RIO - Este
ano, a tragédia em campos de trabalho se sucederam. Em fevereiro, nove
petroleiros morreram na explosão de uma casa de bombas da Plataforma São
Mateus, no Espírito Santo. No mês passado, quatro operários morreram na
construção da Usina de Belo Monte, soterrados por toneladas de cimento. No
início do mês, dois operários morreram eletrocutados na Usina de Jirau, em
Porto Velho, Rondônia, uma das usinas do Rio Madeira.
No Brasil,
pelos dados da Previdência Social, morreram 2.797 trabalhadores no Brasil em
2013, um a cada três horas. Nas estatísticas, não entram as mortes de
policiais, bombeiros ou militares.
Segundo
Letícia Nobre, doutora em Saúde Pública, da Secretaria Estadual de Saúde da
Bahia, também há subnotificação no número de mortes de trabalhadores no Brasil.
A pesquisa do IBGE não investigou o número de óbitos no trabalho.
MORTE EM
SILO DE CIMENTO
Um indício forte está nos números do Ministério da
Saúde. Deborah Malta, diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e
Agravos não Transmissíveis e promoção da saúde do ministério, diz que houve 139
mil notificações de acidentes de trabalho nos serviços de saúde.
Mais de 86
mil casos foram fatais ou graves. Um número bastante alto.
No fim do
mês passado, o desabamento de um silo com cimento matou três trabalhadores e
feriu mais três no sítio Pimental, na Usina hidrelétrica de Belo Monte, em
Altamira, no Pará. Menos de uma semana antes, um outro trabalhador sofrera
acidente também num silo, em outra área da usina, na central de cimento de
canais e diques. A transferência de cimento dos caminhões para os silos foi o
momento de ambos os acidentes. O operário morreu dez dias depois.
A principal
hipótese é que houve sobrepressão na operação de transferência do cimento do
caminhão para o silo. A conexão do caminhão ao silo era feita pelo próprio
motorista do caminhão, supostamente treinado. Ele foi um dos feridos. Na semana
anterior, um filtro do silo se soltou e atingiu o trabalhador — afirmou o
procurador do Trabalho de Belém, Faustino Pimenta.
VINTE MORTES
NO MADEIRA
O Consórcio
Construtor Belo Monte, por email, afirmou que as causas do acidente estão sendo
apuradas: “O Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) atende a todas as normas
exigidas pela legislação trabalhista, assim como as normas regulamentadoras de
cada setor da construção civil pesada no país. Na
construção das usinas hidrelétricas de Madeira e Jirau, no Rio Madeira, em
Rondônia, já houve 20 mortes desde 2010, de acordo com a Superintendência
Regional do Trabalho do Estado. Foram 11 mortes em Jirau, as duas últimas no
início do mês. Os operários foram eletrocutados.
Por nota, a
Energia Sustentável do Brasil, concessionária da Usina Hidrelétrica Jirau,
afirma que “exige o cumprimento de todas as normas e da legislação de segurança
do trabalho em todos os seus contratos, bem como mantém fiscalização permanente
sobre essas atividades”.
Na Usina de
Santo Antônio, foram nove mortes. Também por nota, o Consórcio Construtor Santo
Antônio, responsável pelas obras, “informa que a segurança dos trabalhadores é
prioridade no exercícios de suas atividades e que realizou 5248 mil horas de
treinamento.”
O GLOBO 21/06/2015
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