex-presidente-da-santa-ursula-explica-em-cpi-como-instituicao-pretende-pagar-divida-milionaria-7641565#ixzz2LljoSmmP
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A história secreta da renúncia de Bento XVI



Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.
Eduardo Febbro
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Paris - Os especialistas em assuntos do Vaticano afirmam que o Papa Bento XVI decidiu renunciar em março passado, depois de regressar de sua viagem ao México e a Cuba. Naquele momento, o papa, que encarna o que o diretor da École Pratique des Hautes Études de Paris (Sorbonne), Philippe Portier, chama “uma continuidade pesada” de seu predecessor, João Paulo II, descobriu em um informe elaborado por um grupo de cardeais os abismos nada espirituais nos quais a igreja havia caído: corrupção, finanças obscuras, guerras fratricidas pelo poder, roubo massivo de documentos secretos, luta entre facções, lavagem de dinheiro. O Vaticano era um ninho de hienas enlouquecidas, um pugilato sem limites nem moral alguma onde a cúria faminta de poder fomentava delações, traições, artimanhas e operações de inteligência para manter suas prerrogativas e privilégios a frente das instituições religiosas. 

Muito longe do céu e muito perto dos pecados terrestres, sob o mandato de Bento XVI o Vaticano foi um dos Estados mais obscuros do planeta. Joseph Ratzinger teve o mérito de expor o imenso buraco negro dos padres pedófilos, mas não o de modernizar a igreja ou as práticas vaticanas. Bento XVI foi, como assinala Philippe Portier, um continuador da obra de João Paulo II: “desde 1981 seguiu o reino de seu predecessor acompanhando vários textos importantes que redigiu: a condenação das teologias da libertação dos anos 1984-1986; o Evangelium vitae de 1995 a propósito da doutrina da igreja sobre os temas da vida; o Splendor veritas, um texto fundamental redigido a quatro mãos com Wojtyla”. Esses dois textos citados pelo especialista francês são um compêndio prático da visão reacionária da igreja sobre as questões políticas, sociais e científicas do mundo moderno.

O Monsenhor Georg Gänsweins, fiel secretário pessoal do papa desde 2003, tem em sua página web um lema muito paradoxal: junto ao escudo de um dragão que simboliza a lealdade o lema diz “dar testemunho da verdade”. Mas a verdade, no Vaticano, não é uma moeda corrente. Depois do escândalo provocado pelo vazamento da correspondência secreta do papa e das obscuras finanças do Vaticano, a cúria romana agiu como faria qualquer Estado. Buscou mudar sua imagem com métodos modernos. Para isso contratou o jornalista estadunidense Greg Burke, membro da Opus Dei e ex-integrante da agência Reuters, da revista Time e da cadeia Fox. Burke tinha por missão melhorar a deteriorada imagem da igreja. “Minha ideia é trazer luz”, disse Burke ao assumir o posto. Muito tarde. Não há nada de claro na cúpula da igreja católica.

A divulgação dos documentos secretos do Vaticano orquestrada pelo mordomo do papa, Paolo Gabriele, e muitas outras mãos invisíveis, foi uma operação sabiamente montada cujos detalhes seguem sendo misteriosos: operação contra o poderoso secretário de Estado, Tarcisio Bertone, conspiração para empurrar Bento XVI à renúncia e colocar em seu lugar um italiano na tentativa de frear a luta interna em curso e a avalanche de segredos, os vatileaks fizeram afundar a tarefa de limpeza confiada a Greg Burke. Um inferno de paredes pintadas com anjos não é fácil de redesenhar.

Bento XVI acabou enrolado pelas contradições que ele mesmo suscitou. Estas são tais que, uma vez tornada pública sua renúncia, os tradicionalistas da Fraternidade de São Pio X, fundada pelo Monsenhor Lefebvre, saudaram a figura do Papa. Não é para menos: uma das primeiras missões que Ratzinger empreendeu consistiu em suprimir as sanções canônicas adotadas contra os partidários fascistóides e ultrarreacionários do Mosenhor Levebvre e, por conseguinte, legitimar no seio da igreja essa corrente retrógada que, de Pinochet a Videla, apoiou quase todas as ditaduras de ultradireita do mundo.

