Abradee: reajuste tarifário para cobrir impactos de 2013 pode chegar a 19% em 2014
Exposição involuntária, postergação das Bandeiras Tarifárias e despachos de térmicas podem resultar em até R$ 13,3 bi em despesas adicionais
Por Adriana Maciel, de Brasília
Segundo as perspectivas da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), o ano de 2014 continuará sendo de preocupações para as distribuidoras. De acordo com a análise de prováveis cenários para o próximo ano – a um Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) de R$ 290/MWh, os resultados do A-1, a postergação das bandeiras tarifárias e o possível despacho de térmicas poderão resultar em despesas adicionais de até R$ 13,1bilhões, conforme divulgou a associação nesta quinta-feira (19/12).
O diretor da Abradee, Marco Delgado, explicou que, levando em consideração que a cada R$ 1 bilhão gastos pode-se gerar um aumento de 1% a 1.2% na conta de luz, o reajuste tarifário para o próximo ano necessário para cobrir os impactos financeiros negativos para as concessionárias seria de 13%, fora a inflação. “Para 2014, se não houver uma solução para esse cenário colocado, o efeito do reajuste da conta de luz, pode ter um incremento de até 13%, somado a inflação de 6%, que chegará à 19%. Ou seja, o impacto para 2014 é da mesma magnitude que ficou para 2013, e que justificou a solução do Governo (aporte da CDE)”, ressaltou Delgado.
Conforme já havia explicado o presidente da Abradee, Nelson Leite, para o Jornal da Energia na última quarta (18),as distribuidoras já terão um déficit em 2014 de R$ 1,5 bilhão decorrentes da contratação dos 2,6GW no último leilão A-1, cujo valor da energia foi de R$ 177/MWh, sendo que na cobertura tarifária atual esse montante é reconhecido a apenas R$ 110/MWh. Outro fator que o presidente também acrescentou foi com relação à exposição involuntária dos outros 60% que ficaram descontratados. Essa energia que deverá ser comprada no mercado livre ao valor do Preço Liquido da Diferença (PLD) poderá gerar um impacto de até R$ 5,4 bilhões.
Outro fator que também gerou preocupação por parte das concessionárias foi a postergação da nova metodologia de Bandeiras Tarifárias, que deveria cobrir o despacho térmico, caso haja no próximo ano. Segundo Delgado, a bandeira amarela introduz no setor cerca de R$ 400 milhões/mês, enquanto que a vermelha esse valor é de R$ 800 milhões/mês. Todavia, tudo dependerá da situação hidrológica em 2014, destacou a Abradee.
“Já colocamos o problema para o Ministro (de Minas e Energia, Edison Lobão), já tivemos reunião com o Secretário do Tesouro (Arno Augustin) e com o Diretor Geral da Aneel (Romeu Rufino). Mas essas reuniões todas foram antes do leilão A-1. Porque na época falávamos em cenários possíveis, que eram onde os leilões cobririam a descontratação total, mas a realidade é que cobriu só 40%”, afirmou Nelson Leite. Ainda de acordo com o presidente da Abradee, se esse cenário não for resolvido, poderá gerar problemas nos financiamentos também. “Porque você deteriora a capacidade de pagamento das empresas”, explicou Leite.
Para a Abradee, em 2013 as tarifas ficaram no patamar razoável porque houve o aporte do Tesouro na conta de Desenvolvimento Energético (CDE). “Se não tivesse acontecido esse aporte, todos os consumidores teriam tido reajustes em valores muito maiores”, finalizou Nelson Leite.
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