Exigências finais do BNDES para fabricantes eólicos devem ser fechadas em novembro
Empresas já começaram a receber o documento com as novas regras impostas pelo banco de fomento
Por Fabíola Binas
O impasse entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e alguns fabricantes eólicos que tiveram o cadastro suspenso temporariamente do Finame pode terminar dentro de um mês. Desde que o banco tirou da lista de financiamento seis empresas, sob o argumento de que elas deveriam garantir um conteúdo local maior, rumores de que as regras ficariam ainda mais rígidas tomaram conta do setor.Enquanto o BNDES considerava que essas condições sempre foram claras à indústria, os fabricantes eólicos colocavam que o banco de fomento “mudou as regras no meio do jogo”, o que estaria dificultando a adaptação as normas de nacionalização para o setor. “Está praticamente fechado, os fabricantes estão sendo contatados e a conclusão da questão está muito próxima”, disse uma fonte ligada ao banco.Ainda reticentes em comentar o assunto, o setor segue na mesma linha do que foi comentado pela fonte. “Parece que o BNDES trabalhou nesses novos critérios, tendo mandado uma carta para cada fabricante, que ainda estão recebendo o documento”, explicou a presidente-executiva da Abeeólica, Elbia Melo, que disse ainda não ter conhecimento do conteúdo da carta.A suspensão dos cadastros assustou o setor, já que dos mais de 6,5GW em parques eólicos contratados nos leilões desde 2009, cerca de 2GW, tinham equipamentos firmados com as empresas que tiveram problemas com o cadastro no BNDES. Coforme analisa a executiva, o adiamento dos leilões deu um fôlego maior aos fabricantes e donos de projetos. “Como o leilão foi remarcado para dezembro e eles pretendiam resolver isso antes do certame, acabaram ganhando fôlego para isso” , falou Elbia.Para a Abeeólica o processo está andando. Contatado pela reportagem, o presidente da indiana Suzlon, Arthur Lavieri, confirmou ter ficado sabendo que o documento com as novas regras está pronto. "A qualquer minuto deve chegar em nossas mãos para análise, bem como nas dos outros fabricantes", afirmou. Em relação ao novo jogo de regras, ele também acredita que o adiamento dos leilões "ajudou o mercado a respirar".Há cerca de dois meses, o executivo chegou a estimar a perda de 456MW em negócios, o equivalente a R$1,2 bilhão, por conta da suspensão do cadastro da Suzlon. A empresa já havia investido R$1 milhão para a duplicar sua unidade fabril de hubs no Ceará, além de ter gasto outros R$ 500 mil para se adaptar às exigências feitas pelo BNDES. Na época ele chegou a comentar que a empresa “não estava brincando no Brasil” e estava fazendo o possível para garantir seus negócios locais. Agora, a Suzlon passou por uma nova vistoria e aguarda o resultado por parte do banco.Fonte ligada ao setor calculou que o processo entre o recebimento das regras pelos fabricantes, incluindo conversas a respeito sobre o assunto, pode durar até novembro, um mês antes do leilão A-3, dando tempo hábil para formalização e para o setor "arrumar a casa".Conforme adiantou o Jornal da Energia, entre as empresas que tiveram problemas no cadastro, a Clipper tinha a intenção de deixar o país, o que foi confirmado e a alemã Fuhrlander estaria com um pouco mais de dificuldade em se recolocar. Um mês depois, a companhia abriu um pedido de concordata na Alemanha, porém continua na tentativa de honrar seus compromissos. Estão no páreo para voltar a Suzlon, a dinamarquesa Vestas, a alemã Siemens e a espanhola Acciona, o que deve se desenrolar até o final do ano.
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