Bento XVI não foi o sumo pontífice da luz que seus retratistas se empenham em pintar, mas sim o contrário. Philippe Portier assinala a respeito que o papa “se deixou engolir pela opacidade que se instalou sob seu reinado”. E a primeira delas não é doutrinária, mas sim financeira. O Vaticano é um tenebroso gestor de dinheiro e muitas das querelas que surgiram no último ano têm a ver com as finanças, as contas maquiadas e o dinheiro dissimulado. Esta é a herança financeira deixada por João Paulo II, que, para muitos especialistas, explica a crise atual.

Em setembro de 2009, Ratzinger nomeou o banqueiro Ettore Gotti Tedeschi para o posto de presidente do Instituto para as Obras de Religião (IOR), o banco do Vaticano. Próximo à Opus Deis, representante do Banco Santander na Itália desde 1992, Gotti Tedeschi participou da preparação da encíclica social e econômica Caritas in veritate, publicada pelo papa Bento XVI em julho passado. A encíclica exige mais justiça social e propõe regras mais transparentes para o sistema financeiro mundial. Tedeschi teve como objetivo ordenar as turvas águas das finanças do Vaticano. As contas da Santa Sé são um labirinto de corrupção e lavagem de dinheiro cujas origens mais conhecidas remontam ao final dos anos 80, quando a justiça italiana emitiu uma ordem de prisão contra o arcebispo norteamericano Paul Marcinkus, o chamado “banqueiro de Deus”, presidente do IOR e máximo responsável pelos investimentos do Vaticano na época.

João Paulo II usou o argumento da soberania territorial do Vaticano para evitar a prisão e salvá-lo da cadeia. Não é de se estranhar, pois devia muito a ele. Nos anos 70, Marcinkus havia passado dinheiro “não contabilizado” do IOR para as contas do sindicato polonês Solidariedade, algo que Karol Wojtyla não esqueceu jamais. Marcinkus terminou seus dias jogando golfe em Phoenix, em meio a um gigantesco buraco negro de perdas e investimentos mafiosos, além de vários cadáveres. No dia 18 de junho de 1982 apareceu um cadáver enforcado na ponte de Blackfriars, em Londres. O corpo era de Roberto Calvi, presidente do Banco Ambrosiano. Seu aparente suicídio expôs uma imensa trama de corrupção que incluía, além do Banco Ambrosiano, a loja maçônica Propaganda 2 (mais conhecida como P-2), dirigida por Licio Gelli e o próprio IOR de Marcinkus.

Ettore Gotti Tedeschi recebeu uma missão quase impossível e só permaneceu três anos a frente do IOR. Ele foi demitido de forma fulminante em 2012 por supostas “irregularidades” em sua gestão. Tedeschi saiu do banco poucas horas depois da detenção do mordomo do Papa, justamente no momento em que o Vaticano estava sendo investigado por suposta violação das normas contra a lavagem de dinheiro. Na verdade, a expulsão de Tedeschi constitui outro episódio da guerra entre facções no Vaticano. Quando assumiu seu posto, Tedeschi começou a elaborar um informe secreto onde registrou o que foi descobrindo: contas secretas onde se escondia dinheiro sujo de “políticos, intermediários, construtores e altos funcionários do Estado”. Até Matteo Messina Dernaro, o novo chefe da Cosa Nostra, tinha seu dinheiro depositado no IOR por meio de laranjas.

Aí começou o infortúnio de Tedeschi. Quem conhece bem o Vaticano diz que o banqueiro amigo do papa foi vítima de um complô armado por conselheiros do banco com o respaldo do secretário de Estado, Monsenhor Bertone, um inimigo pessoal de Tedeschi e responsável pela comissão de cardeais que fiscaliza o funcionamento do banco. Sua destituição veio acompanhada pela difusão de um “documento” que o vinculava ao vazamento de documentos roubados do papa.

Mais do que querelas teológicas, são o dinheiro e as contas sujas do banco do Vaticano os elementos que parecem compor a trama da inédita renúncia do papa. Um ninho de corvos pedófilos, articuladores de complôs reacionários e ladrões sedentos de poder, imunes e capazes de tudo para defender sua facção. A hierarquia católica deixou uma imagem terrível de seu processo de decomposição moral. Nada muito diferente do mundo no qual vivemos: corrupção, capitalismo suicida, proteção de privilegiados, circuitos de poder que se autoalimentam, o Vaticano não é mais do que um reflexo pontual e decadente da própria decadência do sistema. 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Trabalhador que investe dinheiro do FGTS na Petrobrás já perdeu 12% no ano


ASSIM CRESCE A PETRÓBRAS NO DESGOVERNO DO corruPT
LUIZ GUILHERME GERBELLI - O Estado de S.Paulo
A perda dos cotistas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) da Petrobrás está em 11,89% este ano. O desempenho negativo já é praticamente igual ao de todo o ano de 2012, quando a queda foi de 14,1%, de acordo com os dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
A rentabilidade do FGTS da Petrobrás acompanha o desempenho ruim dos papéis da empresa no mercado acionário. Neste ano, até a última sexta-feira, as ações preferências da companhia caíram 9,48%, e as ações ordinárias recuaram 19,59%. Em 12 meses, a queda está em 22,33% e 35,42%, respectivamente.
"Os últimos resultados da Petrobrás não atingiram as expectativas de mercado, aí o preço da ação sofre e, consequentemente, o valor da cota do fundo também sofre", diz Silvio Paixão, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi)
Os papéis da petrolífera na BM&FBovespa estão em queda por diversos motivos. Mais recentemente, têm pesado os resultados financeiros ruins. Este mês, por exemplo, a Petrobrás informou que o lucro líquido do ano passado foi de R$ 21,182 bilhões, ou 36% menor do que o verificado em 2011.
Num histórico mais longo, de acordo com os analistas de mercado, pesaram para a performance ruim dos papéis da empresa na Bolsa, a capitalização de R$ 120 milhões em 2010 - que levou à diluição dos acionistas minoritários -, a defasagem de preço do combustível na comparação com o mercado internacional e a ingerência do governo federal na empresa.
Efeito crise. Em relação ao FGTS da Petrobrás, a inversão de desempenho começou justamente com a crise internacional em 2008. Naquele ano, a aplicação teve rendimento negativo de 45,83%. Antes disso, entre 2002 e 2007, o retorno foi de 860,1% no período, ou de 45,8% ao ano, de acordo com cálculo do professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) Ricardo Rochman. "O tempo correto para resgatar o dinheiro do FGTS era 2007, quiçá 2008 ou 2009", afirma o professor.
O resultado ruim do fundo nos últimos anos acabou corroendo parte do ganho obtido no passado. De 2002 até fevereiro deste ano, o rendimento do FGTS da Petrobrás está em 11,12% por ano, abaixo dos quase 46% verificados no auge do fundo. Para efeito de comparação, o fundo da Vale tem ganho anual de 23,69% no período.
É importante ressaltar que, desde 2002, o desempenho do fundo da petroleira é bem maior do que os 4,9% ao ano do FGTS tradicional, cujo rendimento anual é de 3%, com o acréscimo da variação TR (Taxa Referencial).
Para os atuais 73.334 cotistas do FGTS da Petrobrás que não precisam desse dinheiro para o curto prazo, a melhor recomendação é manter a aplicação e esperar uma melhora dos papéis da Petrobrás. "Muita gente não consegue ter acesso ou resgatar esse dinheiro, a melhor recomendação é deixa como está. É possível correr um pouco mais de risco e esperar que as coisas revertam para a Petrobrás", diz Rochman.
Na avaliação de Roberto Altenhofen, analista da Empiricus Research, o investidor que optar por desistir da aplicação estará saindo na baixa. "O investidor já acumulou anos de baixa. Sair agora pode não ser tão inteligente. E outra, a saída desse fundo é bastante limitada: o investidor teria que comprar uma casa própria ou cairia na conta básica do FGTS."
Já no mercado acionário, as recomendações para os papéis da companhia ainda dividem opinião. "Pelo custo de oportunidade, tem muita coisa melhor nesse momento", diz Roberto Indech, da equipe de equity sales do home broker Rico. No momento, diz ele, a corretora não recomenda nem a compra nem a manutenção dos papéis da Petrobrás.

Suplicy: PT precisa aprender lições do mensalão


No terceiro mandato no Senado, petista acredita que o partido que ajudou a fundar deve melhorar a transparência nos seus gastos. Mudanças internas, para ele, são necessárias para evitar perdas de quadros para outras siglas.

Ainda sem saber se o PT vai lançá-lo candidato ao Senado em 2014 e de namoro com o novo partido de Marina Silva, o senador petista Eduardo Suplicy (SP) voltou a criticar a legenda da qual faz parte desde a fundação. A crítica ganhou contornos novos com a participação do petista no lançamento do partido da ex-senadora, a Rede Sustentabilidade. Suplicy defende que é preciso melhorar a transparência nos gastos depois do episódio domensalão – que, para o PT, sempre foi caixa dois de campanhas eleitorais – e que as prévias sejam regra na escolha dos candidatos a cargos majoritários. “Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram”, resumiu ele, em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco.
Para o senador, a população tem de ser informada das medidas para melhorar a cultura política entre os petistas. “Temos de mostrar isso claramente ao povo: que nós aprendemos com os problemas havidos, e estamos dispostos a caminhar corretamente”, analisou Suplicy, em entrevista ao site no sábado (16) à noite.


O senador acredita ser possível até que a nova legenda de Marina caia “nas mesmas armadilhas” em que o PT foi envolvido. “A vida política muitas vezes leva a problemas sérios. Mas espero que não”, disse. Pelo PT, Suplicy está no terceiro mandato como senador, que se encerra em janeiro de 2015. Também foi deputado federal e vereador.
Questionado se, a exemplo do DEM, o PT corre o risco de perder muitos quadros, como já ocorreu com Marina e Heloísa Helena, Suplicy diz ser necessário evitar isso com mudanças internas na legenda. “Por isso eu quero insistir com o PT sobre a aprovação dessas medidas de democratização, como o processo de escolha dos candidatos, e também a transparência, em tempo real, das contribuições ao partido.”
O senador destaca que é preciso, até como forma de redenção do PT, acabar com o uso de dinheiro do caixa dois em campanhas eleitorais. “Obviamente, também o compromisso de se utilizar os recursos contabilizados. Acho que o PT precisa aprender as lições com os problemas que aconteceram”, afirma.
No episódio do mensalão, ex-dirigentes do partido foram condenados pelo Supremo Tribunal Federal à prisão sob a acusação de terem comprado apoio político no Congresso, com vistas a garantir votos na aprovação de projetos de interesse do governo Lula. Em sua defesa, alguns réus afirmaram que não houve pagamento de propina, mas “apenas” caixa dois de campanha eleitoral.
Confiança
Apesar das críticas, o senador acredita que as mudanças são metas realizáveis. Assim, o partido não perderia sua importância. “O PT veio pra ficar”, disse Suplicy ao site, depois de declarar, cercado por Marina Silva e Heloísa Helena, que estava tentado a “cair na Rede”.
O senador nega que vá deixar a legenda para garantir uma candidatura ao Senado nas eleições de 2014. “Não vou realizar ações para me incompatibilizar com os anseios maiores do PT”, afirmou. Mas Suplicy anda insatisfeito. O PT, sob a influência do ex-presidente Lula, cogita apoiar candidato de outro partido ao Senado no ano que vem, quando haverá apenas uma vaga em disputa. A ideia inicial é apoiar um nome do PMDB, como o deputado Gabriel Chalita (SP), em troca de aliança com os peemedebistas para o governo de São Paulo. Até o nome do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) já foi levantado como hipótese para substituir Suplicy no Senado com o apoio do PT. O senador diz que só deixa o cargo se for em favor do próprio Lula.
Em 2012, Suplicy foi eleito pelos internautas o melhor senador do país, na votação do Prêmio Congresso em Foco. Na cerimônia de premiação, ele roubou a cena ao cantar um sucesso deBob Dylan ao lado do deputado Tiririca (PR-SP), também um dos premiados.